Augusto dos Anjos
I
Das nebulosas em que te emaranhas
Levanta-te, alma, e dize-me, afinal,
Qual é, na natureza espiritual,
A significação dessas montanhas!
Quem não vê nas graníticas entranhas
A subjetividade ascensional
Paralisada e estrangulada, mal
Quis erguer-se a cumeadas tamanhas?
Ah, Nesse anelo trágico de altura
Não serão as montanhas, porventura,
Estacionadas, ingremes, assim,
Por um abortamento de mecânica,
A representação ainda inorgânica
De tudo aquilo que parou em mim?!
II
Agora, oh! deslumbrada alma, percruta
O puerpério geológico interior,
De onde rebenta, em contrações de dor,
Toda a sublevação da crusta hirsuta!
No curso inquieto da terráquea luta
Quantos desejos férvidos de amor
Não dormem recalcados, sob o horror
Dessas agregações de pedra bruta?!
Como nesses relevos orográficos,
Inacessíveis aos humanos tráficos
Onde sóis, em semente, amam jazer.
Quem sabe, alma, se o que ainda não existe
Não vive em gérmen no agregado triste
Da síntese sombria do meu Ser?!
I
Das nebulosas em que te emaranhas
Levanta-te, alma, e dize-me, afinal,
Qual é, na natureza espiritual,
A significação dessas montanhas!
Quem não vê nas graníticas entranhas
A subjetividade ascensional
Paralisada e estrangulada, mal
Quis erguer-se a cumeadas tamanhas?
Ah, Nesse anelo trágico de altura
Não serão as montanhas, porventura,
Estacionadas, ingremes, assim,
Por um abortamento de mecânica,
A representação ainda inorgânica
De tudo aquilo que parou em mim?!
II
Agora, oh! deslumbrada alma, percruta
O puerpério geológico interior,
De onde rebenta, em contrações de dor,
Toda a sublevação da crusta hirsuta!
No curso inquieto da terráquea luta
Quantos desejos férvidos de amor
Não dormem recalcados, sob o horror
Dessas agregações de pedra bruta?!
Como nesses relevos orográficos,
Inacessíveis aos humanos tráficos
Onde sóis, em semente, amam jazer.
Quem sabe, alma, se o que ainda não existe
Não vive em gérmen no agregado triste
Da síntese sombria do meu Ser?!
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