domingo, 30 de setembro de 2012

Benefícios da dúvida

As informações sobre Tomé encerram os comentários a respeito do Colégio Apostolar de Jesus e por isso colocamos um ponto em nossas digressões vivenciais no tocante às respectivas abordagens suscitadas pelas leituras do módulo do EADE. Desse modo, a última conversa, versando acerca das dúvidas que por vezes nos assaltam, também envolveu necessariamente a questão da fé, como contraponto à atitude/condição do apóstolo que questionou a veracidade da ressurreição do Cristo. Nesta atividade, além dos coordenadores Francisco e Maria Luiz, cooperaram Railza, Fernando, Marilene, Isabel, Fernanda, Acely - retornando de uma pausa forçada por uma enfermidade -, Egnaldo, Valquíria, Jaciara - que trouxe a filha, Luciana -, Roberto e Marilda.
O trabalho começou, logo após a prece, antecedida por um minuto de proveitoso silêncio, com a citação destes versos da famosa oração atribuída ao místico italiano Giovanni Bernardone, que passou à história hagiográfica como Francisco de Assis: "Onde houver dúvida, que eu leve a fé". Em seguida teve lugar uma explanação balizando nossa capacidade de duvidar dos informes relativos à realidade espiritual, isto é, nossa condição mais íntima, com o exemplo de Tomé. Ora, Jesus, ressuscitado dá testemunho da vida espiritual independente da matéria. Tomé duvidou disso, o que em suma significa duvidar de si mesmo, porquanto cada homem na Terra é um Espírito (re)encarnado... Sendo assim, inevitável foi propor esta pergunta: "Eu ainda duvido?".
Observemos os comentários.k
Egnaldo, tomando a palavra, refere os avanços tecnológicos da atualidade afirmando que no passado qualquer um duvidaria que pudessem ser possível aparelhinhos que encurtassem as distâncias e mostrassem com precisão a localização de alguém... Marilene começou questionando a si própria: "O que preciso fazer para avançar nessa mudança?", ponderando que não desconhece nem nega sua realidade/condição espiritual; "contudo, sofro muitas decepções e me imponho uma postura que não gostaria de ter: quando o outro não atende às minhas expectativas, essa postura de não aceitação atrasa meu caminhar..."
"O trabalho não é só aqui" (na casa espírita), disse Valquíria, salientando que em toda parte somos intuídos para as tarefas de crescimento espiritual, pelo diálogo com os outros, através de leituras edificantes e da participação em eventos informativos relacionados à atividade da alma; no entanto, observou, "as pequenas coisas do dia a dia nos causam perturbação; ainda estou buscando o equilíbrio para a boa convivência, pois algumas coisas no outro ainda me irritam..." E Egnaldo, voltando ao pensamento futurista, declarou que os Espíritos que chegam na condição de nossos netos - e já somos quase todos avós no Grupo -  fazem-nos perceber que o futuro chegou e com isso mudamos nossa capacidade de ver a nós mesmos...
Railza também começou fazendo um relato dos avanços da Ciência e declarou, conforme anúncio científico, que brevemente estaremos nos comunicando telepaticamente, abdicando do esforço físico que se faz para falar. Quanto ao tema em estudo, ela trouxe a colaboração de Pastorino, segundo quem Tomé não duvidou da ressurreição por mera incredulidade, mas por espírito investigativo, comprovando a veracidade do fenômeno promovido pelo Cristo. Tal comportamento, disse Railza, contraria a ideia de que o outro seja uma cruz (*): "Ainda não nos conhecemos; desencarnamos e reencarnamos nesse processo de busca por nós mesmos", afirmou, acrescentando ser ela própria um "exemplo do que não se deveria fazer, porque faço o errado, falo mal do outro, embora saiba ajudar". Ela reconhece que deve ser mais paciente, sem ser complacente consigo própria, porque, "se o jugo é suave, como diz o Evangelho, cada um administra sua cruz"...

(*) A companheira se referia à intervenção da Coordenação no comentário de Marilene, argumentando que, conforme o critério estabelecido por Jesus para o seguirmos, é necessário tomar a própria cruz e renunciar a si mesmo, como tarefa individual em meio à convivência com os semelhantes, de modo que, pelo pensamento da Coordenação, o outro seria essa cruz; não, porém, a do martírio, mas a da libertação, ao nos dar a possibilidade de, trazendo-nos resistência e sofrimento, passarmos à etapa seguinte da experiência evolutiva ("...Pois em verdade vos digo que não saireis daí até pagardes o último ceitil...")

Falando em seguida, Isabel afirmou que quando se está equilibrado fica fácil suportar o outro, pensamento este aproveitado por Marilene, afirmando precisar do outro para seu crescimento, posto que os companheiros de caminhada são instrumentos de aperfeiçoamento. Mais tarde ela falaria da necessidade de auto afirmação, ponderando que devemos acreditar que conseguimos as coisas; disse que, um dia, quando se sentia especialmente cansada da semana estafante, saindo para o emprego, pensou que gostaria de uma carona que a deixasse em seu local de trabalho; depois, refletindo melhor, pensou: "Gostaria, não; eu quero uma carona!". Nesse mesmo momento viu parar um carro ao seu lado, conduzido por um motorista a serviço de sua repartição, o que a levou a afirmar: "Não posso ficar na condicionalidade; poderia pensar em coincidência, mas o motorista me viu e parou! É a fé, para me fazer ver que eu posso, que podemos; geralmente pensamos que as coisas boas não vêm para nós, só a dificuldade, mas não é assim!"
Por sua vez, Acely disse ver no comportamento de Tomé a necessidade da simplicidade, seu objetivo de conquista: "Tenho espírito de cobrança, embora tenha necessidade de ser simples, tropeçando assim por segundo". Para ela, ser simples significa transcender o modo como vivemos: "As coisas se complicam porque a gente julga os outros e tenta enquadrá-los em [nossos] modelos; ora, assim como estou crescendo o outro também está; com isso a simplicidade fica comprometida, causando sofrimento". Acely disse também, contando um pouco de sua história, que, quando começou a se envolver com o Espiritismo, acreditou piamente na Doutrina, de modo que não precisa que ninguém lhe prove nada. "Só tenho dúvida quanto às minhas ações, à minha visão de vida", completou.
"Acredito que vivemos testados no dia a dia", observou Jaciara, apontando que tais testes acontecem em todo lugar: "Em casa, no trabalho... e precisamos ter fé para superar os obstáculos"; para exemplificar seu argumento, ela citou as dificuldades enfrentadas com colegas de trabalho, quando chamada para coordenar um projeto e sentiu a resistência dos subordinados; Jaciara, então, começou a
sentir a energia pesada no ambiente, não permitindo que houvesse clima para o diálogo; para dissipar tais miasmas, ela passou a fazer uso de mensagens impressas, dessas que os centros espíritas costumam distribuir aos frequentadores, reparando que os impressos sumiam invariavelmente: "Não sei se liam e levavam ou simplesmente jogavam fora", disse, salientando que deixava as mensagens numa mesa comum antes que os colegas chegassem para o trabalho; essa situação perdurou até a eclosão de um dos últimos conflitos, ocasião em que, para não perder as estribeiras, ficou cantando baixinho o hino "Quanta luz", compreendeu, por inspiração ela ela mesma que precisava se acalmar para ficar a cavaleiro daquele estado de coisas...
Após Egnaldo voltar a falar, dizendo que habitualmente somos como Tomé, condição que se modifica à medida que crescemos, foi a vez de Roberto expor sua opinião. Segundo ele, Kardec já falava que devemos ser investigativos - e passou a contar o que ouviu de um palestrante: "O homem não acredita no Espírito, mas no futuro vamos nos comunicar com os que já partiram pelo telefone celular!" (Nesse momento, a Coordenação pediu vênia para contar a experiência do escritor Coelho Neto, que pode ser lida aqui, guardando relação com o tema em estudo.) Ainda de acordo com Roberto, "o progresso vai chegando pelo esforço intelectual do homem"; mas para falar do progresso no campo moral ele citou a experiência de um conhecido seu, tido como "médium completo", mas que não se cuida como achamos que deveria; aconteceu de esse médium perceber um dia em seu campo vibratório uma certa entidade que se manifestava como "caboclo", embora o médium não lhe divisasse a imagem; instado a revelar-se, o Espírito mostrou-se "como uma palmeira"...
Acely voltou a falar de sua crença, afirmando que ante qualquer dificuldade material costuma recorrer a Deus, em prece, "e imediatamente sou atendida"; e também "tenho tido respostas para várias questões de ordem moral"; em vista dessa assistência espiritual recebida, ela inquire: "Como posso duvidar?", acrescentando que "a certeza de que tudo é transitório aumenta a fé que conforta". Valquíria também voltou à carga e igualmente reafirmou sua crença, relembrando a origem histórica do Brasil para exemplificar a vida espiritual. "Viver as coisas simples que dependem de nós", disse ela, "é ainda uma dificuldade", considerando que "do berço até hoje sou uma santa, mas minha dificuldade com o outro remonta às reencarnações, então creio!". Para Valquíria, a crença de Tomé não levasse à mudança pelo fato de ele ter duvidado do Cristo - e citou o papel das mulheres que conviveram com Jesus, que o amaram incondicionalmente...
Fernanda, embora estivesse presente, preferiu enviar a opinião dela depois, através de comentário neste blog: "A minha fé passa pela compreensão e entendi isso ao ler no ESE sobre a fé inabalável. Gosto quando não me sinto satisfeita com o meu progresso. Isso quer dizer que não me acomodei com o que consegui. Procuro analisar a minha caminhada e perceber em que mudei. Aprendi a valorizar a minha mudança, por menor que ela seja. E se me sinto insatisfeita... mãos à obra, ainda há muito trabalho a realizar".
Já perto do final da atividade Fernando, que é um dos decanos do grupo, pediu a palavra. Ele disse que ainda duvida muito: "Minha fé é vacilante, mas menos que ontem, em função do processo de crescimento, que é individual e intransferível; deixamos de duvidar naturalmente, pelo esforço empreendido ao longo da existência"; para tanto, ele frisou o auxílio indispensável do Espiritismo, embora reconheça que haja informações que não podem chegar ao homem ainda, conforme apontam os Espíritos da Codificação. "Jesus só falou o que aquele povo podia entender e hoje já recebemos bem mais", observou, considerando que o exemplo de Tomé é mais generalizado, de acordo que o que temos estudado: "Todos duvidaram", disse Fernando, referindo-se à quase totalidade dos discípulos que na hora crucial do Cristo o deixaram sozinho, assim como durante suas pregações poucos souberam compreender seus ensinamentos: "Não puderam andar sobre as águas! Tomé só explicitou a dúvida, o que não é um crime, não é desdouro; o problema é ficar sempre nesse patamar, sem procurar crescer", analisou. Para ele, ter fé é acreditar na [possibilidade de] transformação moral - "e isso exige convicção", disse, acrescentando que "os espíritas de hoje são os cristãos de ontem" e que "o medo faz-nos ter dúvida", mas "o Espiritismo me fez mudar de condição em relação ao medo".
No final da atividade, à guisa de prece, durante a qual envolvemos em vibração a companheira Isabel, que se submeteria a uma intervenção cirúrgica na semana seguinte, Acely procedeu à leitura de um trecho do livro "Paz todo dia", de Lourival Lopes, enfocando a fé que remete ao esforço individual para resultar em merecimento da cada um.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Agora é Tomé

A posição do homem comum frente às questões espirituais ainda é, em grande parte, marcada pela incredulidade. Desconfia-se ou simplesmente duvida-se da veracidade das informações provindas do Mundo dos Espíritos, ainda que tais informes sejam o mais das vezes evidentes. Diz-se que ninguém nunca voltou da morte para dizer como é do "outro lado" e foi justamente essa a postura do apóstolo Tomé, ao ser informado de que Jesus havia transposto a fronteira, retornando de entre os mortos, ressuscitado, para mais uma vez se manifestar junto aos "vivos". A dúvida acompanha até mesmo os estudiosos do Espiritismo, que se perguntam se as coisas do chamado Além são mesmo como os livros registram e como os Espíritos descrevem... Mas se é bom ter dúvidas que levem ao conhecimento da verdade, por outro lado, não é bom duvidar, desconsiderando o esforço dos Invisíveis na transmissão das notícias do plano espiritual. Eis aí o fulcro do trabalho que pretendemos apresentar neste sábado, 29 de setembro, finalizando nossas conversas acerca dos apóstolos do Cristo. Até lá.

sábado, 22 de setembro de 2012

Zeladores?

"Com que zelo você cuida de sua alma, a partir das recomendações do Cristo e das orientações da Doutrina Espírita, sabendo que, segundo Jesus, "aquele que quiser salvar sua vida perdê-la-á, mas quem a perder por amor a mim a salvará"?

Com essa proposta reunimo-nos na manhã deste sábado, 22 de setembro, Railza, Quito, Isabel, Roberto, Bia, Marilda, Carminha e os coordenadores - Francisco e Maria Luiza -, recepcionando a Primavera. Como a Casa realizava um encontro voltado para a capacitação dos médiuns, boa parte dos integrantes do "Jesus de Nazaré" faltou. Antes da prece de abertura, a Coordenação concitou os presentes a meditarem um pouco na frase "Tudo tem uma finalidade na natureza", chamando a atenção para a importância das reflexões do dia. Após a leitura do texto correspondente a Simão, o Zelote, a Coordenação fez uma breve introdução do trabalho falando sobre a necessidade dos cuidados com a alma, com a própria vida, que no Evangelho é simbolizada pelo Cristo como "a vinha do Senhor", tarefa essa que não pode ser desprezada tendo em vista o retorno à Pátria Espiritual. Para esse retorno, segundo o Cristo, não devemos levar nada conosco, posto que o que levarmos poderá impedir nossa passagem pela "porta estreita", ou seja, nossa readaptação ao mundo da verdade, sendo imprescindível, portanto, purificar os sentimentos e modificar os conceitos - muitos deles equivocados - acerca de nós mesmos, dos outros e da vida.
Railza falou em seguida, dando um depoimento bastante significativo. Disse ela que uma vez teve uma experiência de desdobramento, quando acometida por um processo alérgico que lhe provocou intoxicação; desdobrada, acreditou haver desencarnado, sendo recepcionada por alguém que a convidava a continuar sua função de professora, lecionando para uma turma muito especial, composta por antigos alunos seus, já desencarnados, todos eles envolvidos com atividades marginais quando no planeta, que afirmavam a Railza estarem se preparando para retornar; e ainda que dissesse não ter sido uma boa zeladora, nossa companheira ressaltou que experiências assim mostram, pelo menos, que não terá tanta dificuldade de readaptação quando voltar "para casa": "Sou hoje o que escolhi e zelo por mim aprendendo o que os alunos estão me ensinando", completou a professora.
"Estou começando a tomar consciência desse zelo, busco ter um cuidado maior comigo mesma", disse, por sua vez, Isabel, salientando que ainda engatinha nesse sentido; é observando as próprias atitudes como espírita que ela desperta para a necessidade de olhar-se mais profundamente, conforme explicou,  ressaltando que isso não se faz sem dor: "Mas busco uma coragem maior, principalmente com o auxílio da Doutrina", compreendendo que até então andava meio "solta"...
Esse zelo para com as coisas da alma, na opinião de Quito, é consequência do "orai e vigiai" orientados por Jesus; "Às vezes as coisas acontecem espontaneamente, mas o zelo é pertinente a orar e vigiar e por isso estou sempre atento", afirmou, reparando, porém, que sua dificuldade está em aceitar a si mesmo, como é, sem querer mudar as pessoas; conforme disse, ele trabalha com a prece e a reflexão todos os dias, mas ainda se vê egoísta, de modo que procura o zelo para si próprio e só depois incentivar o próximo...
Roberto comentou que o mais das vezes zelamos pelos nossos e se isso é feito com amorosidade, o efeito nós também experimentamos. Para justificar suas palavras, ele, que atravessa um momento de enfermidade física, relatou um episódio familiar envolvendo seu filho de apenas cinco anos de idade: "Num dia em que estive mais fragilizado, meu filho entrou no quarto e perguntou se poderia fazer alguma coisa por mim. Essas coisas emocionam a gente, então pedi que ele orasse, pedindo a Deus por mim. Então ele se afastou e ficou atrás da cortina, quietinho, e depois veio para perto, dizendo que Deus estava muito ocupado e que eu deveria esperar mais um pouco..."
Para relatar um episódio envolvendo seu marido, Marilda falou, emocionada, que esperou que outras pessoas se pronunciassem porque meditava na frase lida pela Coordenação ("Tudo na vida tem uma finalidade."); ela contou, então, que pediu a inspiração do Alto - "mas a ficha ainda não caiu" - para encontrar explicação para o acontecido, o acidente automobilístico que quase vitima seu marido e outros ocupantes do carro que ele dirigia. "Tudo acontece por um motivo", afirmou, comentando que quando tudo parece bem acontece algo que nos tira o equilíbrio; no entanto, hoje ela agradece a Deus a ocorrência, com a convicção de as coisas poderiam ser piores, a julgar pelo estado em que o carro ficou; "Mas gostaria de estar menos angustiada", afirmou, acrescentando um questionamento: "Como tenho cuidado de minha alma se ainda não consigo vencer essa emoção, que acomete a cada um neste mundo?".

Aproveitando a deixa, a Coordenação contou uma história "cavalar", que pode ser lida aqui.
Depois foi a vez de Bia falar de seu zelo; segundo ela, "sei que preciso zelar mais de minha vida, minha alma... sei que tenho de fazer mais, mas sinto uma cobrança; não se deve cobrar essa transformação, que acontece aos poucos"; ela também fez um questionamento a respeito disso que chamou "cobrança": "Por que tenho de ficar dentro de um Centro Espírita o tempo todo? Não quero isso! Não quero ficar na linha de frente; quero, ao máximo, ficar na área de conforto. Algo em mim ainda não entende e não aceita o que os outros veem como necessidade..."
"Minha luta é saber de mim por min ha história", voltou a falar Isabel, revelando sua gratidão a Deus por ter o Espiritismo em sua vida, pois "a Doutrina me faz entender o que se passa comigo desde que estava no útero de minha mãe - há muito sofrimento nessa história"; segundo ela, hoje já não se pergunta mais o por que de tudo, mas para que as coisas acontecem: "Ficaria difícil se eu não procurasse entender, se não tivesse explicações", observou, acrescentando que o zelo por si mesma ainda é pequeno, mas já supera o lamento cansativo de antes; para Isabel, a Doutrina dos Espíritos é consoladora por isso, permitindo-nos que nos trabalhemos em meio às turbulências da vida física. Por essa razão, afirmou, "não posso ficar na culpa, que é o resultado do pensamento de que tudo que me acontece tem causa no que fiz no passado. Busco ficar mais alegre, encarar as coisas de outra maneira, zelando mesmo por minha integridade espiritual".

Falando em seguida, Carminha explicou ter zelado mais pelo corpo que pela alma, "talvez por causa do medo de morrer, que é muito grande; louvo quem não tem esse medo; no hospital, eu lutava para não ter que tomar remédio para dormir, com medo de morrer dormindo!" Mas foi através do zelo corporal que ela despertou, conforme disse, para o que realmente deve zelar, "para o que já posso fazer". Para colocar-se melhor, ela contou um episódio pessoal envolvendo seu marido, o qual, sabedor de sua vocação para a oratória, propôs-lhe ganhar dinheiro fazendo palestras sobre temas de sua área profissional. No entanto, sua vocação é outra, salientou: "Cuido de esclarecer as consciências", declinou, ressaltando sua condição de expositora do Espiritismo. "Mas sei que faço muito pouco por mim mesma, espiritualmente; o de que gosto mesmo é de auxiliar, especialmente às gestantes, e assim penso que ajudo a mim mesma." Referindo-se às mães das crianças atendidas na creche mantida pela Cobem, todas elas provenientes das camadas mais pobres da sociedade, Carminha disse ver essas pessoas como "gente", procurando aprender com elas, especialmente em atividades na Casa: "Tomo para mim as palavras que ouço de pessoas que não têm mais do que eu e assim tiro leite de pedra"... Ela também questionou sua condição: "Tenho o dom da fala, e o que faço com isso?", acrescentando que é difícil cuidar do espírito, mas essa dificuldade diminui enquanto se expande a consciência.

"Temos de aprender a zelar por nós mesmos, porque somos nosso próprio juiz", revelou a coordenadora Maria Luiza, que também lembrou-se do marido ao contar um episódio pessoal ocorrido no tempo em que Fernando ainda não tinha qualquer orientação religiosa e precisou recorrer aos benefícios proporcionados pelo Espiritismo. "Foi uma fase em que eu tive de parar tudo para descobrir o que realmente queria na vida, na Doutrina, na Casa...", disse ela, revelando que então envolveu-se tanto quanto o marido no labor espírita ao ponto de se sentir sobrecarregada, por desempenhar muitas funções na Cobem. Nesse sentido, ouvir as palavras do médium Divaldo Franco foi fundamental para Luiza; o famoso tribuno, numa palestra, teria dito que na Casa Espírita cada um faz somente o que tem condições de fazer, uma tarefa ou duas, contanto que faça bem feito.
E fechando a atividade, a Coordenação relembrou, especialmente referindo as palavras de Bia, que não é o Espiritismo que faz cobrança, mas alguns espíritas, porquanto a Doutrina respeita o livre arbítrio de quem quer que seja e proclama tão somente a necessidade da reforma moral das criaturas, que, segundo os Espíritos, é inadiável. Além do mais, o Espiritismo revive o Cristianismo primitivo, cuja essência é voltada para a transformação do "homem velho" no "homem novo" pelo método ensinado pelo Cristo: "Conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres"...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O zelo de Simão

Sim, chegou a vez de Simão, o Zelote, ser apresentado ao Grupo de Estudo jesus de Nazaré - e vice-versa. De acordo com o texto resumido do módulo do Estudo Aprofundado da Dourina Espírita (EADE), esse segundo Simão do Colégio Epistolar - como ninguém desconhece, o primeiro é o Simão cognominado Pedro - era também pescador mas guardava em si uma característica muito interessante para nossas abordagens: era um judeu ultranacionalista do partido dos zelotes, ou zeladores, interessado na libertação de Israel do jugo romano. Mas se juntou ao Cristo e certamente compreendeu qual era a revolução que precisava fazer. Quanto a nós, convém perguntar, na atividade deste sábado, 22 de setembro, com que zelo cuidamos de nossa alma, a partir das recomendações de Jesus e das orientações da Doutrina Espírita. Afinal, ensina-nos Jesus que "quem quiser salvar sua alma perdê-la-á"...

domingo, 16 de setembro de 2012

Sacrifícios...

Por alguma razão não muito facilmente identificável, a frequência ao grupo nesse sábado 15 de setembro esteve reduzida, justamente quando nos propomos abordar a questão do sacrifício a partir da observação sobre Tiago Maior. Além dos coordenadores - Francisco e Maria Luiza, contamos, nessa atividade, com a participação de Isabel, Quito, Egnaldo, Fernanda, Fernando, Iva, Valquíria, Edward, Magali, Carminha, Jaciara e Lígia.
Para começar, dispensamos a leitura do módulo do EADE referente aos dados biográficos de Tiago (tanto o Maior quanto o Menor) e relembramos a última postagem deste blog, enfatizando a noção de sacrifício como a santificação das atividades realizadas no plano material, assim como a opção por atitudes ou comportamento mais condigno com nossa condição espiritual, em detrimento das questões mundanas, apontando para o ensino e exemplo do Cristo a esse respeito, uma vez que o Mestre, aos 12 anos, já estava "cuidando das coisas do Pai", como fez ver a sua mãe, Maria Santíssima, quando esta, não o vendo entre seus familiares na volta a Nazaré após uma Páscoa em Jerusalém, foi encontrá-lo discutindo de igual para igual com os doutores da lei no Templo...
Desse modo, vê-se que o sacrifício não corresponde unicamente à doação da própria vida por uma causa ou por alguém - no caso, o Cristo -, mas torná-la santificada o quanto possível pelo uso responsável do livre-arbítrio. Assim, expôs-se a questão motivadora da reunião: "Estou disposto a me sacrificar também?"
Tomando a palavra, Luiza recordou a frase lapidar do Apóstolo dos Gentios, Paulo de Tarso - "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém" - para falar dos abusos da vida na matéria, aos quais devemos procurar evitar ou renunciar, enquanto Quito ponderou que, como disse Jesus, a quem mais é dado, mais será cobrado... Valquíria afirmou que muitas vezes enveredamos por caminhos contrários à nossa programação reencarnatória e por isso deixar tais coisas para estar com o Cristo é doação sacrificial; ela julgou importante considerar o exemplo de profissionais como os médicos, que são capazes de doar grande parte de seu tempo para aprender e ajudar os outros.
Contudo, Fernanda declarou que evitar os excessos não constitui sacrifício, mas obrigação. "Sacrifício", disse, "é optar pelo que é de natureza espiritual sem se desligar do mundo" - e citou como fundamento de suas palavras o tópico de O Evangelho Segundo o Espiritismo no qual Allan Kardec comenta o papel de "O homem no mundo". Ainda segundo ela, "devemos viver a vida material da maneira mais pura possível, sacrificar as alegrias da vida familiar para cumprirmos atividades religiosas, por exemplo". Iva, a esse respeito, salientou ser preciso manter a pureza na mistura, isto é, vermo-nos espíritos em meio às pessoas que se veem apenas seres humanos, aproveitando para relatar um episódio envolvendo terceiros que se utilizam do apelo do álcool para conquistar simpatizantes para as obras de caridade...
"Não é fácil", disse Isabel, "nos fazermos entender pelo outro quando optamos por um estilo de vida diferente do da maioria e por isso devemos ter cuidado para nossa convicção não virar fanatismo". Para ela, é necessário encontrar o equilíbrio conciliando os apelos da vida social com as necessidades espirituais. Mas Quito não vê tanta dificuldade assim, afirmando que "é tudo simples: é só se identificar com o Espiritismo a partir de seus três aspectos - filosófico, científico e religioso"; e referindo-se ao modo como certos integrantes agem uns junto aos outros, ressaltou que "fica ruim quando o espírita é cobrado, de forma terrorista, para vir à Casa"; para o companheiro, esse tipo de comportamento destoa da recomendação evangélica segundo a qual o que nos é dado é cobrado por nossa consciência, o que nos permite ver o que é excessivo em nossas atitudes.
Como se respondesse a Quito, e após a Coordenação ter observado que essa atitude condenada não parte da Doutrina Espírita, como o companheiro havia referido anteriormente, mas dos espíritas, Valquíria disse não ver isso como cobrança, mas como ajuda espiritual; referindo-se à colocação de Iva, ela questionou: "Será que os fins justificam os meios?", ponderando acerca do incentivo ao vício, o que afronta os princípios do Espiritismo. Carminha, porém, voltando ao tema do trabalho, revelou uma experiência "dolorosa" no Catolicismo, o qual deixou para "viver no mundo". Chegando ao conhecimento espírita, entretanto, sua consciência acerca da vida fê-la mudar a maneira de ser, compreendendo que poderia fazer tudo: "Fazer ou não fazer é questão de livre-arbítrio, escolha de cada um", aprendeu, complementando: "Mas sei de minhas responsabilidades e vou me dedicar mais para passar pela porta estreita"...
Edward, por seu turno, salientou que seu coração e sua consciência precisam estar tranquilos para que possa agir sem martírio, declarando que seu "calcanhar de Aquiles" ainda é o julgamento; como reforço de suas palavras, contou a história do fazendeiro que tinha um belo cavalo que um dia fugiu mas retornou com outros, selvagens, metaforizando várias situações que suscitaram o julgamento alheio, ao passo que o fazendeiro manteve-se indulgente, até queno final tudo se revela, mostrando a desnecessidade do julgamento, que será sempre uma ação prematura.; em razão disso, Edward perguntou: "Até que ponto posso julgar sem sentenciar?"
Em seguida, Jaciara expressou seu comentário, falando que "o compromisso é algo forte para mim, pesado e acima de mim, fazendo com que eu pense muito antes de vir à Cobem, muitas vezes". Segundo ela, a causa desse desânimo é o cansaço acumulado durante a semana de trabalho profissional. "Mas", disse, "se não venho, penso no que perdi não vindo e fica um vazio..." Já Egnaldo comentou o modo como os apóstolos do Cristo assumiram o trabalho delineado pelo Mestre e observou: "Ainda tenho muito a aprender, porque não nos transformamos da noite para o dia". Retomando a palavra, Carminha falou que o fato de vir à Cobem é de muita valia para ela, porquanto se encontra ainda "muito intransigente, intolerante...", de modo que imagina como estaria se não viesse à Casa, onde o que aprende leva para seu lar, para a convivência com o esposo, posto que os filhos já vivem a própria vida em cidades diferentes. "A Cobem é meu remédio do dia a dia", afirmou.
Iva, voltando a se expressar, explicou a dificuldade de sacrificar-se por conta da reforma espiritual, acreditando, às vezes, que o que faz é o melhor, é o bastante. Recordando a lição sobre "o sacrifício mais agradável a Deus" constante de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ela disse estar longe de poder dobrar o espírito, conforme Jesus pede, porque ainda alimenta seus defeitos, "por mais que eu queira fazer o certo", suspeitando de que "há, lá no fundo, uma coisinha a ser trabalhada"... No final, após Luiza contar um episódio pessoal vivido num dos shopping centers da cidade, a Coordenação encerrou os trabalhos narrando a história que segue, da qual se pode extrair noções de sacrifício:

"Uma ex-professora se aproximou do balcão do supermercado. Cansada, com dores no corpo, andando com dificuldade, não via a hora de ir embora. Ela então comentou com outra senhora do lado:
- Graças a Deus eu me aposentei há vários anos. Não tenho mais energia para trabalhar, para ensinar, para lecionar!
Imediatamente antes de se formar a fila do balcão ela viu um rapaz com quatro crianças e a esposa, ou namorada, grávida. A professora não pôde deixar de notar a tatuagem em seu pescoço. E ela pensou: "Hummm... Ele esteve preso."
Sua camiseta branca, calças largas e cabelo raspado levaram a professora a pensar também: "Ih, ele deve ser membro de uma gangue."
A professora tentou deixar o homem passar na sua frente:
- Você pode ir primeiro, meu filho - ofereceu.
- Não, a senhora primeiro - ele insistiu.
- Não, você está com mais gente, tem crianças, e ela está grávida... - insistiu a professora.
- Devemos respeitar os mais velhos... - disse o homem.
E, com isto, fez um gesto com a mão indicando o caminho para a mulher. Com um breve sorriso nos lábios ela mancou na frente dele. A professora que existia dentro dela não pôde desperdiçar o momento e, virando-se para ele, perguntou:
- Quem lhe ensinou boas maneiras, menino?
E o jovem respondeu:
- Foi a senhora, professora, na terceira série..."

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O maioral sacrificado

Conforme reza o texto do módulo do EADE, Tiago, irmão de João, cognominado "o Maior", foi o primeiro do grupo apostólico a morrer (excetuando-se Judas Iscariotes) e o segundo mártir do Cristianismo, após Estêvão, por ordem do rei Herodes Agripa I. Naturalmente, como convém ao nosso entendimento, ele deixou-se matar por amor ao Cristo, ou seja, pela causa do Reino dos Céus que deve ser instalado na Terra através de sua construção no coração de cada alma identificada com a Verdade. A pergunta que deve ser feita, com tal propósito, é: estou disposto a me sacrificar também? Eis a temática de nosso encontro neste sábado, 15 de setembro, dia em que se festejará um certo Pedro, dito Pedrinho...


sábado, 8 de setembro de 2012

Boanerges, uma porção deles!

Realizar atividades de autoconhecimento em meio a um feriadão é algo meio suicida, mas a gente tem de arriscar. Neste sábado, para falarmos da condição de Tiago Maior como um boanerge (o outro era seu irmão João), "um filho do trovão", o grupo esteve reduzido, como esperado. Além dos coordenadores, marcaram presença Fernanda, Fernando, Isabel, Lígia, Bia, Marilene, Jaciara, Edward, Cláudia (pela primeira vez neste ano), Waldelice, Magali e, um pouco mais tarde, Railza.
Após a leitura do tópico do EADE acerca de Tiago Maior, a Coordenação fez um breve intróito para início de conversa, tratando do império das paixões sobre nós, ao passo que temos, como adeptos do Evangelho e do Espiritismo, de considerar lições como as que Allan Kardec relaciona em sua obra que configura o aspecto religioso da Doutrina dos Espíritos, especialmente a que chama a atenção para a adoção de atitudes marcadas pela doçura e pela afabilidade.
Isabel começa a partilha. Ela relata a experiência vivida no dia anterior, quando levou o filho e outra criança para verem o desfile do Sete de Setembro e se irritou com o comportamento das pessoas que, segundo avaliou, desrespeitava o direito das crianças; nesses momentos, disse, "eu viro um boanerge mesmo!". Pensando que o episódio comportava uma colaboração, a Coordenação contou uma metáfora, a história do homem que uma noite estava sob o poste em defronte de sua casa perscrutando o chão; passa um amigo e pergunta-lhe o que faz e o homem diz-lhe que perdera sua identidade e a procurava; o amigo prontifica-se a ajudá-lo e ficam ali por vários minutos vasculhando todo o terreno sob o poste, sem nada encontrarem; cansado e impaciente, o amigo indaga: "Vem cá, foi aqui mesmo que você perdeu sua identidade?", o que o homem nega, dizendo que a perda acontecera em seu quarto; torna o amigo: "E por que você a está procurando aqui fora?", para ouvir do outro esta explicação: "Porque aqui tem luz!"
Em seguida, e dirigindo-se a Isabel, Marilene diz que a companheira está no movimento da mudança e por isso percebe a deseducação geral... Novamente a Coordenação interfere para narrar outra história - esta verídica -, dando conta de um episódio relatado por um hebeatra que, conduzindo um grupo formado por adolescentes em situação de risco social, reparou que um desses meninos não opinava quando exortado a dizer o que havia aprendido no grupo; depois de alguma insistência, o garoto resolveu partilhar suas impressões e declarou, com grande impacto, que aprendera a "suportar a delicadeza". Do mesmo jeito que a violência agride aos pacifistas, a delicadeza também ofende os violentos...
"O orgulho evidencia meu lado boanerge", salientou Fernanda, relatando um episódio pessoal ocorrido em seu ambiente de trabalho, quando "explodiu" com alguém que havia questionado sua competência na execução de certo serviço, ao que a Coordenação salientou a condição de autoridade moral do Cristo para refrear os ímpetos dos fariseus orgulhosos. Aproveitando a deixa, Jaciara ponderou que sem autoconfiança fica difícil manifestar a autoridade; ela disse que não costuma agir irrefletidamente, mas às vezes passa por "situações ridículas" devido ao medo e à insegurança, ao contrário do que observa na própria filha.
Bia ressaltou que o comportamento do outro deixa-lhe constantemente estressada e Cláudia, seguindo pelo mesmo caminho, declarou que é estressante também conviver com frequentadores da Casa Espírita, revelando que as pessoas são um teste de paciência. Como tais depoimentos parecem justificar a condição de boanerge que abrigamos ainda, a Coordenação observou ser necessário refletir acerca das próprias atitudes, e não reparando nos atos alheios.
Atento à proposta do trabalho, Fernando afirmou que "estamos distantes da condição de doçura e afabilidade" manifestas no Evangelho Segundo o Espiritismo, apontando que tais são conquistas superiores, narrando a seguir alguns episódios de sua vivência, num dos quais viu-se reconhecendo em si mesmo o comportamento "intransigente" de um companheiro de lides mediúnicas, passando então a controlar mais seus impulsos, revelando que "ainda não estou como gostaria"; de outra feita, manifestando impaciência ante certos atos praticados por uma das últimas diretorias da Cobem, recebeu um "puxão de orelhas" de um Espírito amigo que lhe "mandou" cuidar da própria vida, posto não ser ele responsável pelas ações dos outros. Luiza também narrou episódios familiares envolvendo uma de suas filhas adotivas, em quem reconhece uma boanerge pelos rompantes em relação a ela, que os recebe como teste de paciência.
Edward, ainda aludindo à autoridade de Jesus, declarou-se "marcado pelo orgulho e pelo egoísmo", estando portanto longe do Cristo, "porque não pratico tudo o que falo"... Encerrando os comentários, que serão retomados no próximo sábado, 15 de setembro, a partir da observação de uma outra característica do perfil de Tiago Maior, Fernanda salientou que quando começa a se irritar com as pessoas costuma dizer intimamente que elas estão certas, posto que "quem precisa melhorar sou eu"...


 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

O maior dos Tiagos


Tiago Maior era irmão de João, o futuro evangelista, e ambos receberam de Jesus a alcunha de Boanerges, isto é, "filhos do trovão", devida, talvez, ao tom de voz tonitroante ou ao temperamento exaltado. Para melhor aferirmos nossa própria condição perante os desafios do mundo, podemos avocar para nosso trabalho deste sábado, 8 de setembro, a segunda acepção do termo, julgando que há pessoas - alguns de nós, possivelmente - que costumam manifestar seus pontos de vista de modo a preponderar sobre os outros, movidos pelo calor das atitudes apaixonadas, principalmente quando se faz, por exemplo, a defesa do time/partido do coração em detrimento da(s) equipe(s) adversária(s)...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Tiago(s) se desdobra(m)

"Como devo proceder para ser grande no Reino dos Céus, conforme a ponderação de Jesus?"- com essa pergunta iniciamos a atividade de sábado, 1 de setembro, com a participação de Roberto, Fernanda, Egnaldo, Waldelice, Bia, Valquíria, Regia, Iva, Jaciara, Carminha, Marilda, Marilene, Fernando, Lígia e, chegando quase no fim devido ao trabalho em outro setor da Cobem, Edward, mais os coordenadores Francisco e Maria Luiza. Como anunciado previamente, começamos comentando sobre a recomendação de Jesus acerca de nossas pretensões relativas à participação no Reino dos Céus, observando que o critério para isso é o desenvolvimento da humildade através do serviço abnegado a todos aqui no mundo.
Mas para que a proposta fosse bem compreendida quisemos saber o que é de fato esse reino onde do qual o Cristo é soberano e Regina ressaltou que ele é a consciência de cada um, desde que purificada, posto que o Reino se instala em nós pela transformação moral, tornando-nos ponte para quem está ao redor. Aproveitando a deixa, ela ressaltou estar passando por um momento de purificação e por isso pede a Deus que não a deixe sucumbir, dando-lhe forças para esforçar-se e, dentre outras, conseguir frequentar o "Jesus de Nazaré", mesmo em meio às dificuldades observadas no dia a dia. Ela quer e precisa desse alimento, como disse, "porque minha fome e minha sede são grandes".
Ainda em referência ao Reino dos Céus, Egnaldo comentou que se trata de "um sonho que se tenta transformar em realidade", através de atos concretos com vistas à caridade e à fraternidade. Também a esse respeito, Carminha lembrou-nos que, neste mundo, tudo é relativo e salientou uma lição aprendida no livro Sabedoria do Evangelho, de Carlos Torres Pastorino.
Retomada a conversa de acordo com o tema proposto - a humildade como pressuposto para a posição no Reino dos Céus, Fernando colocou-se nestes termos: "A humildade é a virtude mais difícil de ser vivenciada", porque, segundo disse, o conceito espírita é totalmente diferente do que se apregoa no mundo, que observa tão somente o aspecto exterior, seja em relação aos gestos ou quanto ao vestuário. "A vivência real" da humildade é difícil, reafirmou, acrescentando que, para isso, Jesus é o modelo. E contou um episódio para exemplificar suas palavras: no tempo em que suas condições financeiras eram mais favoráveis, relutou muito em comprar um carro 0km, acreditando que isto feria seu senso de humildade; mas seu sócio insistiu tanto que ele viu-se sem alternativa e fez a aquisição; mas só compreendeu o que quer dizer humildade quando se perguntou para que lhe serviria o carro novo, vendo-se atuando ainda mais a serviço da Cobem, que na ocasião estava em processo de construção.
Valquíria, fazendo ponte com a referência de Fernando sobre o conceito mundano de humildade, louvou a necessidade do esforço intelectual para a boa compreensão da fé e das lições de Jesus. Maria Luiza, por sua vez, trouxe à baila o exemplo de vida deixado pelo benfeitor Bezerra de Menezes, patrono da Cobem, unindo, enquanto esteve na presidência da Federação Espírita Brasileira, o aspecto religioso ao da ciência, no âmbito do Espiritismo, priorizando o ensino evangélico. E Fernanda recordou a escala espírita elaborada por Allan Kardec para comentar a evolução espiritual em contraposição à aquisição de títulos acadêmicos no mundo, coisa que, para ela, não é tão importante neste momento de sua vida, por julgar, até mesmo com base em recente informação recebida de um amigo espiritual, que já realiza um aprendizado muito especial no âmbito da Doutrina.
"Se eu tivesse tudo de que sinto falta - dinheiro, poder, saúde, beleza, etc. - eu estaria perdida", comentou Marilene, revelando estar ainda muito orgulhosa e por isso distante do grau de humildade pregado por Jesus. "Eu estaria vivendo uma vida completamente divorciada daquilo que me sustenta moralmente", completou. Nesse sentido, Egnaldo relembrou antigo trabalho teatral do grupo no qual se preparava, num ambiente doméstico, uma recepção ao Cristo: a patroa deixara a empregada incumbida dos preparativos quando por diversas vezes necessitados bateram à porta e a doméstica enxotava a todos, com a desculpa de que a patroa receberia um visitante ilustre e não podia ser perturbada; mas ante a demora do Cristo, a patroa decide "telefonar" para o Céu e saber porque Jesus não vinha; a resposta foi que o Mestre havia tentado várias vezes entrar na casa, mas fora sempre impedido... E Carminha, que tinha representado a empregada naquele trabalho, fez um adendo, observando a Egnaldo: "Você pensa que eu estava representando? Eu estava sendo eu mesma!"
Waldelice aproveitou para examinar o modo como tratamos os colaboradores domésticos, frisando que a empregada não é escrava. E Iva, relatando um drama pessoal envolvendo seus irmãos, um deles hospitalizado, comentou que ainda deixamos o ego comandar nossas atitudes, por mais que nos esforcemos para domar as más inclinações, manifestando o orgulho...
Em face do exposto, e por julgar que as lições em torno principalmente de Tiago Maior oferecem muito mais possibilidades de reflexão, a Coordenação decidiu estender por pelo menos mais duas aulas a abordagem sobre esse apóstolo do Cristo, que junto com João, o Evangelista, fora cognominado de Boanerge, isto é, voz de trovão, talvez por serem ambos estourados...