sábado, 22 de setembro de 2012

Zeladores?

"Com que zelo você cuida de sua alma, a partir das recomendações do Cristo e das orientações da Doutrina Espírita, sabendo que, segundo Jesus, "aquele que quiser salvar sua vida perdê-la-á, mas quem a perder por amor a mim a salvará"?

Com essa proposta reunimo-nos na manhã deste sábado, 22 de setembro, Railza, Quito, Isabel, Roberto, Bia, Marilda, Carminha e os coordenadores - Francisco e Maria Luiza -, recepcionando a Primavera. Como a Casa realizava um encontro voltado para a capacitação dos médiuns, boa parte dos integrantes do "Jesus de Nazaré" faltou. Antes da prece de abertura, a Coordenação concitou os presentes a meditarem um pouco na frase "Tudo tem uma finalidade na natureza", chamando a atenção para a importância das reflexões do dia. Após a leitura do texto correspondente a Simão, o Zelote, a Coordenação fez uma breve introdução do trabalho falando sobre a necessidade dos cuidados com a alma, com a própria vida, que no Evangelho é simbolizada pelo Cristo como "a vinha do Senhor", tarefa essa que não pode ser desprezada tendo em vista o retorno à Pátria Espiritual. Para esse retorno, segundo o Cristo, não devemos levar nada conosco, posto que o que levarmos poderá impedir nossa passagem pela "porta estreita", ou seja, nossa readaptação ao mundo da verdade, sendo imprescindível, portanto, purificar os sentimentos e modificar os conceitos - muitos deles equivocados - acerca de nós mesmos, dos outros e da vida.
Railza falou em seguida, dando um depoimento bastante significativo. Disse ela que uma vez teve uma experiência de desdobramento, quando acometida por um processo alérgico que lhe provocou intoxicação; desdobrada, acreditou haver desencarnado, sendo recepcionada por alguém que a convidava a continuar sua função de professora, lecionando para uma turma muito especial, composta por antigos alunos seus, já desencarnados, todos eles envolvidos com atividades marginais quando no planeta, que afirmavam a Railza estarem se preparando para retornar; e ainda que dissesse não ter sido uma boa zeladora, nossa companheira ressaltou que experiências assim mostram, pelo menos, que não terá tanta dificuldade de readaptação quando voltar "para casa": "Sou hoje o que escolhi e zelo por mim aprendendo o que os alunos estão me ensinando", completou a professora.
"Estou começando a tomar consciência desse zelo, busco ter um cuidado maior comigo mesma", disse, por sua vez, Isabel, salientando que ainda engatinha nesse sentido; é observando as próprias atitudes como espírita que ela desperta para a necessidade de olhar-se mais profundamente, conforme explicou,  ressaltando que isso não se faz sem dor: "Mas busco uma coragem maior, principalmente com o auxílio da Doutrina", compreendendo que até então andava meio "solta"...
Esse zelo para com as coisas da alma, na opinião de Quito, é consequência do "orai e vigiai" orientados por Jesus; "Às vezes as coisas acontecem espontaneamente, mas o zelo é pertinente a orar e vigiar e por isso estou sempre atento", afirmou, reparando, porém, que sua dificuldade está em aceitar a si mesmo, como é, sem querer mudar as pessoas; conforme disse, ele trabalha com a prece e a reflexão todos os dias, mas ainda se vê egoísta, de modo que procura o zelo para si próprio e só depois incentivar o próximo...
Roberto comentou que o mais das vezes zelamos pelos nossos e se isso é feito com amorosidade, o efeito nós também experimentamos. Para justificar suas palavras, ele, que atravessa um momento de enfermidade física, relatou um episódio familiar envolvendo seu filho de apenas cinco anos de idade: "Num dia em que estive mais fragilizado, meu filho entrou no quarto e perguntou se poderia fazer alguma coisa por mim. Essas coisas emocionam a gente, então pedi que ele orasse, pedindo a Deus por mim. Então ele se afastou e ficou atrás da cortina, quietinho, e depois veio para perto, dizendo que Deus estava muito ocupado e que eu deveria esperar mais um pouco..."
Para relatar um episódio envolvendo seu marido, Marilda falou, emocionada, que esperou que outras pessoas se pronunciassem porque meditava na frase lida pela Coordenação ("Tudo na vida tem uma finalidade."); ela contou, então, que pediu a inspiração do Alto - "mas a ficha ainda não caiu" - para encontrar explicação para o acontecido, o acidente automobilístico que quase vitima seu marido e outros ocupantes do carro que ele dirigia. "Tudo acontece por um motivo", afirmou, comentando que quando tudo parece bem acontece algo que nos tira o equilíbrio; no entanto, hoje ela agradece a Deus a ocorrência, com a convicção de as coisas poderiam ser piores, a julgar pelo estado em que o carro ficou; "Mas gostaria de estar menos angustiada", afirmou, acrescentando um questionamento: "Como tenho cuidado de minha alma se ainda não consigo vencer essa emoção, que acomete a cada um neste mundo?".

Aproveitando a deixa, a Coordenação contou uma história "cavalar", que pode ser lida aqui.
Depois foi a vez de Bia falar de seu zelo; segundo ela, "sei que preciso zelar mais de minha vida, minha alma... sei que tenho de fazer mais, mas sinto uma cobrança; não se deve cobrar essa transformação, que acontece aos poucos"; ela também fez um questionamento a respeito disso que chamou "cobrança": "Por que tenho de ficar dentro de um Centro Espírita o tempo todo? Não quero isso! Não quero ficar na linha de frente; quero, ao máximo, ficar na área de conforto. Algo em mim ainda não entende e não aceita o que os outros veem como necessidade..."
"Minha luta é saber de mim por min ha história", voltou a falar Isabel, revelando sua gratidão a Deus por ter o Espiritismo em sua vida, pois "a Doutrina me faz entender o que se passa comigo desde que estava no útero de minha mãe - há muito sofrimento nessa história"; segundo ela, hoje já não se pergunta mais o por que de tudo, mas para que as coisas acontecem: "Ficaria difícil se eu não procurasse entender, se não tivesse explicações", observou, acrescentando que o zelo por si mesma ainda é pequeno, mas já supera o lamento cansativo de antes; para Isabel, a Doutrina dos Espíritos é consoladora por isso, permitindo-nos que nos trabalhemos em meio às turbulências da vida física. Por essa razão, afirmou, "não posso ficar na culpa, que é o resultado do pensamento de que tudo que me acontece tem causa no que fiz no passado. Busco ficar mais alegre, encarar as coisas de outra maneira, zelando mesmo por minha integridade espiritual".

Falando em seguida, Carminha explicou ter zelado mais pelo corpo que pela alma, "talvez por causa do medo de morrer, que é muito grande; louvo quem não tem esse medo; no hospital, eu lutava para não ter que tomar remédio para dormir, com medo de morrer dormindo!" Mas foi através do zelo corporal que ela despertou, conforme disse, para o que realmente deve zelar, "para o que já posso fazer". Para colocar-se melhor, ela contou um episódio pessoal envolvendo seu marido, o qual, sabedor de sua vocação para a oratória, propôs-lhe ganhar dinheiro fazendo palestras sobre temas de sua área profissional. No entanto, sua vocação é outra, salientou: "Cuido de esclarecer as consciências", declinou, ressaltando sua condição de expositora do Espiritismo. "Mas sei que faço muito pouco por mim mesma, espiritualmente; o de que gosto mesmo é de auxiliar, especialmente às gestantes, e assim penso que ajudo a mim mesma." Referindo-se às mães das crianças atendidas na creche mantida pela Cobem, todas elas provenientes das camadas mais pobres da sociedade, Carminha disse ver essas pessoas como "gente", procurando aprender com elas, especialmente em atividades na Casa: "Tomo para mim as palavras que ouço de pessoas que não têm mais do que eu e assim tiro leite de pedra"... Ela também questionou sua condição: "Tenho o dom da fala, e o que faço com isso?", acrescentando que é difícil cuidar do espírito, mas essa dificuldade diminui enquanto se expande a consciência.

"Temos de aprender a zelar por nós mesmos, porque somos nosso próprio juiz", revelou a coordenadora Maria Luiza, que também lembrou-se do marido ao contar um episódio pessoal ocorrido no tempo em que Fernando ainda não tinha qualquer orientação religiosa e precisou recorrer aos benefícios proporcionados pelo Espiritismo. "Foi uma fase em que eu tive de parar tudo para descobrir o que realmente queria na vida, na Doutrina, na Casa...", disse ela, revelando que então envolveu-se tanto quanto o marido no labor espírita ao ponto de se sentir sobrecarregada, por desempenhar muitas funções na Cobem. Nesse sentido, ouvir as palavras do médium Divaldo Franco foi fundamental para Luiza; o famoso tribuno, numa palestra, teria dito que na Casa Espírita cada um faz somente o que tem condições de fazer, uma tarefa ou duas, contanto que faça bem feito.
E fechando a atividade, a Coordenação relembrou, especialmente referindo as palavras de Bia, que não é o Espiritismo que faz cobrança, mas alguns espíritas, porquanto a Doutrina respeita o livre arbítrio de quem quer que seja e proclama tão somente a necessidade da reforma moral das criaturas, que, segundo os Espíritos, é inadiável. Além do mais, o Espiritismo revive o Cristianismo primitivo, cuja essência é voltada para a transformação do "homem velho" no "homem novo" pelo método ensinado pelo Cristo: "Conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres"...

2 comentários:

  1. Não participei do encontro do sábado passado pois estava na atividade de reciclagem para os trabalhadores do DAM.

    Mas, fazendo a minha reflexão, tenho tentado zelar de minha alma. Mas, ainda não sei se é o suficiente. Stela Diamantino nos lembrou que o Universo é escuro, não tem luz elétrica e que dependeremos de nossa luz interna quando desencarnarmos. Então, eu me preocupei... será que sou uma das 5 virgens prudentes que já adquiriu o azeite para acender sua lamparina e esperar o "noivo" chegar?

    À tarde, no cine debate também falamos sobre a morte, sobre nossa própria morte e vi que ainda não estou preparada. Ainda não acendi minha luz e isso significa que não tenho zelado pela minha alma como deveria.

    Mas, acredito que já consegui dar alguns passos nesta reencarnação que para mim é o início da redenção.

    Um abraço fraterno,

    Fernanda

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  2. Vou anotar suas palavras, Fernanda, pois elas merecem alguma reflexão...
    Abraços.

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