sábado, 29 de agosto de 2015

Bênçãos da comunhão com Deus

Houve um momento, durante a atividade realizada neste sábado, 29 de agosto, em que a chuva caiu forte do lado de fora da sala onde nos reunimos habitualmente; nesse momento, acontecia uma acalorada discussão no Grupo, até certo ponto fugindo à proposta do trabalho, mas mostrando com alguma clareza o quanto pedia a consigna. Mas assim que os ânimos foram asserenados a chuva passou, fazendo-nos perceber que o Céu se liga à Terra para a cooperação com o Homem, como frisava o texto do Irmão X (Humberto de Campos) no 19º. capítulo do livro Boa Nova. Participaram, além deste Coordenador, Railza, Nilza, Egnaldo, Isabel, Valquíria, Eliene, Roberto, Cristiano, Lígia, Jaciara, Waldelice e Creuza - estas últimas não puderam ficar até o final do encontro.
Após a leitura do tópico citado, a Coordenação comentou parte da atuação do Benfeitor Bezerra de Menezes quando encarnado, cognominado "o médico dos pobres" por motivos óbvios e por proclamar que o médico não tem o direito de dizer não; como patrono da Cobem, o Salão Doutrinário mantém um quadro com sua efígie sobre a seguinte frase: "Ele deixa sinais de luz por onde passa". Desse modo, a consigna utilizada para as reflexões do Grupo ficou assim: "Que sinais tenho deixado em minha passagem pela Terra para manifestar minha comunhão com Deus?".
Egnaldo começou a falar do ponto de vista da materialidade, observando a relação com a saúde física, ainda que procurasse dar um viés moral à questão, uma vez que o comportamento próprio envolve outras pessoas; para ele, "o ideal é plantar boas sementes, embora nem sempre as tenhamos". Em seguida, Roberto comentou que ser adulto e constituir família é levar essa tarefa até o fim: "Talvez eu não esteja deixando esse rastro de luz, mas acho que coopero", disse ele, falando de sua formação profissional paralelamente com sua atuação como espírita, afirmando que tem aproveitado o convite para divulgar a Doutrina nos meios de comunicação a que tem acesso, como as redes sociais.
Por sua vez, Waldelice salientou que sempre procurou fazer o bem, tendo recebido orientação materna nesse sentido; religiosa, disse que na juventude acompanhava missas e na atividade profissional primava pela responsabilidade, sendo reconhecida pelos colegas; agora, na esfera espírita, busca, segundo afirmou, ajudar o próximo e cumprir suas tarefas mesmo com sacrifício, recordando o tempo em que tinha de cuidar da genitora enferma; para ela, as críticas não importam, ante o objetivo a alcançar, razão pela qual diz tentar desenvolver suas virtudes.
Eliene garante deixar sinais positivos no trabalho profissional , atuando junto a pacientes terminais portadores de Aids e sendo por eles procurada para desabafarem; segundo informou, sente-se orientada pelos mentores espirituais nessas conversas: "Embora eu não realize nenhuma atividade na Casa Espírita, faço meu trabalho lá fora e só peço que eu seja cada vez mais iluminada". Railza declarou deixar sinais de luz, "luz de candeeiro, mas luz", disse, provocando alguma graça, acrescentando que tenta transformar seu cotidiano para não precisar rezar tanto, procurando mais servir ao outro: "Ajudo e sempre achei quem me ajudasse", disse, revelando um defeito: "Ainda julgo, mas me esforço para modificar essa condição, principalmente em relação aos companheiros da Casa".
Para Cristiano, é difícil admitir os próprios defeitos: "Quando eles se apresentam, sempre saio pela tangente", salientou, afirmando não aceitar ter o conhecimento e agir de modo contrário: "Vivo esse conflito", explicou, v endo dificuldade em se comportar de acordo com os ditames da consciência. Já Valquíria afirmou que, em suas ações, dá um passo para a frente e outro para trás: "Mas já dei um passo", observou, validando seu esforço: "Imagine se eu não fosse espírita!", observou, acrescentando que "temos de ser homens de bem pelo bem, sem nos preocuparmos com religião". Isabel também ressaltou seu defeito de julgar os outros, revelando que "na hora me sinto mal"; segundo ela, "tenho me questionado sobre isso e procuro melhorar e assim deixar mais sinais de luz em meu caminho"...

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Capítulo 19

Excepcionalmente, será a Coordenação a assumir e apresentar o trabalho deste sábado, dia 29 de agosto, abordando o capítulo 19 do livro Boa Nova (Humberto de Campos/Irmão X, pela psicografia de Chico Xavier). O indigitado capítulo, recebeu, do autor espiritual, o título de "Comunhão com Deus" e trata basicamente do significado da prece, enfocando o diálogo entre o Cristo e seu apóstolo João. Será uma oportunidade muito boa para os integrantes do "Jesus de Nazaré" avaliarmos nossa conduta na Casa Espírita e, principalmente, fora dela, quando o espírita consciente de sua condição é mais exigido. Paralelamente, em respeito à data, vamos também homenagear o benfeitor Bezerra de Menezes, uma vez que o dia 29 de agosto marca sua última encarnação entre nós.
São todos convidados.


sábado, 22 de agosto de 2015

A verdade e a fé

A atividade deste sábado, 22 de agosto, teve a participação de Egnaldo, Valquíria, Luiza, Nilza, Lígia, Regina Gomes, Railza, Eliene, Fernando, Quito, Cristiano, Roberto, Jaciara, Carminha e este coordenador-escriba. Como anunciado, iniciamos o trabalho com a leitura seguida da abordagem acerca do capítulo 10 do livro Mensagens de Saúde e de Consciência, no qual a autora espiritual Joanna de Ângelis nos concita a examinar a verdade que abraçamos como instrumento para termos acesso à Verdade maior, sem nos deixarmos perturbar pelas verdades dos outros.
Durante os comentários, falou-se das crenças próprias e alheias como verdades temporárias, em contraposição à verdade imutável, conforme o Espírito de Verdade ressalta no Cap. VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo (O Cristo Consolador), no primeiro tópico das Instruções dos Espíritos: "Venho, como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar os incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. (...)"
Também ponderou-se acerca do conhecimento da verdade pelo uso da razão, através da lógica e do bom senso, levando-se em conta que, conforme se depreende do ensino dos Espíritos Superiores, a Verdade não se mostra integralmente a todos, mas é revelada gradualmente de acordo com o amadurecimento psicológico dos homens. A esse respeito, frisou-se ainda a preciosa colaboração da Doutrina Espírita, que nos convida a mudar de opinião e de ideia a todo momento, pela simples observação de que hoje já não somos nem pensamos o mesmo que ontem, da mesma forma que amanhã estaremos numa condição diferente amanhã...

***

Chegada a hora de abordarmos a mensagem de Santo Agostinho, no item 19 das Instruções dos Espíritos referentes ao Cap. V (Bem-aventurados os aflitos) da terceira obra da Codificação espírita, sob o título de "O mal e o remédio", procedemos primeiramente à leitura do texto antes de fazermos os comentários pertinentes. Ali, o benfeitor espiritual pondera a respeito dos sofrimentos que o Espírito encarnado experimenta em sua jornada terrena, para os quais o único remédio é a fé, que nos faz enfrentar as provas da matéria com amor e resignação. Desse modo, encerramos o trabalho afirmando que nossa verdade, isto é, a verdade que nos importa admitir é a vivência da fé raciocinada para sermos úteis na obra do Cristo auxiliando o próximo em necessidade.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

De verdade...

"A verdade libertadora" é o título do décimo capítulo do livro Momentos de Saúde e de Consciência (Joanna de Ângelis, por Divaldo Franco) e estará sob nossa abordagem na reunião deste sábado, 22 de agosto. Paralelamente, também nos ocuparemos do item 19 do Cap. V de O Evangelho Segundo o Espiritismo ("Bem-aventurados os aflitos"), intitulado "O mal e o remédio", no qual o Espírito Santo Agostinho corrobora a promessa do Cristo acerca dos aflitos, dizendo serem "felizes aqueles que sofrem e que choram! Que suas almas se alegrem porque serão abençoadas por Deus". Se for este o nosso caso, teremos um bom motivo para comparecer ao encontro; se não for, nossa participação será importante para nosso aprendizado com a finalidade de emprestarmos mãos, mente e coração a Jesus para a consolação daqueles que padecem ao nosso lado...
Até lá.


domingo, 16 de agosto de 2015

Pai, papai, paizão, painho...

No início da atividade do sábado, 15 de agosto, parecia que não teríamos "quorum" para a realização da segunda e última parte do trabalho de Lígia, continuando as reflexões acerca do papel da figura paterna em nossa existência. No entanto, a sala foi enchendo e no final constatamos que somente cinco pessoas, dentre as mais assíduas, não marcaram presença, incluindo Marilene, que já teve alta hospitalar e agora se recupera em casa. Eis os participantes do dia, além deste escriba/coordenador: Carminha, Railza, Lígia, as duas Reginas - a Mendes e a Gomes, que retornou de recente viagem a Cuba -, Isabel, Roberto, Fernando, Luiza, Marlene, Marilda, Cristiano, Magali, Nilza, Jaciara, Quito e Waldelice.
Despois de explicar a estrutura e o objetivo de seu trabalho, relembrando a importância da abordagem sobre o papel da figura paterna na vida de cada ser humano, Lígia distribuiu cópias de um texto (leia abaixo) compilado de artigos dos psicólogos Carlos de Almeida Vieira, Joselaine Garcia e Verônica Esteves de Carvalho. Esse texto fundamentou a consigna - "Que frutos renderam de sua convivência com a figura paterna?" - que os integrantes do "Jesus de Nazaré" passaram a considerar, comentando após breve reflexão.
Para Fernando, ao contrário da afirmação inicial do texto, o pai é sempre primeiro, passando ele a relatar a experiência tida no sábado anterior na comemoração do Dia dos Pais na escola de sua neta, Júlia, quando teve a oportunidade de, como disse, voltar a ser criança participando dos folguedos com a menina; naquela ocasião, o companheiro salientou ter feito uma reflexão muito importante, sobre o fato de Júlia contar com alguém que cuida dela; outra coisa que Fernando quis ressaltar é que Deus (e também os Espiritos Superiores) nos vê, neste nosso momento evolutivo, como crianças, de modo que devemos nos sentir seguros dessa proteção do Alto.
Assim como Fernando, Jaciara também fugiu da proposta do trabalho e relatou o que observa com seu neto mais novo, que cresceria sem um referencial masculino não fosse seu companheiro, que preenche, segundo ela, a lacuna da função paterna junto à criança; para ela, não há dúvida de que entre eles dois há mesmo uma ligação espiritual. Já Luiza afirmou ter tido dois pais, o biológico e o marido de sua madrinha, que também lhe ensinou muitas coisas, declarando ser feliz por isso e que tenta passar esses valores para os próprios netos, principalmente no tocante à disponibilidade.
Em seguida, Railza comentou, jocosamente, que o rendimento do esforço paterno "foi a pessoa linda, maravilhosa e humilde que eu sou". Segundo ela, seu pai biológico deu-lhe o exemplo do trabalho, do respeito e da fé, "o que só aproveitei quando adulta", ocasião em que teve maturidade suficiente para compreender o que seu pai fazia e ensinava, em termos de disciplina e responsabilidade com a família, na condição de provedor. Com tudo isso, disse, ela se dispôs a criar os filhos ante a indiferença de seu marido, com a mesma dignidade aprendida com o exemplo paterno, passando esses valores também para seus alunos - "e também para os netos, quando eles chegarem", completou.
"Meu pai era a bondade em pessoa", revelou Marilda, acrescentando que sua família era numerosa: "Éramos oito filhos e mais os agregados". Seu pai, disse ela, era indulgente, não falava mal de ninguém e desculpava sempre a quem o tratasse desairosamente. E como os bons partem cedo, esse pai morreu soterrado por um desabamento num dia de forte chuva em Salvador. Por conta disso, Marilda teve no tio um segundo pai, o qual também lhe ensinou muitas coisas boas, completando a educação dela e dos irmãos, conforme ressaltou. Esse tio, disse, dava-lhe proteção, deixando enciumados os próprios filhos dele, mas era um homem rigoroso, duro mesmo, "embora tivesse muito carinho comigo". Por isso, ela afirma tentar retribuir tudo que recebeu agindo proveitosamente junto aos sobrinhos e aos alunos, porquanto não teve filhos biológicos.
Para Roberto, "do outro lado" é que se percebe o que é bom e o que é mau em cada criatura, passando a contar uma história para justificar sua afirmação e exemplificar seu caso pessoal: "Nós éramos sete irmãos e meu pai viajava muito", de modo que o genitor praticamente não morava com a família. Ainda assim, ele deixou um bom exemplo, o amor pela natureza, posto que na propriedade dele, na qual plantava muitas árvores, ninguém podia matar um animalzinho sequer, informou Roberto, acrescentando que tenta passar esse amoroso respeito pelas coisas de Deus aos próprios filhos.
Quito, por sua vez, disse não ter lembrança forte de seu pai, desencarnado quando nosso companheiro era ainda um garoto de 13 anos de idade. Ele, o pai, era engenheiro, um operário graduado da Petrobrás que se deslocava frequentemente para atender às imposições do trabalho. Por conta da ausência paterna, os 10 irmãos mais velhos de Quito é que assumiram junto a Quito a tarefa de educá-lo e assim nosso companheiro pôde selecionar o melhor de seus irmãos para compor seu caráter. Mas de seu pai, mesmo, ele afirma ter recebido a lição da caridade...
"Meu pai tinha muitas qualidades", salientou Regina Gomes, observando que seu genitor também padecia da enfermidade chamada transtorno obsessivo compulsivo (TOC), mas nem por isso ele deixou de dar exemplos positivos para os filhos: "Era muito amoroso, enquanto minha mãe era uma mulher rígida", informou ela , acrescentando que seu pai também era muito religioso e, católico, rezava o terço todos os dias, embora jamais tenha imposto sua religião aos filhos. Dentre as qualidades paternas, a companheira destacou o fato de seu pai não gostar de fofocas, de falar dos outros na ausência destes.
Ao seu turno, Waldelice narrou a história de seu nascimento e as desventuras protagonizadas pela relação entre seu pai e sua mãe, com a participação de sua avó, história essa que daria um belo romance. A citada avó, descontente com a relação entre sua filha e o namorado dela - por ser ele negro, boêmio e mulherengo -, fez tudo para separá-los, e quando essa moça, mãe de nossa companheira, engravidou e teve a criança, esta quase foi parar na "roda dos enjeitados" que a Igreja mantinha no Convento das Pupileiras. Waldelice, assim, cresceu longe da figura paterna e essa distância, aliada ao que ouvia lhe contarem sobre ele, fez nascer nela uma aversão pelo pai, que em verdade só conheceu por fotografias: "Só o conheci de fato quando minhas duas filhas estavam crescidas e ele quis conhecê-las". Para Waldelice, sua mãe foi quem lhe ensinou as lições de bondade e disciplina que hoje a caracterizam.
"Meu pai tinha só o curso primário, mas gostava de ler e era gerente de uma usina de açúcar em Sergipe", disse Carminha, acrescentando que seu pai trabalhador jamais tirou férias, dava-se bem com todo mundo e uma vez ralhou com a filha por não cumprimentar as pessoas. E quando ela teve de sair de casa para fazer o curso universitário, ele lhe pediu que honrasse o nome e fosse honesta. Por esse legado paterno, nossa companheira revela o gosto pelo trabalho e seu caráter marcado pela honestidade, pontualidade e disciplina. Ela salientou que sei pai jamais lhe bateu: "Bastava um olhar dele e eu entendia - e isso eu passei para meus filhos".
Marlene teve, segundo informou, três exemplos de pai: o biológico, o irmão mais velho e o marido; com o primeiro, um oficial da Marinha Mercante que por isso ela e os irmãos só viam uma vez por mês, aprendeu a lição da disciplina, posto que o pai era exigente e hoje ela agradece por isso, recordando que seu pai era um exímio tocador de vilão e toda noite, quando ele estava em casa, havia seresta na varanda; mas foi o irmão mais velho que efetivamente exerceu o papel de pai junto à companheira, tanto quanto sua mãe. O marido também foi significativo, "mas em relação aos filhos que eles tiveram", ponderou, afirmando que ele, hoje desencarnado, soube manifestar valores como disciplina, lealdade, compromisso e responsabilidade.
Por último, Isabel relatou o drama de sua convivência com o pai, difícil ao ponto de somente no dia em que ele desencarnou ela pôde dirigir-se à mãe e dizer que o perdoara. "O Espiritismo me ajudou a entender tudo que aconteceu entre nós", disse ela, acrescentando que "fui vítima e algoz em algum momento". Acima de tudo, conforme salientou, nossa companheira manifesta a seu pai biológico a gratidão por tê-la gerado, permitindo, com esse gesto, que ela viesse para a encarnação.
No final, Fernando emprestou sua voz para uma entidade espiritual amiga que fez comovedora prece emocionando a todos. Nessa oração, o Espírito fez referência à fala dos integrantes do Grupo, cada um a seu modo reverenciando a figura paterna, e nos convidou a observar o papel do Pai de amor que ampara, abençoa e protege a todos os seus filhos.

A importância da função paterna para o desenvolvimento da criança

O pai é o terceiro elemento do clássico triângulo original da vida de qualquer pessoa, aquele que vem após a fusão entre mãe e filho, ou filha. Mãe e filho compõem o primeiro par, a reunião de duas pessoas que, juntas, se confundem uma na outra e, se deixassem, gostariam de permanecer sempre assim. A mãe realiza as expectativas do bebê e o bebê se completa nela. Nascemos em condições de precária sobrevivência, daí necessitarmos do outro para existir. É uma dependência natural, que faz parte do nosso crescimento.
Acontece que, desde a Antiguidade, a figura do Pai é a evidência de alguém que pede a volta de seu lugar junto à mãe com a função primordial de separar e romper a fusão entre mãe-bebê existente inicialmente. Fazendo essa separação, a mãe pode assumir outros papéis (esposa, filha, profissional, amiga, dentre outros), tão importantes para sua identidade de mulher; e a criança, podendo ser cuidada por terceiros, vai ampliando seus horizontes diante do mundo. Ao intervir, o pai coloca limite e permite a inserção social da criança.
Do ponto de vista psicológico, função paterna são todas as contribuições e intervenções que completam a função materna (suporte físico e emocional proporcionada às crianças), independentemente de quem a cumpra. Quando se fala em função paterna, não estamos nos referindo necessariamente ao pai biológico, mas sim Àquele que de certa forma assume essa função na vida da criança, podendo ser o avô, o tio ou até mesmo a mãe.

Referências:

- Carlos de Almeida Vieira, médico, psicanalista e membro da International Psychoanalitical Association, de Londres;
- Joselaine Garcia - entrevistada pelo jornal Diário Serrano na edição de 04/08/2013;
- Verônica Esteves de Carvalho, psicóloga.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Ainda os pais...

Neste sábado, 15 de agosto, Lígia complementará seu trabalho sobre a importância da figura paterna na vida de cada um de nós, conforme o programa iniciado na semana passada. Será mais uma oportunidade para que os integrantes do "Jesus de Nazaré" possam se manifestar acerca de tema tão satisfatório e, ao mesmo tempo, angustiante, a depender do tipo de relação experimentada com nossos familiares - porque não se trata exclusivamente daquele que contribuiu biologicamente, com seus gametas masculinos, para a formação do corpo que ora ocupamos. Assim é que toda figura masculina presente em nossa  ou, na falta dela, também as femininas que de alguma forma supriram essa ausência deverão ser lembradas.
Sábado, aqui vamos nós!


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

"Meu pai é uma figura!"

Consternados pela súbita enfermidade de Marilene, que a levou ao hospital por uns dias, retirando-a momentaneamente de nosso convívio, os participantes do trabalho realizado no sábado, 8 de agosto, fizeram a seu modo a homenagem ao Dia dos Pais, durante a atividade conduzida por Lígia. Presentes estávamos Valquíria, Eliene, Magali, Roberto, Waldelice, Marlene, Regina Mendes, Cristiano, Egnaldo, Jaciara - que levou seu neto João Francisco - e este redator dublê de coordenador. Depois da explicação de Lígia acerca da tarefa, ela fez a leitura do primeiro parágrafo do tópico sobre "O parentesco corporal e o parentesco espiritual" (item 8 do Cap. XIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo) e expôs a primeira consigna: "Como percebo o papel da figura paterna na minha existência?" Mas antes de tudo a turma foi chamada a cantar a música "Pai", do cantor e compositor Fábio Jr. (letra abaixo).
Roberto optou por falar primeiro de sua condição de pai dos quatro filhos com que a Vida o presenteou. Quanto a seu genitor, ele disse que este faleceu quando ele contava 19 anos, mas a convivência ficou dificultada pelas constantes ausências do pai, de modo que sua mãe representou melhor a figura paterna em sua vida. Para Eliene, falar do pai "é falar da melhor coisa do mundo em minha existência", revelando que a natureza de seu pai era igual à dela, "que não levo desaforo pra casa"; segundo ela, o legado paterno foi o respeito que ele tinha por todos, dizendo aos filhos que "a vida é feita de partilha e divisão". Ela se emocionou ao narrar que, já espírita, não quis acompanhar a desencarnação do pai, preferindo ir ao Centro, onde uma médium junto a ela pressentiu a partida desse Espírito.
Por sua vez, Regina declarou que o papel de seu pai foi o contrário do que diz a letra da canção de Fábio Jr. - e assim ela relatou a história de sua infância marca pelas brigas entre os pais até que veio o abandono do lar pela figura paterna e por conta disso a situação familiar tornou-se bem precária e só melhorou quando ela e os irmãos cresceram e puderam rever e modificar sua relação com o pai; então Regina, conforme disse, pôde perdoar deu pai e libertar-se da mágoa. Ela também se emocionou ao contar que a gravidez da companheira de seu filho não foi a termo e não será avó no tempo esperado.
Egnaldo considerou ter tido um pai "muito simples", mas trabalhador, dinâmico: "Aprendi a pescar com ele", disse, observando que esse aprendizado continua até hoje, trazendo-lhe vantagens na criação dos três filhos. Agora, com os netos, segundo afirmou, ele recomeça a vida, acrescentando que "o pai é essencial na vida das pessoas".
"Meu pai não me largava", observou Valquíria, querendo dizer com isso que seu genitor a apoiava em tudo, sendo muito presente na vida dos filhos todos e em nenhum momento permitia a tristeza. Um autêntico líder comunitário num bairro populoso de Salvador, ele registrava as etapas do desenvolvimento dos filhos e se importava com os namorados das filhas. "Com ele aprendi a me dedicar aos assuntos espiritualistas e recebi o legado da honestidade e da valorização do trabalho", ressaltou.
Já no final do trabalho, Cristiano tomou a palavra e declarou que eve dificuldades com seu pai, acreditando que isso se deveu a sua reencarnação "compulsória": "Mas depois comecei a ver o que havia de positivo nele, como a honestidade e o gosto pela leitura", disse, salientando que essa nova visão o ajudou a ser um bom pai para seus próprios filhos, procurando não repetir os padrões negativos da educação recebida ao longo de sua criação.

Pai
(Fábio Jr.)

Pai
Pode ser que daqui algum tempo
Haja tempo pra gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez

Pai
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre esses 20 ou 30
Longos anos em busca de paz

Pai
Pode crer eu tô bem, eu vou indo
Tô tentando vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer

Pai
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Pra falar de amor pra você

Pai
Senta aqui que o jantar tá mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensina esse jogo da vida
Onde vida só paga pra ver

Pai
Me perdoa essa insegurança
É que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos seus braços você fez segredo
Nos seus passos você foi mais eu

Pai
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Pra pedir pra você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar

Pai
Você foi meu herói, meu bandido
Hoje é mais muito mais que um amigo
Nem você, nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

"Você foi meu herói..."

Caberá a Lígia a realização do trabalho do próximo sábado, dia 8 de agosto, enfocando a importância da figura paterna na formação das estruturas psicológicas do ser em formação, no período infantil. Essa atividade decorre da proximidade do dia dedicado aos pais e da conversa havida no sábado anterior, graças a uma "provocação" de Railza. Assim, ao som relembrado da canção de Fábio Júnior (letra abaixo), os integrantes do Grupo serão convidados a manter contato (senti)mental com as pessoas que ao longo de seu processo de crescimento, de desenvolvimento moral e emocional, representaram a figura do pai.

Pai
(Fábio Jr.)

Pai
Pode ser que daqui algum tempo
Haja tempo pra gente ser mais
Muito mais que dois grandes amigos
Pai e filho talvez

Pai
Pode ser que daí você sinta
Qualquer coisa entre esses 20 ou 30
Longos anos em busca de paz

Pai
Pode crer eu tô bem, eu vou indo
Tô tentando vivendo e pedindo
Com loucura pra você renascer

Pai
Eu não faço questão de ser tudo
Só não quero e não vou ficar mudo
Pra falar de amor pra você

Pai
Senta aqui que o jantar tá mesa
Fala um pouco tua voz tá tão presa
Nos ensina esse jogo da vida
Onde vida só paga pra ver

Pai
Me perdoa essa insegurança
É que eu não sou mais aquela criança
Que um dia morrendo de medo
Nos seus braços você fez segredo
Nos seus passos você foi mais eu

Pai
Eu cresci e não houve outro jeito
Quero só recostar no teu peito
Pra pedir pra você ir lá em casa
E brincar de vovô com meu filho
No tapete da sala de estar

Pai
Você foi meu herói, meu bandido
Hoje é mais muito mais que um amigo
Nem você, nem ninguém tá sozinho
Você faz parte desse caminho
Que hoje eu sigo em paz

As montanhas

Augusto dos Anjos

I

Das nebulosas em que te emaranhas
Levanta-te, alma, e dize-me, afinal,
Qual é, na natureza espiritual,
A significação dessas montanhas!

Quem não vê nas graníticas entranhas
A subjetividade ascensional
Paralisada e estrangulada, mal
Quis erguer-se a cumeadas tamanhas?

Ah, Nesse anelo trágico de altura
Não serão as montanhas, porventura,
Estacionadas, ingremes, assim,

Por um abortamento de mecânica,
A representação ainda inorgânica
De tudo aquilo que parou em mim?!

II

Agora, oh! deslumbrada alma, percruta
O puerpério geológico interior,
De onde rebenta, em contrações de dor,
Toda a sublevação da crusta hirsuta!

No curso inquieto da terráquea luta
Quantos desejos férvidos de amor
Não dormem recalcados, sob o horror
Dessas agregações de pedra bruta?!

Como nesses relevos orográficos,
Inacessíveis aos humanos tráficos
Onde sóis, em semente, amam jazer.

Quem sabe, alma, se o que ainda não existe
Não vive em gérmen no agregado triste
Da síntese sombria do meu Ser?!

domingo, 2 de agosto de 2015

A montanha do materialismo

À atividade desse sábado, 1 de agosto, compareceram Carminha, Creuza, Valquíria, Railza, Isabel, Lígia, Fernando, Cristiano, Roberto, Waldelice, Isabel, Marilda, Egnaldo, Marlene, Marilene, este Coordenador, Luiza e Regina, que conduziria os trabalhos do dia. Antes disso, e porque Regina chegasse com algum atraso, Railza, pretextando um trabalho que realizará no Dia dos Pais, distribuiu um texto sobre a condição dos paterna, homenageando, disse ela, um antigo integrante do Grupo, Francisco Aguiar, já desencarnado, o qual reclamava de os pais não serem lembrados nas comemorações do "Jesus de Nazaré". Na ocasião, este escriba, Marilene, Egnaldo e a própria Railza deram depoimentos, relatando a experiência de pai ou com os pais.
O trabalho de Regina começou com um preâmbulo acerca de noções materialistas no comportamento do apóstolo Tomé, cuja fé se restringia às questões do mundo, daí sua dificuldade inicial em compreender o alcance da proposta de Jesus. Depois, ela promoveu a leitura de dois tópicos das Instruções dos Espíritos do Cap. XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo ("A fé remove montanhas"): "Fé, mãe da esperança e da caridade", assinado por José, Espírito Protetor, e "A fé divina e a fé humana", de Um Espírito Protetor. Em seguida, ela distribuiu as duas consignas para reflexões individuais e comentários posteriores: "Sua fé no Espiritismo permite remover as montanhas de sua alma?" e "Quais montanhas você ainda não conseguiu remover?"
A conversa foi aberta pela fala do Coordenador, observando que o Espiritismo nos conclama à manifestar a fé raciocinada, em contraposição à fé cega. Isso levou Creuza a questionar: "Por que fé raciocinada?" Para ela, a fé é um sentimento, algo diferente da razão. Sendo assim, disse, nós erramos ao interpretar a frase de Allan Kardec - "Fé verdadeira só o é a que encara a razão face a face em qualquer época da Humanidade." Os comentários foram se sucedendo e argumentou-se que fé é diferente de crença, de modo que esta se modifica com o tempo, ao passo que a fé se desenvolve até solidificar-se.
Também se colocou a posição da fé perante a Verdade e assim foram lembrados os exemplos do centurião Cornélio e da mulher siro-fenícia, que não eram judeus e manifestaram a condição de fé superior à dos conterrâneos do Mestre nazareno. A respeito dessa última, Creuza observou que a dela era verdadeiramente "a fé que encara a razão face a face", uma vez que o Cristo argumentava racionalmente ante os apelos sentimentais dessa mulher, e ela manteve-se firme em seu pedido.
Igualmente, falou-se dos milagres, os quais são, segundo o Espírito Protetor José afirma no ESE, "a obra da fé". A Coordenação chamou a atenção para o sentido equivocado com que nos acostumamos a reconhecer nos milagres, ou seja, o imediatismo da ação fervorosa, próprio da ansiedade humana e da falsa noção de que Deus pode derrogar suas leis sábias e perfeitas - e, por isso mesmo, imutáveis! Desse modo, precisamos compreender que o milagre não é a resposta instantânea à manifestação da fé. Nesse caminho, o milagre será muito mais a identificação de nossa capacidade de superar as adversidades, estando aí uma das principais características da fé, que é tanto humana quanto religiosa a depender da direção que lhe dermos, como bem frisou a entidade espiritual "Um Espírito Protetor".
Assim, se a fé é também humana, ela motiva as descobertas científicas e, pelo esforço de homens abnegados, vemos a contribuição da Ciência na confirmação dos postulados espíritas, porquanto Kardec, com sua antevisão e reconhecida prudência, observou, ainda no séc. XIX, que o Espiritismo caminhará passo a passo com a Ciência e se modificará naquilo que a Ciência diga que ele está errado. Como esse(s) erro(s) ainda não foram apontados, resta-nos intensificar, com a fé robustecida nos postulados da Doutrina, o propósito pelo qual o Espiritismo foi revelado aos mundo: a transformação moral de toda a Humanidade, vencendo o materialismo que nos aprisiona aos valores perecíveis, renunciando a nós mesmos, como pede o Cristo.
Quanto às montanhas que ainda não conseguimos remover, o orgulho foi lembrado como uma das principais, uma das que a fé somente com dificuldade remove com presteza, assim como nossa vaidade, ambos filhos do egoísmo que nos mantém na inferioridade moral. Segundo o filósofo Huberto Rohden, o egoísmo é a última montanha a ser derrubada em nosso panorama íntimo, conforme lembrou Carminha. Ou montanha de difícil remoção é o poder, alertou Creuza, salientando que essa condição deve ser vista como trabalho responsável e não como status, o supra-sumo da consideração dos outros, do ponto de vista institucional.
No final da atividade, Regina leu o tópico final do texto do Irmão X (Humberto de Campos) constante do capítulo "O testemunho de Tomé", no livro Boa Nova, como reforço às reflexões que fomos chamados a fazer no sentido de adequarmos nossa fé aos preceitos do Evangelho consoante as luzes da Doutrina dos Espíritos.