Realizar atividades de autoconhecimento em meio a um feriadão é algo meio suicida, mas a gente tem de arriscar. Neste sábado, para falarmos da condição de Tiago Maior como um boanerge (o outro era seu irmão João), "um filho do trovão", o grupo esteve reduzido, como esperado. Além dos coordenadores, marcaram presença Fernanda, Fernando, Isabel, Lígia, Bia, Marilene, Jaciara, Edward, Cláudia (pela primeira vez neste ano), Waldelice, Magali e, um pouco mais tarde, Railza.
Após a leitura do tópico do EADE acerca de Tiago Maior, a Coordenação fez um breve intróito para início de conversa, tratando do império das paixões sobre nós, ao passo que temos, como adeptos do Evangelho e do Espiritismo, de considerar lições como as que Allan Kardec relaciona em sua obra que configura o aspecto religioso da Doutrina dos Espíritos, especialmente a que chama a atenção para a adoção de atitudes marcadas pela doçura e pela afabilidade.
Isabel começa a partilha. Ela relata a experiência vivida no dia anterior, quando levou o filho e outra criança para verem o desfile do Sete de Setembro e se irritou com o comportamento das pessoas que, segundo avaliou, desrespeitava o direito das crianças; nesses momentos, disse, "eu viro um boanerge mesmo!". Pensando que o episódio comportava uma colaboração, a Coordenação contou uma metáfora, a história do homem que uma noite estava sob o poste em defronte de sua casa perscrutando o chão; passa um amigo e pergunta-lhe o que faz e o homem diz-lhe que perdera sua identidade e a procurava; o amigo prontifica-se a ajudá-lo e ficam ali por vários minutos vasculhando todo o terreno sob o poste, sem nada encontrarem; cansado e impaciente, o amigo indaga: "Vem cá, foi aqui mesmo que você perdeu sua identidade?", o que o homem nega, dizendo que a perda acontecera em seu quarto; torna o amigo: "E por que você a está procurando aqui fora?", para ouvir do outro esta explicação: "Porque aqui tem luz!"
Em seguida, e dirigindo-se a Isabel, Marilene diz que a companheira está no movimento da mudança e por isso percebe a deseducação geral... Novamente a Coordenação interfere para narrar outra história - esta verídica -, dando conta de um episódio relatado por um hebeatra que, conduzindo um grupo formado por adolescentes em situação de risco social, reparou que um desses meninos não opinava quando exortado a dizer o que havia aprendido no grupo; depois de alguma insistência, o garoto resolveu partilhar suas impressões e declarou, com grande impacto, que aprendera a "suportar a delicadeza". Do mesmo jeito que a violência agride aos pacifistas, a delicadeza também ofende os violentos...
"O orgulho evidencia meu lado boanerge", salientou Fernanda, relatando um episódio pessoal ocorrido em seu ambiente de trabalho, quando "explodiu" com alguém que havia questionado sua competência na execução de certo serviço, ao que a Coordenação salientou a condição de autoridade moral do Cristo para refrear os ímpetos dos fariseus orgulhosos. Aproveitando a deixa, Jaciara ponderou que sem autoconfiança fica difícil manifestar a autoridade; ela disse que não costuma agir irrefletidamente, mas às vezes passa por "situações ridículas" devido ao medo e à insegurança, ao contrário do que observa na própria filha.
Já Bia ressaltou que o comportamento do outro deixa-lhe constantemente estressada e Cláudia, seguindo pelo mesmo caminho, declarou que é estressante também conviver com frequentadores da Casa Espírita, revelando que as pessoas são um teste de paciência. Como tais depoimentos parecem justificar a condição de boanerge que abrigamos ainda, a Coordenação observou ser necessário refletir acerca das próprias atitudes, e não reparando nos atos alheios.
Atento à proposta do trabalho, Fernando afirmou que "estamos distantes da condição de doçura e afabilidade" manifestas no Evangelho Segundo o Espiritismo, apontando que tais são conquistas superiores, narrando a seguir alguns episódios de sua vivência, num dos quais viu-se reconhecendo em si mesmo o comportamento "intransigente" de um companheiro de lides mediúnicas, passando então a controlar mais seus impulsos, revelando que "ainda não estou como gostaria"; de outra feita, manifestando impaciência ante certos atos praticados por uma das últimas diretorias da Cobem, recebeu um "puxão de orelhas" de um Espírito amigo que lhe "mandou" cuidar da própria vida, posto não ser ele responsável pelas ações dos outros. Luiza também narrou episódios familiares envolvendo uma de suas filhas adotivas, em quem reconhece uma boanerge pelos rompantes em relação a ela, que os recebe como teste de paciência.
Edward, ainda aludindo à autoridade de Jesus, declarou-se "marcado pelo orgulho e pelo egoísmo", estando portanto longe do Cristo, "porque não pratico tudo o que falo"... Encerrando os comentários, que serão retomados no próximo sábado, 15 de setembro, a partir da observação de uma outra característica do perfil de Tiago Maior, Fernanda salientou que quando começa a se irritar com as pessoas costuma dizer intimamente que elas estão certas, posto que "quem precisa melhorar sou eu"...
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