domingo, 16 de setembro de 2012

Sacrifícios...

Por alguma razão não muito facilmente identificável, a frequência ao grupo nesse sábado 15 de setembro esteve reduzida, justamente quando nos propomos abordar a questão do sacrifício a partir da observação sobre Tiago Maior. Além dos coordenadores - Francisco e Maria Luiza, contamos, nessa atividade, com a participação de Isabel, Quito, Egnaldo, Fernanda, Fernando, Iva, Valquíria, Edward, Magali, Carminha, Jaciara e Lígia.
Para começar, dispensamos a leitura do módulo do EADE referente aos dados biográficos de Tiago (tanto o Maior quanto o Menor) e relembramos a última postagem deste blog, enfatizando a noção de sacrifício como a santificação das atividades realizadas no plano material, assim como a opção por atitudes ou comportamento mais condigno com nossa condição espiritual, em detrimento das questões mundanas, apontando para o ensino e exemplo do Cristo a esse respeito, uma vez que o Mestre, aos 12 anos, já estava "cuidando das coisas do Pai", como fez ver a sua mãe, Maria Santíssima, quando esta, não o vendo entre seus familiares na volta a Nazaré após uma Páscoa em Jerusalém, foi encontrá-lo discutindo de igual para igual com os doutores da lei no Templo...
Desse modo, vê-se que o sacrifício não corresponde unicamente à doação da própria vida por uma causa ou por alguém - no caso, o Cristo -, mas torná-la santificada o quanto possível pelo uso responsável do livre-arbítrio. Assim, expôs-se a questão motivadora da reunião: "Estou disposto a me sacrificar também?"
Tomando a palavra, Luiza recordou a frase lapidar do Apóstolo dos Gentios, Paulo de Tarso - "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém" - para falar dos abusos da vida na matéria, aos quais devemos procurar evitar ou renunciar, enquanto Quito ponderou que, como disse Jesus, a quem mais é dado, mais será cobrado... Valquíria afirmou que muitas vezes enveredamos por caminhos contrários à nossa programação reencarnatória e por isso deixar tais coisas para estar com o Cristo é doação sacrificial; ela julgou importante considerar o exemplo de profissionais como os médicos, que são capazes de doar grande parte de seu tempo para aprender e ajudar os outros.
Contudo, Fernanda declarou que evitar os excessos não constitui sacrifício, mas obrigação. "Sacrifício", disse, "é optar pelo que é de natureza espiritual sem se desligar do mundo" - e citou como fundamento de suas palavras o tópico de O Evangelho Segundo o Espiritismo no qual Allan Kardec comenta o papel de "O homem no mundo". Ainda segundo ela, "devemos viver a vida material da maneira mais pura possível, sacrificar as alegrias da vida familiar para cumprirmos atividades religiosas, por exemplo". Iva, a esse respeito, salientou ser preciso manter a pureza na mistura, isto é, vermo-nos espíritos em meio às pessoas que se veem apenas seres humanos, aproveitando para relatar um episódio envolvendo terceiros que se utilizam do apelo do álcool para conquistar simpatizantes para as obras de caridade...
"Não é fácil", disse Isabel, "nos fazermos entender pelo outro quando optamos por um estilo de vida diferente do da maioria e por isso devemos ter cuidado para nossa convicção não virar fanatismo". Para ela, é necessário encontrar o equilíbrio conciliando os apelos da vida social com as necessidades espirituais. Mas Quito não vê tanta dificuldade assim, afirmando que "é tudo simples: é só se identificar com o Espiritismo a partir de seus três aspectos - filosófico, científico e religioso"; e referindo-se ao modo como certos integrantes agem uns junto aos outros, ressaltou que "fica ruim quando o espírita é cobrado, de forma terrorista, para vir à Casa"; para o companheiro, esse tipo de comportamento destoa da recomendação evangélica segundo a qual o que nos é dado é cobrado por nossa consciência, o que nos permite ver o que é excessivo em nossas atitudes.
Como se respondesse a Quito, e após a Coordenação ter observado que essa atitude condenada não parte da Doutrina Espírita, como o companheiro havia referido anteriormente, mas dos espíritas, Valquíria disse não ver isso como cobrança, mas como ajuda espiritual; referindo-se à colocação de Iva, ela questionou: "Será que os fins justificam os meios?", ponderando acerca do incentivo ao vício, o que afronta os princípios do Espiritismo. Carminha, porém, voltando ao tema do trabalho, revelou uma experiência "dolorosa" no Catolicismo, o qual deixou para "viver no mundo". Chegando ao conhecimento espírita, entretanto, sua consciência acerca da vida fê-la mudar a maneira de ser, compreendendo que poderia fazer tudo: "Fazer ou não fazer é questão de livre-arbítrio, escolha de cada um", aprendeu, complementando: "Mas sei de minhas responsabilidades e vou me dedicar mais para passar pela porta estreita"...
Edward, por seu turno, salientou que seu coração e sua consciência precisam estar tranquilos para que possa agir sem martírio, declarando que seu "calcanhar de Aquiles" ainda é o julgamento; como reforço de suas palavras, contou a história do fazendeiro que tinha um belo cavalo que um dia fugiu mas retornou com outros, selvagens, metaforizando várias situações que suscitaram o julgamento alheio, ao passo que o fazendeiro manteve-se indulgente, até queno final tudo se revela, mostrando a desnecessidade do julgamento, que será sempre uma ação prematura.; em razão disso, Edward perguntou: "Até que ponto posso julgar sem sentenciar?"
Em seguida, Jaciara expressou seu comentário, falando que "o compromisso é algo forte para mim, pesado e acima de mim, fazendo com que eu pense muito antes de vir à Cobem, muitas vezes". Segundo ela, a causa desse desânimo é o cansaço acumulado durante a semana de trabalho profissional. "Mas", disse, "se não venho, penso no que perdi não vindo e fica um vazio..." Já Egnaldo comentou o modo como os apóstolos do Cristo assumiram o trabalho delineado pelo Mestre e observou: "Ainda tenho muito a aprender, porque não nos transformamos da noite para o dia". Retomando a palavra, Carminha falou que o fato de vir à Cobem é de muita valia para ela, porquanto se encontra ainda "muito intransigente, intolerante...", de modo que imagina como estaria se não viesse à Casa, onde o que aprende leva para seu lar, para a convivência com o esposo, posto que os filhos já vivem a própria vida em cidades diferentes. "A Cobem é meu remédio do dia a dia", afirmou.
Iva, voltando a se expressar, explicou a dificuldade de sacrificar-se por conta da reforma espiritual, acreditando, às vezes, que o que faz é o melhor, é o bastante. Recordando a lição sobre "o sacrifício mais agradável a Deus" constante de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ela disse estar longe de poder dobrar o espírito, conforme Jesus pede, porque ainda alimenta seus defeitos, "por mais que eu queira fazer o certo", suspeitando de que "há, lá no fundo, uma coisinha a ser trabalhada"... No final, após Luiza contar um episódio pessoal vivido num dos shopping centers da cidade, a Coordenação encerrou os trabalhos narrando a história que segue, da qual se pode extrair noções de sacrifício:

"Uma ex-professora se aproximou do balcão do supermercado. Cansada, com dores no corpo, andando com dificuldade, não via a hora de ir embora. Ela então comentou com outra senhora do lado:
- Graças a Deus eu me aposentei há vários anos. Não tenho mais energia para trabalhar, para ensinar, para lecionar!
Imediatamente antes de se formar a fila do balcão ela viu um rapaz com quatro crianças e a esposa, ou namorada, grávida. A professora não pôde deixar de notar a tatuagem em seu pescoço. E ela pensou: "Hummm... Ele esteve preso."
Sua camiseta branca, calças largas e cabelo raspado levaram a professora a pensar também: "Ih, ele deve ser membro de uma gangue."
A professora tentou deixar o homem passar na sua frente:
- Você pode ir primeiro, meu filho - ofereceu.
- Não, a senhora primeiro - ele insistiu.
- Não, você está com mais gente, tem crianças, e ela está grávida... - insistiu a professora.
- Devemos respeitar os mais velhos... - disse o homem.
E, com isto, fez um gesto com a mão indicando o caminho para a mulher. Com um breve sorriso nos lábios ela mancou na frente dele. A professora que existia dentro dela não pôde desperdiçar o momento e, virando-se para ele, perguntou:
- Quem lhe ensinou boas maneiras, menino?
E o jovem respondeu:
- Foi a senhora, professora, na terceira série..."

2 comentários:

  1. Parabéns, Chico. Você escreve maravilhosamente bem e expressa da melhor maneira possível o que queremos dizer. Gostaria de completar que ir à COBEM, para mim, não representa nenhum sacrifício. Pelo contrário, é fonte de alegria e prazer.

    Abraços fraternos,

    Fernanda

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  2. Continuemos nos alegrando assim, Fernanda. Abraços, e obrigado pelo elogio, que farei todo esforço necessário para merecer...

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