sábado, 25 de abril de 2015

Questões femininas mas nem tanto

Por pouco Regina Gomes não conseguiria fazer a apresentação de seu trabalho sobre o tema "A mulher e a ressurreição", constante de Boa Nova, livro ditado pelo Espírito Humberto de Campos à mediunidade de Chico Xavier. O impedimento seria a realização, na manhã deste sábado, da Assembleia convocada para votar alterações no Estatuto da Cobem, ocasião em que alguns companheiros do Grupo, especialmente a coordenadora Creuza Lage, tiveram que optar entre participar de nossas atividades ou do evento proposto pela Diretoria da Casa. Assim, estivemos presentes ao trabalho, além da própria Regina, Iva, Cristiano, Eliene, Roberto, Quito, Egnaldo, Maria Luiza, Fernando, Jaciara, Isabel, Ilca, Regina Mendes e o coordenador Francisco, este que vos fala.
A atividade consistiu em dividir a turma em quatro subgrupos, a cada um dos quais foi entregue cópia do texto em estudo e, depois, trechos da lição com a respectiva consigna. O primeiro subgrupo foi formado por Ilca, Quito e Iva; o segundo, por Luiza, Roberto e Egnaldo - Regina Mendes se juntaria a eles mais tarde; já o terceiro era composto por Eliene, Cristiano e Fernando, enquanto o último teve Isabel, Jaciara e Francisco. Após a leitura e comentários referentes às consignas, foi aberta a partilha, quando os integrantes dos subgrupos se manifestaram.
O primeiro subgrupo se ocupou do trecho que trata da questão do adultério, razão pela qual a consigna pedia se justificasse a afirmação de que a condição da mulher adúltera é, hoje, diferente da dos tempos apostólicos. A esse respeito, Ilca observou que o preconceito ainda existe, apesar das demonstrações de força da mulher moderna perante as condições impostas pelo machismo. Segundo ela, "há coisas piores que o adultério", acrescentando que traições acontecem até pelo pensamento e que a mulher precisa se valorizar. Também a esse respeito, Iva salientou não sermos perfeitos e que o adultério não é só o ato físico, porquanto no pensamento está sua gênese.
Coube ao segundo subgrupo abordar a falsa noção de que a mulher é sofredora enquanto o homem padece de fraqueza moral, ao passo que a lição de Humberto de Campos afirma que tais condições não são prioridade de um sexo ou de outro, de modo que se questionou por que se aceita ainda esse discurso. Segundo Egnaldo, somos todos iguais perante a lei e assim tanto o homem quanto a mulher são responsáveis por seus atos. Já Roberto considerou que a condição espiritual influi no componente sexual, por isso temos de experimentar como homem e como mulher, sofrendo na carne o efeito desse embate. Regina Mendes, por seu turno, voltou à questão do adultério e frisou ser este um problema de foro íntimo: "As leis são cruas, claras e objetivas", observou, reparando que, na prática, todos - homens e mulheres - têm vertentes específicas que os levam a decisões próprias.
Fernando, falando primeiro pelo terceiro subgrupo, revelou qual seu entendimento sobre esta assertiva: "Por isso, as mulheres mais desventuradas ainda possuem no coração o gérmen divino, para a redenção da humanidade inteira". Segundo ele. o que caracteriza a mulher é o sentimento, salientando que a situação, hoje, ainda é a mesma da época de Jesus, no campo moral, em relação à mulher, que se vê desprezada e tenta ser igual ao homem, querendo superá-lo, mas mostra-se fazendo "coisas piores"; o companheiro afirmou também que o adultério foi uma circunstância aproveitada pelo Mestre para dar uma lição aos homens. Eliene, por sua vez, reafirmou a fala de Jesus nesse capítulo de Boa Nova, dizendo que não é a mulher que erra sozinha, mas o homem é que lhe destrói a vida...
Isabel fez o resumo do quarto subgrupo, que abordou a solidão dos homens após o episódio do Calvário, quando "a lembrança do Messias ficava relegada a plano inferior, olvidada sua exemplificação e a grandeza de seus ensinamentos", conforme o texto de Humberto de Campos, para quem somente as mulheres não deixavam soçobrar o barco da fé. Isso deu motivo para se perguntar:  "Onde você busca fé semelhante à daquelas mulheres quando a situação periclita?" A companheira assegurou que em momentos assim perdemos o equilíbrio no primeiro instante, mas depois, lembrados de Deus, manifestamos a fé, recuperando a sensatez, para o que o Espiritismo ajuda muito.
No final da atividade, o coordenador Francisco narrou a explicação que o Espírito Augusto Cezar deu, através do médium Chico Xavier, sobre o feminismo. A história original é repetida a seguir:

Pergunta-me você o que seja feminismo, talvez supervalorizando a minha capacidade de resposta.
O assunto, no entanto, me faz lembrar uma história, aliás, repetida por vários cronistas, interessados nas tradições populares.
Dou-lhe esta explicação para que você não me considere plagiário com adjetivos jocosos e zombeteiros.
Conta-se que Jesus, acompanhado por alguns discípulos, seguia, dos arredores de Jerusalém, demandando a cidade de Jericó. O Mestre alterara o plano de excursão, através de muitas veredas, a fim de visitar necessitados e doentes.
Em dado instante, o grupo não soube acertar com o verdadeiro caminho e apareceu acalorada troca de opiniões.
Nisso, salientou-se, não longe, a figura de um viandante cuja presença pareceu providencial aos companheiros da Boa-Nova. Notando que o desconhecido se abeirava dos circunstantes, Simão pedro barrou-lhe a frente e interpelou-o:
- Amigo, acaso poderá a sua bondade informar-nos quanto ao exato caminho para Jericó?
O desconhecido trancou a face que lhe evidenciava o descontentamento e replicou em seguida:
- Quem lhe falou que sou guia de vagabundos? Tenho mais que fazer. Não me arrisco a contato com malfeitores e ladrões. Sigam para onde quiserem...
Dito isso, afastou-se, estugando o passo, e Pedro, desapontado, dirigiu-se a Jesus, comentando:
- Mestre, viu só que insolência? Não é justo suportar desaforos! Decerto que o Céu castigará esse brutamontes, impondo-lhe a punição que faz por merecer...
O Cristo ouviu, apreensivo, e ponderou:
- Pedro, não julgue sem o conhecimento preciso... Quem será esse homem? Talvez seja um doente ou um desesperado...
A expectativa reapossava-se dos apóstolos, quando surgiu, à frente deles, bela jovem carregando um cântaro de água na cabeça. Simão Pedro adiantou-se, interpelou-a repetindo a petição que fizera ao viandante agressivo e exasperado.
- O melhor caminho para Jericó? - indagou a morra sorrindo. De imediato, depôs no chão o vaso que trazia e passou a explicar com gentileza de que modo atingiriam a cidade sem obstáculos maiores. Além disso, encorajou os apóstolos à caminhada, com expressões de encantador otimismo.
Terminado o diálogo, ei-la retomando o vaso transbordante de água límpida, seguindo estrada afora...
Simão Pedro aconchegou-se a Jesus e lhe falou com intimidade:
- Mestre, notou a diferença? O bruto que nos desconsiderou e essa menina generosa se parecem a um animal e a uma flor...
Ante o Senhor, que se fizera pensativo, Pedro insistiu:
- Senhor, qual será a recompensa que o Céu concederá a essa jovem que nos prestou um serviço tão grande?
Jesus sorriu e falou ao apóstolo em voz alta:
- Sim, Pedro, essa jovem será recompensada; e o prêmio dela será casar-se com o homem brutalizado que passou por aqui, a fim de que consiga educá-lo para Deus e para a vida.
Surpresa geral encerrou o assunto.
É isso aí, meu caro. Se a mulher nos abandonar à própria sorte, negando-se a cumprir a missão que o Céus lhe atribuiu, com certeza, nós todos, os homens vinculados ainda à Terra, estaremos perdidos...

***

(*) Psicografia de Chico Xavier inserida no livro "Fotos da vida" (lição n.° 4), ed. GEEM.

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