Novamente o amor foi a tônica das atividades realizadas neste sábado, 6 de julho, sob a condução da companheira Railza, que promoveu uma reflexão sobre a caridade e o dever. Segundo ela, caridade não é o que fazemos aos outros, mas o que os outros fazem por nós, percebamos ou não. O que fazemos é só o dever, que remonta a dívida, às nossas muitas obrigações. A caridade, ressaltou, é o amor em ação, um tom mais refinado do dever, porquanto a caridade requer compaixão, desenvolvendo-se sutilmente, num movimento natural. Ela citou o médium Divaldo Franco, para quem é "vergonhoso viver num país onde as pessoas morrem de fome", porque não cumprimos nosso dever...
O trabalho teve a participação de Isabel, Roberto, Marilda, Fernando, José Bonfim, em sua primeira aparição no Grupo este ano, Valquíria, Egnaldo, Waldelice e Quito, mais os coordenadores Francisco e Fernanda.
Após a preleção do início, Railza propôs a primeira reflexão individual, com a seguinte consigna: "Quando eu sou objeto do meu amor?", distribuindo em seguida cópias da letra da música "Deus me proteja", com compositor paraibano Chico César (ver abaixo), explicando alguns trechos do poema. A segunda consigna resumiu-se nesta frase: "Como exerço a caridade comigo mesmo?" Antes de abrir espaço para a partilha, Railza citou este pensamento do escritor cubano José Martí: "Amo meu dever mais que a mim mesmo", salientando que esse pensador explicava que o dever do homem é pensar sobre si mesmo. Ela também leu um trecho das instruções do Espírito Paulo, apóstolo, no capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo intitulado "Fora da caridade não há salvação".
Aberta a partilha, Quito foi o primeiro a falar, lembrando que "quando oramos e vigiamos fazemos caridade conosco mesmos e quando somos caridosos com o próximo fazemos o bem a nós próprios, vivenciando a lei de amor". Fernando procurou responder às perguntas consignadas afirmando que tudo isso se dá "no momento em que domo minhas más inclinações". Isabel lembrou a necessidade do discernimento em meio à caminhada, quando trilhamos entre a dor e o alívio: "Só eu sei o que acontece em mim".
Marilda, por sua vez, revelou que faz todo o bem a si mesma "quando não me permito preocupar", porque quando se preocupa não vive o momento: "Preciso me exercitar muito nisso", disse. Egnaldo manifestou-se para fazer reflexões acerca da ocupação útil do tempo. "Nunca parei para pensar que sou objeto de meu amor", observou Regina, revelando sua perplexidade ante a proposta do trabalho, acrescentando que isso se dá "quando estou em paz comigo mesma, pelo dever cumprido; mas estou sempre em luta comigo, chegando ao ponto de uma vez me rejeitar física e psicologicamente, vendo-me fugindo das situações". Com essas palavras ela comentava os tempos de recente enfermidade, quanto tentava estar em paz com os outros mas não conseguia tranquilizar-se: "Mas hoje já tenho forças para domar a fera, quando ela se apresenta - é quando entra a caridade, que nos retira do fundo do poço..."
E Waldelice declarou amar-se quando cuida de si mesma "física e espiritualmente, higienizando os pensamentos, melhorando as atitudes, sendo cristã na essência, ajudando os outros silenciosamente". Segundo ela, o trabalho caritativo em seu favor evidencia-se "quando procuro me perdoar, sem entrar na culpa e na angústia, reconhecendo os erros e procurando reverter a situação". Já Roberto observou ser preciso olhar no espelho e perguntar, numa auto análise: "Isso está certo?" Para ele, "se já aprendi, tenho de jogar no lixo o que não serve", Afinal, disse, "o que vim fazer aqui (na Terra)? Tenho de cumprir o que prometi "lá" e para isso peço aos protetores que me conduzam sempre na trilha e isso é caridade comigo mesmo".
Voltando a falar, Fernando recordou seu comportamento logo que adentrou a sala e pediu desculpas: "Minha atitude foi descaridosa, não tive condições de domar minhas más inclinações naquele momento", afirmou, em razão do descontentamento ante o que observou logo ao chegar à Cobem naquela manhã. Por seu turno, Valquíria ressaltou que "cada vez estamos mais perto de Jesus; e cada um sabe em sua consciência o que significa amar ao próximo"... Bonfim declarou que a resposta às duas questões propostas é "tendo consciência": "Reconheçamos que o amor maior é a Deus, o restante vem por acréscimo".
No fechamento do trabalho, Railza salientou que, como na carta do Louco no Tarô, o homem está sempre propenso a cair, em seu andar trôpego: "O caminho é sempre o mesmo, na busca do autoconhecimento, e sintetiza-se numa palavra: coerência", disse ela, acrescentando que a perseverança é a palavra de ordem nessa busca: "Posso me desestruturar, mas não vou desistir da vida, se sou uma expressão do hálito de Deus. As dificuldades são passageiras e devo retomar a caminhada". E, finalizando o encontro do sábado, a coordenador Francisco leu a mensagem "O chamado", de autoria da Amiga Espiritual Irmã Rafaela (mais abaixo), que guarda relação com a atividade do dia.
***
Deus me proteja
Chico César
Deus me proteja de mim
e da maldade de gente boa
da bondade da pessoa ruim [bis]
Deus me governe e guarde
ilumine e zele assim
Caminho se conhece andando
então vez em quando
é bom se perder
perdido fica perguntando
vai só procurando
e acha sem saber
Perigo é se encontrar perdido
deixar sem ter sido
não olhar, não ver
bom mesmo é ter sexto sentido
sair distraído
espalhar bem-querer
***
O chamado
Irmã Rafaela
Que tenho eu de mim para ofertar, Senhor? Por que recorres a mim? Como Pedro, não tenho ouro nem prata. Ao contrário de Paulo, não tenho o amor que supre a falta de virtudes; como Tomé, minha fé é ainda vacilante; como muitos que passaram pelo sacrifício, ainda temo...
Que tenho, Senhor, para te dar? Por que confias em mim? Eu ando por caminhos escusos, ando mesmo em trevas, mas me acenas com tua luz. Ainda trilho os caminhos da indiferença, alheio aos irmãos caídos, mas me apontas a oportunidade do serviço; ainda me vejo desatento quanto à realidade divina, mas me mostras a razão do compromisso...
Por que a mim, Senhor? Por que eu? Que tenho eu para te dar? Ao contrário de Pedro, não tenho talento para a pesca; oposto de João, a vida mística não me atrai; assim como Judas, eu também te trairia... por que me chamas, Senhor, que tenho eu para te dar?
E no entanto me chamas, Senhor, parece que confias em mim - e isto me confunde. Que vês em mim que não percebo? Será que meus erros, minha imperícia e minha incúria não te incomodam? Meu egoísmo e meu orgulho, tão grandes, não te assustam? Não sou dos teus, Senhor, e me queres mesmo assim? Por que me chamas?
Oh, compreendo! Agora compreendo...
Sim, minhas feridas, minha dor, tu as queres curar! Senhor, isto muito me comove, mas não sou digno de teu apreço... Sim, isto não te importa, pois o médico não quer saber quem é o doente, só quer ajudá-lo. Oh, Senhor, cura-me então! Eu te peço - e te dou minha enfermidade, minha alma enferma para que a cures!...
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