quarta-feira, 27 de maio de 2015

"Renunciar seria a solução..."

A frase que dá título a este relato é verso de uma música do cantor baiano do estilo "brega" Valdick Soriano, já desencarnado, lembrado pela Coordenação quando da realização do trabalho de Iva sobre o tema "Amor e renúncia", tendo por base o belo texto de Humberto de Campos (Espírito) no livro Boa Nova (psicografia de Chico Xavier). Os versos da composição citada, intitulada "A carta", se completam assim: "Renunciar seria a solução / mas não apagaria de nossas almas / cruel paixão / espero que um dia tudo se consiga / e a quem ama não seja negado / o direito de ser amado". A essa atividade compareceram a própria Iva, Creuza, Carminha, Regina Gomes, Magali, Waldelice, Valquíria, Egnaldo, Maria Luiza, Fernando, Roberto, Cristiano, Jaciara, Marlene e o coordenador, Francisco.
Primeiro, Iva procedeu à leitura do texto, no qual, segundo o autor espiritual, Jesus informa ao apóstolo Pedro em que consiste a renúncia em função da construção do Reino dos Céus no coração dos homens, enfatizando pontos importantes para o bom relacionamento interpessoal e também para o progresso espiritual, tais como os laços de afeto, a amizade, a transformação da água em vinho, a paternidade divina, a encarnação, o sentido da vida, o Calvário de cada um, o abandonar pai, mãe e filhos, fé e fidelidade, ressaltando o Mestre que "o Reino dos Céus é o tema central de nossas vidas - tudo mais é acessório". Depois, ela dividiu a turma em três subgrupos, para a discussão das três consignas.
Assim, o primeiro subgrupo, composto por Creuza, Carminha, Waldelice, Marlene e Valquíria, ocupou-se desta interrogação: "Você se considera um fiel discípulo de Jesus?"; a segunda equipe, formada por Magali, Luiza, Jaciara e Roberto, tratou desta questão: "Você já consegue obedecer ou cumprir a vontade de Deus?"; por fim, o terceiro grupo, integrado por Regina, Fernando, Egnaldo e Cristiano, cuidou de responder a esta pergunta: "Em que condições você manifesta a renúncia?" Aberta a partilha, obtivemos os seguintes comentários, a começar pelos participantes do primeiro grupo.
Segundo Carminha, sim, ela se considera um fiel discípulo do Cristo, por conta de seus esforços, "apesar das contingências da vida". Valquíria, contudo, ficou em dúvida: "Sou discípulo, mas não sei se sou fiel, porque quando estou aborrecida essas qualidades - a fidelidade e a renúncia - desaparecem, apesar de todo esforço". Waldelice foi ponderada tanto quanto Carminha, dizendo-se também ser uma discípula, "mas sem essa fidelidade toda, pois para isso ainda preciso ralar muito". Mas Creuza foi taxativa, embora com algumas reservas: "Sou fiel discípula na medida do possível, procurando colocar o poder de Deus acima de todas as coisas: amo os filhos, a família, os amigos, mas coloco as tarefas espirituais acima de tudo", disse.
Pelo segundo subgrupo, a primazia da fala coube a Roberto, que em resposta à questão que lhes competiu declarou cumprir muito pouco da vontade de Deus, "porque a interação com os outros perturba um pouco, mas temos de nos equilibrar, caminhando com firmeza, porque amanhã é um outro dia", afirmou acrescentando que já consegue ver o que é certo, o que deve fazer, "mas...". Falando em seguida, Jaciara disse conseguir essa correspondência quando entende as próprias dificuldades e não reclama, "mas há momentos em que desobedeço", salientando que esses momentos são mais numerosos. Luiza, por sua vez, afirmou tentar cumprir as leis divinas, ressaltando que em muitas coisas, ainda pequenas,  já consegue: "Quando procuramos fazer o que é certo, tudo vai bem", completou. Já Magali revelou preocupação com os acontecimentos perturbadores da atualidade do mundo e salientou que o Evangelho responde por eles: "O reino do amor ainda não se estabeleceu na Terra", disse, acrescentando que isso se fará "quando cumprirmos a vontade de Deus, daí passarmos por todas essas agruras para o aprendizado".
Egnaldo iniciou as considerações pertinentes ao terceiro subgrupo; segundo ele, "quando se é convidado para o cumprimento dos deveres faz-se tudo"; o companheiro também afirmou que as pequenas atitudes refletem nas grandes realizações e que ele próprio tem procurado desenvolver essa renúncia em relação a muitas coisas. Mais ponderado, Fernando declarou que "não vamos renunciar como Francisco de Assis", assinalando que "a nossa (renúncia) é quanto às coisas pequenas". A seu turno, Cristiano admitiu encontrar dificuldade no contato com a renúncia, "que está nas coisas de nosso tamanho"; segundo disse, há alguma intensidade na prática do bem, "mas não conseguimos nos conectar com ela (a renúncia)", porque nos preocupamos com questões menores, mas já demonstrando "olhos de ver e ouvidos de ouvir"... Para Regina, nós agimos ainda "no automático", por isso "não conseguimos perceber nossas pequenas renúncias, como o fato de vencer os obstáculos para atender ao compromisso de vir às reuniões do Grupo"; ela salientou também que, depois que seus filhos nasceram, "nunca mais consegui cumprir horário".
A última fala coube a Marlene, por ter chegado atrasada ao encontro. Sua tarefa, sendo a mesma do primeiro subgrupo, fê-la considerar que "aqui (no Grupo) digo sim, mas ao mesmo tempo digo não, porque ainda sinto raiva, me aborreço, tenho vontade de esganar o outro; tenho essas mazelas todas para vencer, mas só depende de mim não me deixar envolver nessas situações, vivendo o Evangelho segundo me esforço".
No encerramento, a Coordenação procurou explicar a renúncia recordando a informação de Allan Kardec sobre o inimigo do Espiritismo, o materialismo, salientando que é a esse empecilho que renunciar, manifestando a consciência de espíritos encarnados e vivendo no mundo de conformidade com essa convicção. Disse também que é daí de nos nasce o personalismo, fruto de nosso egoísmo, e o exagerado apego ao corpo físico, provocando o medo de morrer que, embora natural (instinto de sobrevivência), faz surgir, uma vez exagerado, o medo de viver, razão de muitos dramas aflitivos observados na atualidade...

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