domingo, 10 de maio de 2015

A mulher em nós

A chuva forte que caiu na cidade neste sábado, 9 de maio, provocou o atraso na realização do trabalho do "Jesus de Nazaré", mas as pessoas foram chegando aos poucos e no final o registro de ausências foi baixo. A atividade, sob a condução de Regina Gomes e participação de Fernando, sobre "A mulher e a ressurreição", contou com a presença também de Carminha, Luiza, Isabel, Waldelice, magali, Valquíria, Quito, Roberto, Jaciara, Regina Mendes, Iva e Eliene, mais os coordenadores Francisco e Creuza. Esta última, por sinal, aproveitou para "entregar" seu cargo, justificando pela impossibilidade de estar presente toda semana em nossos encontros, em decorrência de sua posição na Diretoria da Cobem, assim como na da Federação Espírita do Estado da Bahia.
Mas até que houvesse quorum, iniciamos com a leitura do texto de Boa Nova, após o que Creuza sugeriu um novo enfoque para o trabalho indagando sobre como cada frase do texto de Humberto de Campos (Espírito) nos impactou. Para ajudar nessa reflexão, Fernando distribuiu cópias de uma mensagem do Espírito Emmanuel ("A mulher ante o Cristo" reproduzida abaixo) psicografada por Chico Xavier. A cópia era ilustrada com uma imagem da freira Tereza de Calcutá, a qual, informou Fernando, foi a última encarnação de Maria de Magdala entre nós, voltando a ser um grande exemplo de abnegação e de caridade.
Foi Regina Gomes que iniciou os comentários, afirmando que a força da mulher subsiste ainda que a sociedade, reconhecidamente patriarcal, tente apagá-la de seus registros culturais: "A gente sempre vê a figura da mulher nos bastidores das realizações masculinas", disse. Creuza, no entanto, convidou a todos para vermos a mulher, tanto quanto o homem, como espírito em aprendizado na Terra e perguntou: "Como é ser um espírito-mulher?"
Então Jaciara contou que havia lido sobre a criação da mulher, um ser poderoso que tinha, entretanto, uma fraqueza: ela vazava água pelos olhos. Segundo ela, “somos testadas o tempo todo e às vezes nós mesmas queremos isso, tentando nos superar, com o desejo de nos sobrepormos aos homens. Isso dá muito trabalho”, reconheceu, salientando que, nisso, chega uma hora que o “defeito” original provoca o vazamento, por causa da sensibilidade feminina. A esse respeito, Creuza observou que essa fragilidade vista na mulher os homens também têm, “com a diferença de que eles não vazam” com tanta freqüência...
Eliene também salientou a dificuldade de o homem manifestar emoções, ao contrário da mulher que todo mês"sangra, mas não morre", ao passo que o homem ocasionalmente vai à guerra, sangra e morre. Compreendendo onde a companheira queria chegar, Creuza recordou a essência do texto de Boa Nova, ressaltando que, de acordo com a pena do Espírito Humberto de Campos, a mulher e o homem são iguais perante Deus.
Chegando sua vez, Valquíria riu e provocou risos ao comentar que os integrantes do Grupo somos privilegiados, porque há poucos homens e as mulheres apresentam, pela emoção, as características masculinas. E deu-se como exemplo, explicando que nada tem da dona de casa, embora se esmere na condição de esposa, mãe e avó: “Evoluímos muito mais que os homens nesse aspecto”, disse, apontando a trajetória cultural e espiritual da mulher.
E como os comentários seguintes saíssem do contexto do trabalho, a Coordenação voltou a ponderar acerca da missão santificadora da mulher perante a renovação da vida, porquanto é através dela que os Espíritos vêm ao mundo físico a fim de realizarem esforços com vistas à própria redenção. Então Luiza observou que, na família, a mulher tem muitas vezes de assumir a liderança, sem com isso diminuir a condição do homem.
Conforme o planejamento desse trabalho, Fernando teria os 15 minutos finais do encontro para seu pronunciamento e ele começou dizendo não ser o “Jesus de Nazaré” um grupo para literatos e exímios intérpretes da Doutrina Espírita, mas um grupo de vivência evangélica, o que propiciou, para ele, a mudança de conceito em relação à mulher, que via, segundo declarou, do modo como Emmanuel grafou na abertura de sua mensagem (ver abaixo).
“Eu não valorizava a mulher”, ressaltou, acrescentando que só reconhecia para a condição feminina os cuidados com a casa, com os filhos e sua participação na alcova do casal. Mas a vida se encarregou de abrir-lhe os olhos de forma bem dolorosa e assim nosso companheiro, buscando socorro na Cobem, encontrou as dirigentes Noélia e Sheila, cujo comportamento o fizeram modificar sua visão acerca da natureza espiritual da mulher, a despeito de sua intransigência “farisaica”, segundo Sheila lhe dizia.
Numa certa ocasião, um antigo companheiro deixou-se levar pela exasperação durante um diálogo com Sheila e isso fez Fernando perceber que procedia de igual modo, passando a se esforçar para modificar seus ímpetos. Hoje, disse, “já consigo ver, respeitar e aceitar a mulher” em posição de destaque na sociedade, oferecendo o exemplo da psiquiatra suíço-americana Elizabeth Kubler-Ross, pioneira nos estudos sobre a condição de pacientes em estado terminal e experiências de quase-morte.
Depois, Iva, falando resumidamente, agradeceu ter conhecido o Espiritismo na Cobem e em seguida Isabel procedeu à prece de encerramento, pedindo o amparo celestial a todas as mulheres, especialmente aqueles que sofrem por seus filhos guindados à marginalidade e entregues ao vício das drogas, as quais neste domingo não terão um feliz Dia das Mães...

***

A mulher ante o Cristo

Toda vez nos disponhamos a considerar a mulher em plano inferior, lembremo-nos dela, ao tempo de Jesus...
Há vinte séculos, com exceção das patrícias do Império, quase todas as companheiras do povo, na maioria das circunstâncias, sofriam extrema abjeção, convertidas em alimárias de carga, quando não fossem vendidas em hasta pública.
Tocadas, porém, pelo verbo renovador do Divino Mestre, ninguém respondeu com tanta lealdade e veemência aos apelos celestiais...
Entre as que haviam descido aos vales da perturbação e da sombra, encontramos em Madalena o mais alto testemunho de soerguimento moral, das trevas para a luz; e entre as que se mantinham no monte do equilíbrio doméstico, surpreendemos em Joana de Cusa o mais nobre expoente de concurso e fidelidade.
Atraídas pelo amor puro, conduziam à presença do Senhor os aflitos e os mutilados, os doentes e as crianças. E, embora não lhe integrassem o circulo apostólico, foram elas — representadas nas filhas anônimas de Jerusalém — as únicas demonstrações de solidariedade espontânea que o visitaram, desassombradamente, sob a cruz do martírio, quando os próprios discípulos debandavam.
Mais tarde, junto aos continuadores da Boa-Nova, sustentaram-se no mesmo nível de elevação e de entendimento.
Dorcas, a costureira jopense, depois de amparada por Simão Pedro, fez-se mais ativa colaboradora da assistência aos infortunados. Febe é a mensageira da epístola de Paulo de Tarso aos romanos. Lídia, em Filipos, é a primeira mulher com suficiente coragem para transformar a própria casa em santuário do Evangelho nascituro. Lóide e Eunice, parentas de Timóteo, eram padrões morais da fé viva.
Entretanto, ainda que semelhantes heroínas não tivessem de fato existido, não podemos olvidar que, um dia, buscando alguém no mundo para exercer a necessária tutela sobre a vida preciosa do Embaixador Divino, o Supremo Poder do Universo não hesitou em recorrer à abnegada mulher, escondida num lar apagado e simples...
Humilde, ocultava a experiência dos sábios; frágil como o lírio, trazia consigo a resistência do diamante; pobre entre os pobres, carreava na própria virtude os tesouros incorruptíveis do coração, e, desvalida entre os homens, era grande e prestigiosa perante Deus.
Eis o motivo pelo qual, sempre que o raciocínio nos induza a ponderar quanto à glória do Cristo — recordando, na Terra, a grandeza de nossas próprias mães —, nós nos inclinaremos, reconhecidos e reverentes, ante a luz imarcescível da Estrela de Nazaré.

Emmanuel
(Do livro "Religião dos Espíritos", F. C. Xavier, FEB, Reunião pública de 3/8/59, Questão nº 817)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

E aí, deixe um recadinho!