segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Mundos de lá e de cá... a escolher

No trabalho de sábado, dia 2 de agosto, tivemos a alegria de receber três visitantes, os antigos companheiros Norma, hoje morando em cidade distante da Capital, mais o casal Heitor e Edilan, também residente no interior da Bahia, embora mais próximos de Salvador. Além deles e do coordenador Francisco (Creuza atendia a compromissos assumidos junto à Federação Espírita do Estado da Bahia), compareceram também os companheiros Carminha, Waldelice, Isabel, Luiza, Marilda, que conduziria as atividades da manhã, Iva, Eliene, Nilza, Bonfim, Roberto, Jaciara, Fernando, Cristiano e, com o já habitual atraso, Regina.
"O companheiro" foi o título da lição que no livro Caminho, Verdade e Vida o benfeitor espiritual Emmanuel nos trouxe, através da psicografia de Chico Xavier, para exame, iniciando seu texto com estas palavras de Jesus, tomadas do Evangelho de Mateus (18:33): "Não devias tu igualmente ter compaixão de teu companheiro, como Eu também tive de ti?" Os comentários versaram sobre episódios pessoais e comportamentos de terceiros, como o caso do menino que teve um dos braços ferido pelo ataque de um tigre, num zoológico, a tal ponto que precisou ter amputado o membro.
Norma falou de seu cansaço na convivência e auxílio a familiares enfermos, sofrendo a incompreensão de alguns irmãos, embora sinta-se abençoada por Deus com a oportunidade de ajudar alguém. Luiza citou o caso da mãe que abandonara o próprio filho, autista, num shopping center, afirmando à polícia, após identificada, que o garoto lhe dava muito trabalho. A respeito, alguém ponderou ser preciso agir com misericórdia e analisar todas as situações pelo prista da realidade espiritual. Fernando relatou situação vivida na Casa Espírita em que se viu necessitado de manifestar misericórdia junto a companheiros que lhe não compreenderam o esforço, mas não aproveitou a oportunidade... Heitor e Iva também referiram desentendimentos vividos no âmbito familiar e a Coordenação encerrou essa parte do trabalho frisando este trecho da lição de Emmanuel: "Se o Eterno encaminhou ao teu ambiente um companheiro menos desejável, tem compaixão e ensina sempre."



Marilda iniciou sua parte distribuindo números com o objetivo de formar quatro subgrupos, agrupando assim os participantes da atividade: 1 - Luiza, Waldelice, Cristiano e Roberto; 2 - Isabel, Carminha, Fernando e Iva; 3 - Norma, Nilza, Bonfim e Edilan; e 4 - Jaciara, Eliene e Heitor (por ter chegado atrasada, Regina teve que apenas observar o desenvolvimento do trabalho). Depois disso, ela distribuiu para cada subgrupo recortes do texto correspondente tirado de O Evangelho Segundo o Espiritismo em seu capítulo terceiro, tratando do primeiro tópico das Instruções dos Espíritos, em verdade uma compilação de Allan Kardec apresentada com "um resumo das instruções de vários Espíritos".
Após os comentários havidos no âmbito de cada subgrupo, abriu-se a palavra para as conclusões, falando somente um representante de cada turma. O trecho que coube ao primeiro subgrupo tratava da relatividade da classificação dos mundos em inferiores e superiores, a partir da condição evolutiva de seus habitantes. Assim, Roberto declarou que "nossas possibilidades são muito acanhadas, pois não conhecemos toda a Verdade", embora tenhamos pequenos pontos de esclarecimento fazendo-nos entender que não estamos na Terra por acaso.
O trecho do segundo subgrupo, sobre as condições comparativas desses mundos - os superiores e os inferiores -, uns ainda materiais e outros já sutilizados, mereceu de Carminha este comentário: "É o que almejamos (transitar para um mundo superior), e vemos o quanto estamos distantes desse objetivo", disse ela, acrescentando que "amanhã nossa condição espiritual será de total leveza, mas para isso precisamos ralar muito, vencendo as dificuldades de hoje, resumidas no egoísmo".
O terceiro subgrupo ficou com o trecho em que o Codificador analisa a dificuldade do homem em registrar a natureza dos mundos superiores, necessitando para isso de elevação espiritual, o que levou Bonfim a comentar que num mundo inferior o homem trabalha em função da própria sobrevivência; no entanto, elevando-se, passa a mundos intermediários, descobrindo os caminhos que deverá seguir, o do bem ou o do mal, aprendendo para capacitar-se posteriormente à sabedoria, apanágio dos mundo superiores, onde enfim realizará sua unificação com a dimensão divina.
Por fim, o último subgrupo abordou a condição emocional e sentimental dos homens em cada um desses mundos, com a observação de Kardec dando conta de que o mal não existe nos mundos superiores, daí a necessidade do esforço individual para o homem merecer o melhor; a esse respeito, Eliene considerou que cada um de nós, em razão do objetivo a ser alcançado, usará os meios mais cabíveis na demanda aos mundos superiores, porquanto "Deus não privilegia ninguém", de modo que a conquista será sempre efeito do esforço empreendido.



O segundo momento da atividade constou do convite de Marilda através da proposta destas duas consignas para apreciação do Grupo: 1 - Quando me sinto num mundo inferior? e 2 - Quando me sinto num mundo superior?
Em resposta, Heitor observou sentir-se elevado quando entra em oração ou medita, propiciando sua sintonia com o Mais Alto. Iva, também focando o mundo superior, declarou que sente-se num deles quando está alegre, em paz. De igual modo, Eliene revelou sentir-se em melhor condição quando vence suas dificuldades e impurezas. Jaciara ponderou que a gargalhada de seu neto João Francisco a deixa na companhia dos anjos e Roberto salientou que isso se dá ao fazer o bem. Norma, por seu turno, sente-se evolvida quando age por compaixão.
Waldelice explicou que quando deixa de ajudar ou entender um companheiro sente-se num mundo inferior, enquanto Isabel ressaltou que está decaída quando experimenta desequilíbrio. Já Luiza disse sentir-se inferiorizada quando perde a paciência, ao passo que Cristiano assim se sente quando perde a oportunidade de fazer o bem.
Finalizando seu trabalho, Marilda leu o poema "O homem; as viagens", de Carlos Drummond de Andrade, cuja mensagem prendia-se ao escopo da atividade:



O homem; as viagens 
(Carlos Drummond de Andrade)

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte - ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro - diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto - é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

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