Faz muito tempo, sim, que não te escrevo
Ficaram velhas todas as notícias
Eu mesmo envelheci: olha, em relevo
estes sinais em mim, não das carícias
Tão leves que fazias no meu rosto.
São golpes, são espinhos, são lembranças
Da vida a teu menino que ao sol posto
Perde a sabedoria das crianças.
A falta que me fazes não é tanto
À hora de dormir, quando dizias
"Deus te abençoe" e a noite se abria em sonho.
É quando, ao despertar, revejo a um canto
A noite acumulada de meus dias
E sinto que estou vivo - e que não sonho.
Esse poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado "Carta", encerrou as atividades realizadas neste sábado pelo Grupo de Estudo Jesus de Nazaré, quando foram enfocados tópicos referentes à noção de simplicidade, conforme o roteiro estabelecido. Participaram do trabalho, além dos coordenadores Francisco e Fernanda, os companheiros Egnaldo - cumprimentado pela passagem de seu aniversário -, Valquíria, Marilda, Carminha, Roberto, Fernando, Regina, Jaciara e Iva (o feriado, principalmente, foi o responsável pela frequência reduzida).
O trabalho começou com uma breve explanação acerca da simplicidade, quando recordamos a mensagem do Espírito Lázaro (Cap. XI, item 8 do Evangelho Segundo o Espiritismo) observada no sábado anterior e baseada na leitura de um dos artigos do filósofo André Luiz Peixinho enfeixados em seu livro A Face Eterna do Ser, comentando trechos de O Livro dos Espíritos, no qual os Espíritos Superiores nos informam que "o espírito é criado simples e ignorante", fazendo-nos entender que, corrompendo-nos, perdemos essa primeira condição. Além disso, foram lembradas passagens do Evangelho que apontam para a simplicidade, como a bem-aventurança que fala dos puros de coração e a recomendação de Jesus a seus apóstolos sobre deixarem que as crianças fossem até ele, "porque o Reino dos Céus é para os que a elas se assemelham"...
Após isso foi dada a consigna: "O que me impede de recuperar minha simplicidade?"
Iniciada a partilha - desta vez, por conta do reduzido número de integrantes, não precisamos dividir a turma em subgrupos -, Valquíria relatou antigo episódio no qual seu primeiro neto, então com quatro anos de idade, interagiu espontaneamente com um mendigo que se dispôs a amarrar os cadarços dos sapatos do menino, vendo naquela situação um exemplo de simplicidade, porquanto seu sentimento fora de receio declaradamente preconceituoso. Segundo Fernando, quanto mais espiritualizada for a criatura, mais simplicidade ela manifestará. Sua observação fez o coordenador Francisco contar a seguinte história:
Divaldo Franco conta que, na década de 50, ele e Chico Xavier tinham um amigo em comum. No entanto, Divaldo o achava bastante perturbado. Numa certa noite, estando em Uberaba, se encontrou com esse amigo e disse: "Meu irmão, como vai?" O mesmo respondeu sorridente: "Bem, Divaldo, e com uma grande novidade para te contar: eu agora sou PASSISTA DE CHICO XAVIER!"
Divaldo, ainda começando no Espiritismo, achou estranho e pensou: "Como pode uma pessoa tão perturbada como essa dar passe em Chico Xavier?" Oportunamente encontrou o médium de Jesus e perguntou: "Chico, nosso irmão está te dando passe?"
Chico respondeu: "Sim, Divaldo. Ele esteve aqui, meses atrás, desesperado e se maldizendo em relação à vida. No meio da conversa me pediu para que lhe aplicasse um passe e eu respondi: "Não, meu irmão, me aplique você o passe." Ele se assustou e disse: "Eu, Chico? Eu não tenho condições de aplicar um passe em você", e eu respondi: "Por que não, meu irmão? Você também é um filho de Deus. Está passando por uma noite escura na vida, mas é uma pessoa extraordinária e isso logo vai passar. Aplique-me o passe."
Na hora do passe, Chico disse a Divaldo que viu mentalmente vários mentores se aproximando do irmão e como ele estava concentrado com pensamentos elevados, ficou bem mais fácil fazer a limpeza no seu campo vibratório. Ao término do passe, o irmão “perturbado” disse: "Chico, eu lhe apliquei um passe mas me senti tão bem!", e Chico,sorrindo, lhe disse: "Pois é, meu filho, a partir de hoje, você é o MEU MÉDIUM PASSISTA."
O irmão saiu da Casa Espírita da Prece se sentindo bem e profundamente feliz.
Por conta disso, Egnaldo recordou que, quando trabalhava em Brasília, acompanhou um colega, jornalista conceituado na capital do País, numa reportagem sobre o médium famoso, ocasião em que o profissional recebeu uma grande lição acerca da simplicidade e da capacidade sensitiva de Chico Xavier...
Jaciara declarou serem o orgulho, a vaidade e a ideia de superioridade seus impeditivos, salientando que as experiências e o aprendizado intelectual a afastam da simplicidade. Também ela recordou um episódio no qual seu filho caçula (hoje já adulto), acompanhando a família numa solenidade de inauguração de certo estabelecimento, ao ser perguntado sobre do que mais havia gostado, respondera ter sido da porta do banheiro! "Hoje ele continua assim, simples", disse ela, sobre seu filho: "Acho bonito, mas não tenho isso".
"Meus vícios falam mais alto que meu desejo de simplicidade", afirmou Iva, salientando que é preciso o autoconhecimento para identificação dos defeitos; ela também fez referência ao livro A Águia e a Galinha, de Leonardo Boff, cuja leitura fez com que "crucificasse" seus pais, pelo tipo de educação que eles lhe deram... Já Roberto afirmou que, quando somos crianças, é patente a ignorância, "mas no pretérito espiritual há uma vida rica"; ele disse ainda que a infância é a menor fase da vida de alguém: "Somos adultos por mais tempo", revelou, acrescentando que a proteção espiritual não impede que cada um carregue sua cruz...
Marilda citou recente experiência vivenciada em seu trabalho na Cobem, quando alguém comparou nosso processo de transformação ao ato de catar feijão, quando selecionamos os bons grãos e eliminamos as impurezas. Segundo ela, já que não podemos involuir, em nossa trajetória construímos sentimentos bons e outros menos bons, de modo que tornarmo-nos simples é percebermos o que é mais importante, o que tem e o que não tem valor, assim como quando catamos feijão... A resposta, então - considerou -, "está no entendimento, nas escolhas que fazemos; se não fossem os espíritos (nos ajudando), talvez não tivéssemos possibilidade de sair de onde nos encontramos..."
Por sua vez, Regina iniciou sua fala citando a frase lida no elevador do prédio onde mora - "Viver é simplesmente conviver", de autoria do poeta gaúcho Mário Quintana. No entanto, ela considerou ser difícil essa tarefa, por nossa mania de complicar as coisas. "Tenho buscado a simplicidade", disse, "principalmente com meus alunos, embora eu complique, às vezes, essa relação; ser simples não é tão fácil", completou. Para Fernando, "o que importa é minha atitude, e não a opinião dos outros", reafirmando, como no sábado anterior, que seu fanal de vida, atualmente, é ser um espírita autêntico.
Falando em seguida, Carminha disse lembrar-se "da Maria do Carmo simples" de sua infância; recordou que seu pai era um trabalhador como tantos da classe operária e ela convivia com os filhos dos colegas do pai e eles eram seus amigos, gente simples cujas casas simples ela frequentava. "Essa Maria do Carmo morreu há muitos anos", revelou, ressaltando que o orgulho faz-nos sentir melhores que os outros. "Quando me aproximo dessas pessoas, percebo a riqueza que há na pobreza, recebendo preciosas lições de vida; hoje já venci algumas coisas, mas ainda sou bastante carregada..."
Já perto do final da atividade, a coordenadora Fernanda observou que "as crianças de hoje estão perdendo a simplicidade, por conta dos adultos. E após Egnaldo fazer a leitura de outro poema, a Coordenação explicou que, na verdade, o que nos impede de recuperar a simplicidade é nossa excessiva, por isso doentia, vinculação com o elemento material...
Ficaram velhas todas as notícias
Eu mesmo envelheci: olha, em relevo
estes sinais em mim, não das carícias
Tão leves que fazias no meu rosto.
São golpes, são espinhos, são lembranças
Da vida a teu menino que ao sol posto
Perde a sabedoria das crianças.
A falta que me fazes não é tanto
À hora de dormir, quando dizias
"Deus te abençoe" e a noite se abria em sonho.
É quando, ao despertar, revejo a um canto
A noite acumulada de meus dias
E sinto que estou vivo - e que não sonho.
Esse poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado "Carta", encerrou as atividades realizadas neste sábado pelo Grupo de Estudo Jesus de Nazaré, quando foram enfocados tópicos referentes à noção de simplicidade, conforme o roteiro estabelecido. Participaram do trabalho, além dos coordenadores Francisco e Fernanda, os companheiros Egnaldo - cumprimentado pela passagem de seu aniversário -, Valquíria, Marilda, Carminha, Roberto, Fernando, Regina, Jaciara e Iva (o feriado, principalmente, foi o responsável pela frequência reduzida).
O trabalho começou com uma breve explanação acerca da simplicidade, quando recordamos a mensagem do Espírito Lázaro (Cap. XI, item 8 do Evangelho Segundo o Espiritismo) observada no sábado anterior e baseada na leitura de um dos artigos do filósofo André Luiz Peixinho enfeixados em seu livro A Face Eterna do Ser, comentando trechos de O Livro dos Espíritos, no qual os Espíritos Superiores nos informam que "o espírito é criado simples e ignorante", fazendo-nos entender que, corrompendo-nos, perdemos essa primeira condição. Além disso, foram lembradas passagens do Evangelho que apontam para a simplicidade, como a bem-aventurança que fala dos puros de coração e a recomendação de Jesus a seus apóstolos sobre deixarem que as crianças fossem até ele, "porque o Reino dos Céus é para os que a elas se assemelham"...
Após isso foi dada a consigna: "O que me impede de recuperar minha simplicidade?"
Iniciada a partilha - desta vez, por conta do reduzido número de integrantes, não precisamos dividir a turma em subgrupos -, Valquíria relatou antigo episódio no qual seu primeiro neto, então com quatro anos de idade, interagiu espontaneamente com um mendigo que se dispôs a amarrar os cadarços dos sapatos do menino, vendo naquela situação um exemplo de simplicidade, porquanto seu sentimento fora de receio declaradamente preconceituoso. Segundo Fernando, quanto mais espiritualizada for a criatura, mais simplicidade ela manifestará. Sua observação fez o coordenador Francisco contar a seguinte história:
Divaldo Franco conta que, na década de 50, ele e Chico Xavier tinham um amigo em comum. No entanto, Divaldo o achava bastante perturbado. Numa certa noite, estando em Uberaba, se encontrou com esse amigo e disse: "Meu irmão, como vai?" O mesmo respondeu sorridente: "Bem, Divaldo, e com uma grande novidade para te contar: eu agora sou PASSISTA DE CHICO XAVIER!"
Divaldo, ainda começando no Espiritismo, achou estranho e pensou: "Como pode uma pessoa tão perturbada como essa dar passe em Chico Xavier?" Oportunamente encontrou o médium de Jesus e perguntou: "Chico, nosso irmão está te dando passe?"
Chico respondeu: "Sim, Divaldo. Ele esteve aqui, meses atrás, desesperado e se maldizendo em relação à vida. No meio da conversa me pediu para que lhe aplicasse um passe e eu respondi: "Não, meu irmão, me aplique você o passe." Ele se assustou e disse: "Eu, Chico? Eu não tenho condições de aplicar um passe em você", e eu respondi: "Por que não, meu irmão? Você também é um filho de Deus. Está passando por uma noite escura na vida, mas é uma pessoa extraordinária e isso logo vai passar. Aplique-me o passe."
Na hora do passe, Chico disse a Divaldo que viu mentalmente vários mentores se aproximando do irmão e como ele estava concentrado com pensamentos elevados, ficou bem mais fácil fazer a limpeza no seu campo vibratório. Ao término do passe, o irmão “perturbado” disse: "Chico, eu lhe apliquei um passe mas me senti tão bem!", e Chico,sorrindo, lhe disse: "Pois é, meu filho, a partir de hoje, você é o MEU MÉDIUM PASSISTA."
O irmão saiu da Casa Espírita da Prece se sentindo bem e profundamente feliz.
Por conta disso, Egnaldo recordou que, quando trabalhava em Brasília, acompanhou um colega, jornalista conceituado na capital do País, numa reportagem sobre o médium famoso, ocasião em que o profissional recebeu uma grande lição acerca da simplicidade e da capacidade sensitiva de Chico Xavier...
Jaciara declarou serem o orgulho, a vaidade e a ideia de superioridade seus impeditivos, salientando que as experiências e o aprendizado intelectual a afastam da simplicidade. Também ela recordou um episódio no qual seu filho caçula (hoje já adulto), acompanhando a família numa solenidade de inauguração de certo estabelecimento, ao ser perguntado sobre do que mais havia gostado, respondera ter sido da porta do banheiro! "Hoje ele continua assim, simples", disse ela, sobre seu filho: "Acho bonito, mas não tenho isso".
"Meus vícios falam mais alto que meu desejo de simplicidade", afirmou Iva, salientando que é preciso o autoconhecimento para identificação dos defeitos; ela também fez referência ao livro A Águia e a Galinha, de Leonardo Boff, cuja leitura fez com que "crucificasse" seus pais, pelo tipo de educação que eles lhe deram... Já Roberto afirmou que, quando somos crianças, é patente a ignorância, "mas no pretérito espiritual há uma vida rica"; ele disse ainda que a infância é a menor fase da vida de alguém: "Somos adultos por mais tempo", revelou, acrescentando que a proteção espiritual não impede que cada um carregue sua cruz...
Marilda citou recente experiência vivenciada em seu trabalho na Cobem, quando alguém comparou nosso processo de transformação ao ato de catar feijão, quando selecionamos os bons grãos e eliminamos as impurezas. Segundo ela, já que não podemos involuir, em nossa trajetória construímos sentimentos bons e outros menos bons, de modo que tornarmo-nos simples é percebermos o que é mais importante, o que tem e o que não tem valor, assim como quando catamos feijão... A resposta, então - considerou -, "está no entendimento, nas escolhas que fazemos; se não fossem os espíritos (nos ajudando), talvez não tivéssemos possibilidade de sair de onde nos encontramos..."
Por sua vez, Regina iniciou sua fala citando a frase lida no elevador do prédio onde mora - "Viver é simplesmente conviver", de autoria do poeta gaúcho Mário Quintana. No entanto, ela considerou ser difícil essa tarefa, por nossa mania de complicar as coisas. "Tenho buscado a simplicidade", disse, "principalmente com meus alunos, embora eu complique, às vezes, essa relação; ser simples não é tão fácil", completou. Para Fernando, "o que importa é minha atitude, e não a opinião dos outros", reafirmando, como no sábado anterior, que seu fanal de vida, atualmente, é ser um espírita autêntico.
Falando em seguida, Carminha disse lembrar-se "da Maria do Carmo simples" de sua infância; recordou que seu pai era um trabalhador como tantos da classe operária e ela convivia com os filhos dos colegas do pai e eles eram seus amigos, gente simples cujas casas simples ela frequentava. "Essa Maria do Carmo morreu há muitos anos", revelou, ressaltando que o orgulho faz-nos sentir melhores que os outros. "Quando me aproximo dessas pessoas, percebo a riqueza que há na pobreza, recebendo preciosas lições de vida; hoje já venci algumas coisas, mas ainda sou bastante carregada..."
Já perto do final da atividade, a coordenadora Fernanda observou que "as crianças de hoje estão perdendo a simplicidade, por conta dos adultos. E após Egnaldo fazer a leitura de outro poema, a Coordenação explicou que, na verdade, o que nos impede de recuperar a simplicidade é nossa excessiva, por isso doentia, vinculação com o elemento material...
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