domingo, 15 de outubro de 2017

Minha mãezinha querida

A visita de Norma, antiga integrante que hoje mora no interior do Estado, foi a novidade no trabalho apresentado no sábado, 14 de outubro, quando Eliene deu prosseguimento à abordagem do primeiro item ("Piedade filial") do capítulo 14 de O Evangelho Segundo o Espiritismo (Honrar pai e mãe) falando da figura materna, desta vez com a participação de Waldelice. Além de Norma e deste escriba, dublê de Coordenador, também estavam presentes Cristiane, Lígia, Eliete, Egnaldo, Valquíria, Carminha, Carminha Brandão, Magali, Cláudia e Augusta.
Primeiramente, Eliene recordou as impressões sentimentais manifestados no final do primeiro trabalho e devidamente anotados numa cartaz de cartolina e em seguida Waldelice leu todo o texto da "Piedade filial" do ESE. Depois disso, foi passada a consigna da atividade: "Como tenho cuidado de minha representação materna?", com a explicação de que essa representação é observada tanto na relação com a figura materna quanto na condição de mãe ou filha, ou mesmo na de pai. Eliene pediu que se fizesse primeiro uma reflexão individual e depois liberou a conversa em duplas, antes da partilha grupal.
Eliete iniciou os comentários, afirmando ter lembranças "maravilhosas" de sua mãe e das irmãs: "Eu não gostava de estudar e perdi pontos com ela", disse, salientando ter começado sua vida profissional logo depois que seu pai desencarnou; a companheira também citou que sua mãe ajudou a criar sua filha sem pai, à qual se esforça para dar amor, como dá aos outros filhos e netos; revelou ainda que a mãe, hoje com 93 anos, foi quem a iniciou na vivência espírita ao conduzi-la à Cobem: "Só tenho a agradecer a Deus por todo o amor que recebo", completou.
"Hoje sou mãe de minha mãe", disse Cláudia, referindo a enfermidade da genitora; "Para mim", salientou, "não existe falar em mãe sem pai", afirmando que um era o complemento da outra em sua vida, sendo que sua mãe "sempre foi muito preocupada quanto à própria responsabilidade para com os filhos, principalmente no sentido de não se exceder: "Sinto falta, às vezes, das cobranças dela", acrescentou, observando que, agora, como cuidadora, é sua vez de se preocupar com as necessidades maternas: "Faço que minha mãe me fazia quando eu era criança".
Em seguida, Norma observou que cuida dessa representação materna sendo mãe de seus filhos, o que, para ela, "é algo divino"; também disse que seu marido é, às vezes, como mãe e ela não sabe dizer o que é melhor: "ser mãe ou filha?"; contou que voltou para o interior baiano para cuidar da mãe enferma, que desencarnou há três anos com demência senil: "Nesse momento, todos os filhos estavam viajando", disse, ressaltando que, antes, não aceitava a doença que acometeu sua genitora, mas que hoje vê como bênção, "pela brabeza de minha mãe", cujas atitudes ao longo da vida a companheira afirmou hoje compreender.
Valquíria, por sua vez, revelou que sua mãe "era uma pessoa muito difícil - era uma médium desequilibrada e eu tinha muito medo", disse, referindo-se às ocasiões em que aconteciam as manifestações espirituais em casa, durante sua infância, momentos esses em que seu pai agia positivamente; com o tempo, afirmou, "parece que a mediunidade foi cassada" e sua mãe passou a se comportar de modo "mais responsável, ajudando a quem precisava"; segundo a companheira, foi difícil demonstrar amor pela genitora: "Era mais dedicação de mim para ela e eu a vejo em mim quando sou dura [com os filhos, principalmente]"; ela se recorda de que seu envolvimento com o Espiritismo foi motivo de brigas com a mãe: "Vencemos pela tolerância, pois gostávamos uma da outra".
Carminha Brandão, que também relatou sua experiência como cuidadora da própria mãe na velhice desta, revelou não ter paciência com a genitora, acrescentando que a recíproca é verdadeira; ela disse ter preparado um quarto em sua casa para abrigar a mãe e, devido à impaciência, sente-se culpada e com remorso: "Não faço o que ela quer", afirmou, apontando ainda a dificuldade com as irmãs, que não a ajudam nesse processo.
Egnaldo ressaltou cuidar "muito bem" de sua representação materna, "apesar de órfão desde os cinco anos de idade"; ele disse acreditar ter sido um bom filho, "ao ponto de continuar criança aos 77 anos"; segundo o companheiro, "tive a sorte de ser carente, porque aceitei o amor de minha irmã e ainda tive a mãezona que veio a mim", disse, referindo-se à sogra, que no fim da existência física voi viver com ele e a filha: "Quando a mãe de Valquíria foi morar conosco, ganhei uma mãe só para mim", completou.
É sendo mãe que Carminha Sampaio disse cuidar dessa representação: "Idealizei meus filhos e, à medida em que ia convivendo com eles, via que um correspondia à minha expectativa e o outro não", afirmou, salientando que coube a uma psicóloga apontar-lhe a causa do "problema": "Eu é que tinha de me resolver em relação ao filho rebelde"; de espírito livre, esse filho "passou a ser meu professor", disse ela, acrescentando que ele "me ensinou que a vida era outra coisa; e agora é minha neta Sofia [filha desse seu filho] quem me oferece novas lições".
"A figura do pai é mais importante que a materna", começou assim Eliene a fazer o fechamento de sua atividade naquele dia, expondo sua opinião frisadamente pessoal, "por ser forte e dar o equilíbrio familiar, mesmo longe ou ausente, sendo o referencial da segurança". Augusta interrompeu esse raciocínio para declarar que tem uma filha para a qual ela é "chata", "mas minha mãe era toda amor para mim, ao contrário de meu pai, autoritário". Por fim, Eliene voltou a falar sobre o envelhecimento, processo durante o qual os pais precisam do amparo de seus filhos, completando com a observação de que "a gente não se dá conta da velhice" a não ser quando esta se instala.

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