Deu muito "pano para manga" a abordagem do capítulo de Momentos de Saúde e de Consciência referente à "tragédia do ressentimento", no âmbito do Grupo, no sábado 5 de setembro. A reunião foi marcada pelo retorno de Marilene, recuperada de um infarto. Além dela e deste Coordenador, também estiveram presentes Creuza, Marilda, Luiza, Fernando, Roberto, Cristiano, as duas Reginas, Nilza, Valquíria, Marlene, Waldelice e Lígia. Como era de se esperar, as ponderações judiciosas do Espírito Joanna de Ângelis ("O ressentimento é responsável por muitas tragédias do cotidiano", diz ela) corresponderam magnificamente com o tópico de O Evangelho Segundo o Espiritismo intitulado "A felicidade não é deste mundo" (Cap. V - "Bem-aventurados os aflitos"), levando-nos a considerar que quem se mantém guardando mágoa e ressentimentos adia indefinidamente seu encontro com a pretendida felicidade.
Como sempre, primeiro procedemos à leitura do texto de Joanna e depois ouvimos os comentários que se sucederam à breve explanação do Coordenador, para quem todos nós, Espíritos encarnados, fazemos, na Terra, uma jornada solitária e silenciosa na direção do objetivo - o crescimento espiritual -, de modo que não temos nada com a vida dos outros nem ninguém tem nada com o modo como caminhamos; no entanto, atuamos na coletividade, de forma que devemos colaborar uns com os outros sem perder de vista o objetivo; assim, vamos nos atritar uns com os outros e esse atrito provocará ferimentos e dor, tanto em nós quanto nos outros e por isso devemos perdoar quem nos fira e pedir perdão quando percebermos que ferimos alguém e continuar nossa marcha para frente e para o alto. Guardar ressentimentos, portanto, é paralisar nossa caminhada, mantendo-nos presos à situação dolorosa por tempo demasiado.
Quem primeiro falou foi Regina Gomes, que tinha levado sua netinha, dizendo que temos o hábito de esperar respostas positivas do outro e quando ela não vem criamos o ressentimento; ela considerou que isso se observa principalmente no âmbito da família e citou seus filhos; disse também que o diálogo é sempre possível, embora não seja fácil estabelecê-lo: "Estou buscando isso", salientou, acrescentando que as mães são mais propensas a esse tipo de experiência. Por sua vez, Fernando, referindo sua audição diminuída, argumentou que só ouve o que quer ouvir, salientando, em seguida, que a mensagem da Benfeitora espiritual é clara e lógica, que Joanna diagnostica a enfermidade e depois dá a receita para a cura.
Para Valquíria, essas lições indicam o que é correto fazer, "mas eu me lembro das coisas (que me fizeram) e sinto mágoa; tenho me trabalhado, tentando não ceder à vingança, lutando para não me deixar levar ao ressentimento"; nesses momentos, disse ela, "paro, oro e agradeço a Deus por ter aquelas pessoas em minha vida e busco o perdão para mim". Já Luiza declarou ter passado por muitos ressentimentos, guardou mágoa e talvez por causa disse experimentou por duas vezes o drama da depressão; segundo afirmou, foi lendo as mensagens dos Espíritos que pôde analisar a própria vida e perceber que o ressentimento não leva a nada de proveitoso: "Depois que fiz isso, tenho estado bem melhor, não me deixo mais atingir pelas ações dos outros", ressaltou.
Depois foi a vez de Creuza ponderar que temos muitas expectativas em relação ao outro, assim como fazem as mães com seus filhos, de modo que estes, manifestando-se de um modo que é visto quase sempre como ingratidão, não o fazem para magoar os pais, mas porque precisam crescer, fazendo as próprias escolhas; não gostamos disso - afirmou - porque contrariam nossos valores e assim reagimos mostrando nosso preconceito: "O problema está em nós", salientou a companheira, acrescentando que, porque nos ressentimos dessa dificuldade, guardamos mágoa, nascida do desejo de poder dominar os filhos e os outros: "Mas são dificuldades nossas e somos tão burros que envenenamos a nós mesmos, ao ponto de adoecermos e termos de ser, algumas vezes, submetidos a cirurgias"...
O Coordenador, nesse momento, recordou um axioma que se repete amiúde nas exposições da Doutrina Espírita, dando conta de que se alguém não gosta de nós, o problema é dele; mas se nós não gostamos de alguém, o problema passa a ser nosso; disse ele, também que comumente nos ressentimos justamente daqueles de quem mais gostamos e dizem gostar de nós, de forma que a recomendação final de Joanna de Ângelis deve merecer mais atenção por parte de cada um dos integrantes do "Jesus de Nazaré": "Vive, pois, sem mágoas. Depura-te. Ressentimento, nunca".
"Eu cultivo muito o ressentimento", confessou Marilene, salientando que sua caminhada tem sido difícil, recordando a propósito sua recente enfermidade, que a levou ao hospital: "A vida puxou meu tapete agora e tenho refletido muito sobre isso; preciso internalizar essa mudança, transformando as causas injustas do que acolho", disse ela, referindo sua provação familiar; mas, para ela, nesse sentido, fica uma importante reflexão a considerar: "O que deixei de fazer para ter hoje esse tipo de relação que me desagrada?" Ela sabe, a tal respeito, que as uniões não acontecem por acaso e por essa razão nossa companheira se pergunta: "Estou fazendo o que devo fazer?"
Em defesa de Marilene, Creuza salientou que ninguém muda ninguém, só podemos mudar nossa relação com o outro. E Roberto, por seu turno, declarou que o ressentimento e o perdão são parentes próximos que não se conhecem, sendo dever nosso fazer a apresentação do outro quando o primeiro aparecer. Depois disso, a Coordenação realizou a leitura do item 20 do Cap. V de O Evangelho Segundo o Espiritismo, "A felicidade não é desse mundo", após o que Creuza considerou ser essa mensagem do Espírito Cardeal Morlot a contradita do ressentimento. Assim, Valquíria reparou que "felicidade é estar pleno de tudo, sem aborrecimento; é estar zen", ao passo que Regina Gomes observou que não somos felizes porque "estamos sempre barganhando as coisas espirituais".
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