domingo, 1 de dezembro de 2013

Lógica inversa?

Dizem-nos os Espíritos Superiores, em O Livro dos Espíritos (Allan Kardec), que o progresso moral é muito mais lento que o intelectual ou material, de modo que demoraremos a nos ver transformados, mais de dois mil anos após termos recebido as admoestações do Cristo Jesus nesse sentido. A conversa que tivemos na manhã deste sábado, 30 de novembro, fez-nos observar que, pelo menos, já iniciamos a caminhada rumo ao auto aperfeiçoamento, consoante as lições do Espiritismo, doutrina que já conseguimos abraçar, quando muito provavelmente desprezamos o esforço do Divino Amigo, àquela época.
O trabalho teve a participação que quase todos os integrantes do Grupo, estando presentes Carminha, Cristiano, Marilda, Bonfim, Fernando, Egnaldo, Valquíria, Marilene, Luiza, Eliene, Lígia, Isabel, Railza, Cláudia, Regina, Iva, Jaciara e o coordenador Francisco, que iniciou a atividade falando da necessidade de modificarmos a lógica utilizada para lidarmos com nossas questões ordinárias, observando a vida por um ponto de vista linear quando, pelo prisma da realidade espiritual, somos instados a transcender a lógica cartesiana que nos impõe nossa história a partir de um começo entremeado por um meio e seguido por um fim. Talvez por isso seja-nos ainda tão difícil compreendermos o pensamento e a linguagem do Cristo de forma a adaptá-los à nossa experiência evolutiva neste momento presente.
E essa inversão pode muito bem implicar a necessidade de abdicarmos de certas atitudes, pensamentos, ideias e conceitos acerca da vida, dos outros e de nós mesmos, porquanto fortemente vinculados ao elemento material e por isto mesmo contrários à realidade espiritual que constitui nossa essência. Dessa forma é que o "homem velho" dará lugar ao "homem novo" referidos por Jesus. Outrossim, lembremos de que o Mestre, ao falar-nos sobre renunciarmos a nós mesmos, salientou que "para o lugar aonde ireis não devereis levar coisa alguma, pois o que levardes poderá impedir vossa passagem pela porta estreita" (O Evangelho de Tomé). E se não levamos os bens materiais, o que impedirá essa passagem deverá ser o que ainda nos prende à matéria, na conta dos conceitos equivocados, dos pensamentos antiquados, das ideias tradicionalistas...

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Após tais explicações provocativas, passamos a ouvir os companheiros, que se manifestaram como puderam compreender acerca da consigna ("O que conheço do Evangelho equilibra minhas emoções de modo a me ver pacificado?"). Luizinha, tomando a palavra, citou estar lendo o livro Jesus e Atualidade (Joanna de Ângelis/Divaldo Franco) e, prendendo-se à passagem evangélica referente ao "deixai que os mortos enterrem seus mortos", declarou que não temos segurança para tomar decisões no campo espiritual por vivermos em demasia as questões materiais, segundo depreendeu da lição de Joanna; de acordo com a companheira, "meu caminho é espiritualizar-me e essas leituras me ajudam, fazendo-me meditar"...
Fernando, com quem Luiza é casada, observou que esse ensinamento do Cristo, caracterizado como "moral estranha" por Kardec (O Evangelho Segundo o Espiritismo), ainda nos causa confusão, mas com ele Jesus não queria pregar o abandono dos familiares nessa situação, apenas ensinou a não valorizar tanto o corpo físico, que viria a ser tão somente efeito do materialismo. "A vida continua e isto é muito mais importante: a imortalidade da alma, pois o espírito é eterno", disse ele, observando ainda que Divaldo Franco, segundo soube por sua filha, não pudera comparecer ao sepultamento do corpo do amigos de muitas décadas Nilson de Souza Pereira, por estar atendendo a compromissos em outra parte, desse modo exemplificando o ensino do Mestre...
"O princípio pode ser o fim e o meio", disse Valquíria, retomando o pensamento da Coordenação, acrescentando que "cada um faz o seu", nas constantes indas e vindas da experiência na matéria: "O que vale é minha reflexão quanto ao conhecimento do Evangelho, isso é que vai me ajudar a ser pacífico, de acordo com o momento". Railza começou considerando ainda a atividade do sábado anterior, sobre a linguagem de Jesus, revelando que esta é o amor. Depois, disse que, nesse trabalho com a paz, a linearidade de pensamento e ação não existe em sua vida, observando que "o Evangelho me ajuda a ser um ser pacífico enquanto não me provocam, porque senão o bicho pega" - e ironizou dizendo ser alguém "consciente, espiritualizado". Ela narrou recente episódio acontecido no dia da chuva forte que transtornou a cidade, quando fora avisada espiritualmente de que seria assaltada e tomo uma atitude brusca: "Sei que o que fiz não estava certo, mas fiz e faria de novo", ressaltou, acrescentando que "ainda não estou nesse nível de espiritualização para aceitar que é melhor ser vítima que algoz"...
Roberto iniciou sua fala dizendo não conhecer reuniões mediúnicas, mas esteve numa delas em desdobramento, percebendo então espíritos encarnados e desencarnados e ali a coordenadora dos trabalhos dizia não acreditar "nessas coisas de espiritismo"; para provar que tudo era real, nosso companheiro levitou até o teto da sala: "Quando saí do transe", disse ele, "entendi que é fraqueza nossa não ligar a leitura à convicção", acrescentando que necessita mais ainda desse conhecimento. Ele também citou episódios de desdobramento que acometiam Eurípedes Barsanulfo, que "saía do ar" enquanto dava aulas e seus alunos não achavam mais aquilo tão estranho...
Por sua vez, Marilene relatou uma recente experiência sobre manter o equilíbrio, quando viu, no dia da grande chuva, o quadro de funcionários da creche da Cobem reduzir-se. Ante o volume de trabalho a ser feito em prol das crianças, preferiu não se aborrecer para cumprir as tarefas a contento. No fim do dia, ao realizar o culto do Evangelho e proceder ao balanço das atividades realizadas, deu-se conta de que fora beneficiada pelo conhecimento evangélico, vivenciando aquela dificuldade matinal de forma pacificada.
"O conhecimento não nos dá nenhum parâmetro de equilíbrio, só a vivência" - começou a dizer Eliene, acrescentando que no dia do testemunho "paro meu sapateado, subo no salto e vou dançar mesmo!" No entanto, revelou que o Evangelho e as obras da Codificação lhe dão subsídio para ser pacificadora, salientando não se surpreender quando sua fera interior se manifesta: "Que bom que não sou falsa comigo mesma", completou. Já Egnaldo confessou-se "pacificado e muito paciente", por não reagir a atitudes de implicância.
Depois de contar uma longa história, Regina considerou que queira ou não, os valores do Evangelho se lhe evidenciam no comportamento e é naturalmente convidada a manifestar sua condição de cristã: "Esse conhecimento serviu como divisor de águas em minha vida", observou, revelando que sempre quis saber quem era Jesus: "Agora tenho certeza de que estou no caminho certo; eu, que sempre quis ser rica, exercito-me no desapego e vejo que os bens materiais agora estão chegando..."
Bonfim comentou que cada um de nós, ao reencarnar, tem o propósito de alcançar determina meta evolutiva e, nesse sentido, a Espiritualidade mostra os caminhos mais necessários à conquista: "Conhecemos tudo e [quando trabalhamos] com carinho isso aflora de acordo com  a necessidade da evolução", afirmou, explicando que tal processo é taxativo, de modo que "esse conhecimento de que se fala é uma faca de dois gumes: todo mundo obedece ao parâmetro da lei de Deus, que vale tanto para o ignorante quanto para o esclarecido", respeitadas, contudo, as peculiaridades das provas enfrentadas. Por isso é que, disse ele, tendo o Cristo salientado que "muito será cobrado a quem muito foi dado", essa avidez de querer saber tudo compromete muito a criatura...
Por fim, Cristiano revelou estar se esforçando muito no dia a dia pela pacificação própria, em razão de sua atuação profissional numa empresa de fomento, onde precisa lidar com altas quantias de dinheiro: "A questão material é delicada", ponderou.

Um comentário:

  1. A família " Jesus de Nazaré" está cada vez melhor! Parabéns Chico! Acho que encontramos um meio de reflexão sobre o Evangelho muito boa! Amo cada vez mais este grupo.

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