domingo, 3 de junho de 2012

Um "filho de mulher"

Foi assim de iniciamos a conversa desse sábado, 2 de junho, no "Jesus de Nazaré", abordando o significado gnóstico das expressões "Filho do Homem" e "filho de mulher" presentes no Evangelho, a primeira como título que Jesus se dá para exprimir sua condição espiritual, de plena identificação com a natureza divina ("Eu e o Pai somos um!"); a segunda, também utilizada pelo Cristo, para explicar a condição evolutiva de João Batista, que, pelas atitudes de sua vida pregressa como o profeta Elias, ainda esta preso às necessidades reencarnatórias; no entanto, pelo alcance do papel desempenhado como precursor do Cristo, Jesus afirmara que, dos nascidos de mulher, ou seja, aqueles ainda marcados pelas limitações da matéria, João era o maior, ao passo que, no Reino dos Céus, isto é, entre aqueles já espiritualizados, o menor era maior que João. Judas, portanto, motivo dos estudos atuais, era também um "filho de mulher" com dificuldade para compreender a extensão da missão do "Filho do Homem", o Cristo Jesus.
A atividade foi bastante concorrida, ainda que sentíssemos a ausência do casal Fernando Mascarenhas e Maria Luiza, ele recuperando-se de recente cirurgia; compareceram Railza, Acely, Jaciara, a família de Egnaldo - ele próprio mais Valquíria e Egnaldo Jr. -, Carminha, Lígia, Regina, Waldelice e Magali (mãe e filha), Maria da Paixão, Iva, Isabel, Marilda, Marilene, Fernanda e Roberto, além do coordenador Francisco. Também contamos com a participação de Carlos Leal, assistido do Grupo de Apoio e Manutenção (GAM) que visitava o "Jesus de Nazaré", a convite.
A provocação para o trabalho partiu da constatação de que somos ainda e também "filhos de mulher" com a necessidade de mudar de condição. Com isso recebemos de Acely o questionamento acerca do dito segundo o qual temos em nós mesmos o que nos incomoda no outro, levando-nos a concluir, após muitas opiniões, quanto às dificuldades encontradas para o bom interrelacionamento, em razão das sutilezas da linguagem nas tentativas de comunicação. Falou-se ainda dos propósitos de Judas como o único judeu no colégio apostolar, desse modo fiel a suas origens, embora o amor pelo Cristo, de maneira que a "traição" só existiu aos nossos olhos, conforme ponderou Railza, afirmando que também nos traímos o tempo todo, porquanto utilizamos máscaras diferentes em função dos papéis desempenhados na sociedade.
Principalmente, consideramos nossa capacidade de continuar traindo e não aceitarmos esse comportamento nos outros. Assim, arguimos a sempre necessária transformação de hábitos, conceitos e aprendizado, através da assimilação da proposta revolucionária de Jesus, ainda incompreendida pelo Homem, pelos "filhos de mulher". Essa revolução tem o propósito de nos fazer transcender a condição atual, obrigando-nos a nós próprios, como o Cristo ensinou, a deixar tudo (renúncia de si mesmo) para bem empreendermos a viagem ao plano da luz. Nesse momento, distribuímos entre os participantes cópias da história que o Espírito José Grosso contou (pela psicografia de Chico Xavier) a respeito de Judas, trazida por Roberto. Em linhas gerais, essa história fala de um sacerdote católico que em seus sermões gostava de criticar o comportamento de Judas; um dia, esmerava-se para comentar mais uma vez sobre o tema da traição quando, pouco antes da missa, sentiu-se mal e pediu ajuda a seu anjo da guarda, para não faltar ao compromisso; então seu anjo lhe aparece e o conduz ao altar para a celebração; ao final, de volta a seus aposentos, o padre agradece o empenho de seu anjo da guarda e pergunta-lhe quem é; o espírito amigo, então, diz-lhe com humildade que é Judas, o traidor...



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