sábado, 9 de junho de 2012

O último beijo

Como um beijo pode ser tanto o início quanto o fim de uma história, a conversa deste sábado, focalizando a simbologia da "traição" de Judas através do beijo, encerrou as abordagens referentes aos dados biográficos desse apóstolo, em trabalho que contou com a participação de Carminha, Valquíria, Egnaldo, Waldelice, Magali, Railza, Fernanda, Fernando, Roberto, Lígia, Isabel, Jaciara, Ilca, Iva, Acely, Maria da Paixão e Regina, além dos coordenadores Francisco e Maria Luiza. Foi uma atividade muito mais vivencial que teórica ou especulativa, na qual procuramos entender se nossas manifestações afetivas são realmente sinceras ou traem alguns de nossos princípios e aspirações...
Iniciando os comentários, após a exposição da Coordenação, Railza comentou que ainda convivemos de maneira hipócrita, recordando o argumento psicológico das máscaras, devido às convenções sociais: beijamos e abraçamos alguém de quem não gostamos e há pessoas para quem somos indiferentes. A esse respeito, Valquíria acrescentou que os padrões de comportamento socialmente aceitos geralmente não envolvem sentimento... Seguindo a mesma trilha, Acely comentou estar lendo um livro sobre "crianças índigo", que fala de seres preparados para processar a transformação de nosso mundo, detentores da capacidade de ver além dos sentidos, percebendo assim a intenção dos outros. Em nós, disse ela, essa incapacidade é que dificulta o relacionamento: "Manifestamos o que nem sempre está dentro de nós", revelou, completando que falta-nos honestidade em relação ao que se pensa, ao que se quer e se faz.
Como a questão envolvia as práticas do passado, quando ainda não tínhamos o conhecimento atual proporcionado pelo Espiritismo, que nos facilita a compreensão e vivência do Evangelho, Roberto recordou que 30 anos atrás ele confundia amor e paixão e somente Allan Kardec o fez discernir a diferença entre um e outra, ao registrar, em O Livro dos Espíritos, que a paixão é como um cavalo selvagem, embora não deixe de ser amor. A experiência, disse ele, é que vai dando a justeza dos sentimentos, até o desgarramento, a renúncia pessoal.
Voltando ao tema em tela, Jaciara comentou um filme nacional ("Estômago"), que ela considerou "cru" pelo impacto emocional que causa, especificando uma cena na qual um homem se apaixona por uma prostituta mas esta se recusa a ser beijada na boca afirmando ser antiético beijar um cliente. Railza aproveitou a deixa para contar um episódio ocorrido há anos na porta da Cobem, para justificar o argumento de que traímos o que somos (ou o que aparentamos ser). Na ocasião, ela teve um entrevero com alguém quando estacionava seu carro e a tal pessoa atrapalhava a manobra querendo dinheiro; irritada, ela fez "contato com o obsessor" e escrachou a criatura, que em represália a chamou de "espiritinha". Mas ao adentrar a Casa ela voltou ao "normal" e até participou da reunião mediúnica. Somente ao retornar para casa é que foi fazer o exame da situação...
Iva ressaltou a consciência limitada antes de conhecer a Doutrina Espírita, quando então começou a agir mais responsavelmente, especialmente nas relações profissionais, aprendendo a se conter e ser mais moderada. Já Egnaldo observou que as reações instintivas dependem das situações criadas e recordou uma faceta do caráter de Judas relacionada no texto do EADE: a amorosidade desse apóstolo, o que levou nosso companheiro a dizer que sonhar é preciso. Aproveitando que Roberto voltara a falar da simbologia do heijo, Jaciara referiu-se aos beijos das crianças, que são espontâneos, sinceros e, por isso mesmo, reais, ao contrário do modo como os adultos se beijam socialmente... Carminha, por sua vez, considerou que nos traímos mutuamente e a nós próprios o tempo todo. de maneira que condenamos Judas hipocritamente. "Somos imediatistas e temos de reconhecer que também somos Judas", completou.




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