segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Desgarramentos
Com a ausência de Egnaldo, os componentes da equipe "Diálogo" - Fernanda, Quito e Edward - desenvolveram um bom trabalho sobre o tema "A ovelha desgarrada" no último sábado, 31 de julho, para o grupo composto por Marilene, Waldelice, Iva, Faraildes, Roberto, Railza, Cláudia, Carminha Sampaio, Lígia, Regina, Isabel e Ormalinda. A Coordenação fez-se representar por Francisco Muniz.
Dada a insuficiência numérica, optou-se pelo diálogo em duplas - trios em alguns casos.
Depois da leitura da passagem evangélica (Mt 18:12), cada dupla (ou trio) passou a se ocupar de uma destas questões:
1 - Quem me salva dos meus desgarramentos?
2 - Em quais momentos da minha vida encontro-me como uma ovelha desgarrada?
3 - De que maneira o Pastor tem me encontrado? Rebelde? Submisso? Arrependido?
4 - Como me sinto carregado nos braços do Pastor?
5 - Como me sinto de volta ao meu rebanho?
Após a primeira partilha, distribuiu-se o texto abaixo:
A Ovelha Desgarrada
O homem sempre conviveu com o dogma das penas eternas. As interpretações bíblicas falam que haverá um Juízo Final, quando Deus vai separar o joio do trigo e aqueles que forem condenados irão para o inferno onde haverá choro e ranger de dentes e estarão submetidos ao fogo eterno. Durante a Idade Média, este pensamento se fortificou e várias obras de arte e literárias, como por exemplo a Divina Comédia de Dante, o traduziram em imagens; era, ainda, o reflexo da idéia de um Deus vingativo e rancoroso que castigava, eternamente, os homens que não se submetiam a sua vontade.
Porém, Jesus trouxe a imagem de um Deus que era Pai, amoroso, misericordioso que não queria a morte do pecador, mas a extinção do pecado; o Mestre ensinou, constantemente, aos que o seguiam, que sempre é dada uma oportunidade de reconstrução aos que se desencaminharam.
A parábola da Ovelha Desgarrada é um ensinamento contra o dogma das “penas eternas do inferno”. Cairbar Schutel explica que, através dela, Jesus deixa bem claro que ele não poderia ser representante de um Deus que, proclamando o amor e a necessidade indispensável do perdão, impusesse aos seus filhos castigos infindáveis, eternos. As almas transviadas não ficarão perdidas no labirinto das paixões, nem nas furnas onde crescem as dificuldades; como a ovelha desgarrada, elas serão procuradas, ainda mesmo que seja preciso deixar de cuidar daquelas que atingiram já uma altura considerável; ainda mesmo que as noventa e nove ovelhas fiquem estacionadas em um local do monte, os encarregados do rebanho sairão a campo à procura da que se perdeu. Jesus reafirma esta posição em outras passagens evangélicas como na parábola do Filho Pródigo, na qual o pai celebra, com alegria e festa, o retorno do filho que havia partido em busca de aventuras, o filho que julgava perdido e foi encontrado; quando os fariseus lhe apresentaram a mulher adúltera para que fosse apedrejada, ele não a condenou, mas aconselhou que ela se fosse e não tornasse a pecar.
Pastorino, no livro Sabedoria do Evangelho, afirma, também, que na parábola da Ovelha Desgarrada, Jesus nos mostra a missão daqueles que detêm o conhecimento das coisas do Pai. Eles vêm para servir, sacrificando-se na busca dos que se desencaminharam; e quão grande é a sua alegria quando encontram o irmão perdido e voltam com ele ao caminho rumo ao Criador. Quando o Cristo dizia: “Não vim chamar os justos, mas os desencaminhados à mudança da mente”, explicava porque andava com os excluídos e aqueles que eram mal vistos pela sociedade dominante da época.
A doutrina espírita veio ratificar o pensamento do Cristo e o demonstra através do seu tríplice aspecto: a razão mostra que as penas eternas são imcompatíveis com a justiça infinita de Deus, é a prova filosófica; o depoimento dos espíritos constitui indício material (empírico) de que eles não sofrem eternamente, mas são trazidos a se reabilitar em experiência carnal, é a prova científica; a fé racional torna inabalável a esperança no bem de cada criatura, e nos dá confiança de que se este bem não se mostra agora, se mostrará mais tarde. Assim o coração é consolado na certeza de que os entes queridos irão se redimir, cedo ou tarde, de suas falhas. O sentimento de separação de bons e maus dá lugar ao sentimento de união entre todos os seres da criação, e esta é a prova religiosa.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIV, HONRAI A VOSSO PAI E A VOSSA MÃE, em Instruções dos Espíritos do item 9, Ingratidão dos filhos e laços de família, existe o parágrafo dizendo que Deus não faz a prova acima das forças daquele que a pede; não permite senão aquelas que podem ser cumpridas; se não se triunfa, não é, pois, a possibilidade que falta, mas a vontade, porque quantos há que em lugar de resistir aos maus arrastamentos, neles se comprazem; a estes estão reservados os prantos e os gemidos em suas existências posteriores; mas admirai a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Chega um dia em que o culpado está cansado de sofrer, em que seu orgulho está enfim domado, e é então que Deus abre seus braços paternais ao filho pródigo que se lhe lança aos pés. As fortes provas, entendei-me bem, são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando são aceitas por amor a Deus. É um momento supremo, e nele, sobretudo, importa não falir murmurando, se não se quer perder-lhe o fruto e ter de recomeçar. Em lugar de vos lamentardes, agradecei a Deus que vos oferece ocasião de vencer para vos dar o prêmio da vitória. Então quando saídos do turbilhão do mundo terrestre, entrardes no mundo dos Espíritos, nele sereis aclamados como o soldado que sai vitorioso do meio do combate.
Referências:
Kardec, Allan. Evangelho Segundo o Espiritismo. Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo.
Sabedoria do Evangelho – Carlos Pastorino
Parábolas e Ensinos de Jesus – Cairbar Schutel
Humberto Schubert Coelho – O Problema das Penas Eternas: Revista Presença Espírita – nº 256.
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