segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Correção de rumos

Com a participação de uma recém-chegada, Valclísia, o trabalho do dia 14 começou, como nas últimas vezes, com um número reduzido de pessoas. Presentes estavam as representantes da equipe "Anjos" - Cláudia, Iva e Magali (depois chegaria Valquíria) -, Faraildes, Robrto, Edward, Fernanda, Regina, Carminha Sampaio, Carminha Brandão e Marilda, mais os coordenadores Francisco e Creuza. Durante e após a prece chegaram Egnaldo, Waldelice, Lígia e a coordenadora Maria Luiza e o companheiro Fernando mais Ormalinda.
Os subgrupos, divididos conforme a possibilidade, formaram assim:
1 - Roberto, Valclísa, Marilda e Carminha Brandão;
2 - Edward, Egnaldo, Fernanda, Fernando e Regina;
3 - Carminha Sampaio, Waldelice, Lígia e Faraildes.

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Foram distribuídos o texto da passagem evangélica referente à correção fraterna" (Mt 18:15) para reflexão e em seguida as questões para comentários nos subgrupos:
1 - Nas suas convivências você corrige ou repreende? Qual a diferença?
2 - Diante do que Jesus nos diz a respeito da correção fraterna, como você age em semelhante situação no Grupo Jesus de Nazaré, na família e quais sentimentos você exercita diante dos relacionamentos difíceis?
3 - A arte de ouvir é também a ciência de ajudar. Você tem sido um bom ouvinte ou espera alcançar o objetivo pelo muito falar?
4 - Você se sente melhor corrigindo ou sendo corrigido?

Iniciada a partilha, usaram a palavra Egnaldo, Edward, Roberto, Marilda e Fernando, que citou o caso da iraniana Sakineh, condenada à morte por apedrejamento dois mil anos após Jesus ter liberado a mulher adúltera, corrigindo-a fraternalmente dizendo que não pecasse mais.
Regina, por sua vez, referiu-se aos pilares do diálogo exortados desde o início das atividades do grupo neste ano. Segundo ela, aquele que corrige deve ser assertivo, empático e alteritário. É preciso ainda, disse, ter cuidado com as manifestações do melindre, para que a correção não se transforme em repreensão.
Também fizeram comentários Valquíria, Carminha Sampaio, Creuza e Valclísia, cujo depoimento mostrou na prática o que o grupo estudava em teoria.

Depois distribuíram-se os textos abaixo e encerrou-se a reunião com o comentário da Coordenação, segundo o qual o objetivo da correção fraterna, tal como a expôs o Cristo, é a formação de vínculos de amizade e assim termos condições de apontar rumos seguro uns aos outros.

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Quando alguém nos ataca, nos afronta vampirizando-nos, plantando-nos dúvidas nos nossos corações, demonstra que ainda é criança. Pode ter vivido muito, mas não cresceu, não aprendeu o que devia. Ainda não descobriu os gestos ternos, as palavras doces, as expressões carinhosas, os pensamentos bons e sinceros. Atitudes transparentes são como pedras preciosas, dão brilho à vida, tanto para quem as emite como para quem as ouve e as recebem, elas vão construir a harmonia dos relacionamentos, da boa convivência como Jesus nos assevera na correção fraterna. Nenhum de nós tem o direito de se omitir diante dos erros das pessoas com quem nós convivemos e nos relacionamos. Pelo contrário, somos convidados por Deus a nos manifestar com amor para esclarecer certas situações. A prudência se alia ao amor, ao zelo. Jesus nos seus ensinamentos nos dá vários exemplos de como devemos nos comportar diante de um ataque, de uma ofensa. Nos diz que devemos amar no silêncio do coração, ter sentimentos bons , evocar o diálogo com boas palavras, para que os desentendimentos que por acaso se instalem sejam corrigidos aqui mesmo. É quase sempre a verbalização das nossas emoções, sentimentos e desejos que vão provocar a desarmonia entre pessoas. O não perdão vem do orgulho, dos julgamentos apressados por não saber ouvir, e as palavras duras, ofensivas, agem como se fossem espadas afiadas que penetram no coração de quem as ouve.
É sempre difícil e muito delicado estabelecer uma convivência harmoniosa entre pessoas que pensam diferente, que têm posturas diferenciadas diante da vida, assim como formas de pensar, agir, de relacionamento e de ver o mundo. Isso gera um distanciamento, pois essas diferenças acabam provocando no decorrer do tempo um desgaste na convivência, gerando conflitos e intrigas.
Quando Jesus nos aconselha a desfazer os sentimentos de raiva, ódio e cólera, Ele nos aconselha a nos conservar em estado de pacificação. Escutar o outro com pensamentos de naturalidade, para que se desligue a violência, para serem também desligados esses pensamentos e emoções do outro, para que as desavenças não se perpetuem além do túmulo. Quando convidados a opinar, devemos nos expressar com bondade sobre aquilo que deduzimos, buscando sempre ajudar, nunca aumentar o peso das preocupações acusando, seja quem for, ou estimulando a consciência de culpa.
A correção fraterna está muito ligada à ideia que temos de Deus. Se o imaginamos um Deus descomprometido com a humanidade, facilmente agimos de forma descomprometida com os irmãos, com a realidade. Antes de corrigir nosso irmão, é bom olhar para nós mesmos. Nesse olhar observamos se o que estamos corrigindo nele não é algo a ser corrigido em nós, nisso funciona a humildade de, junto com ele, mudar nosso jeito de agir. A correção fraterna inicia-se na família e não significa xingação ou gritaria por parte dos pais contra os filhos ou entre marido e mulher. A Correção Fraterna nos recorda o papel do diálogo como "construtor de pontes", "destruidor de barreiras", "aplainador de caminhos" para a harmonia da unidade na diversidade. Não há correção fraterna sem diálogo. O diálogo nos impõe o exercício de verdadeira ascese, de renúncia de si.
“A correção fraterna auxilia a convivência” (Tiago). A correção nos leva a auxiliar o irmão que erra para que ele retome o caminho certo, ajudando as pessoas a superar suas fraquezas e crescer em todos os sentidos.
Por esses ensinamentos morais Jesus estabeleceu como lei a doçura, a moderação, a mansidão, a afabilidade e a paciência para com os semelhantes. Como psicoterapeuta excelente, ouvia com respeito para responder com segurança.
Ouve, portanto, conforme gostarias que escutassem, caso sejas aquele que deva expor.
Que o Senhor nos ensine essa difícil forma de amar que sabe corrigir sem desencorajar, avaliar sem ofender, repreender sem humilhar ou excluir.


• O ESE (A. Kardec)
• A Bíblia de Jerusalém
• Conviver e Melhorar
• Artigo – Saber Ouvir de Joanna de Ângelis

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A PALAVRA

Uma senhora que se reconhecia dominada pelo vício da maledicência, procurou, certa vez, seu orientador
espiritual, buscando aconselhar-se sobre a maneira de conseguir a remissão de seus muitos erros.
O velho homem, sábio e experiente, refletiu por alguns momentos, respondendo- lhe afinal:
- Olhe, inicialmente, a senhora irá encher um grande saco com plumas. Em seguida, aguardará um dia de vento forte e, então, subirá com ele aquele morro, que é o ponto mais alto da cidade e, de lá, espalhará as penas ao vento.
A senhora saiu, então, bastante satisfeita e esperançosa, começando imediatamente a trabalhar no cumprimento da tarefa que lhe fora aconselhada.
Finalmente, num dia de ventania, ela se dirigiu ao local indicado, despejando dali as plumas que num instante desapareceram, levadas pelo vento.
Muito feliz, voltou ela ao seu orientador, contando-lhe que fizera tudo como lhe fora aconselhado e
perguntando-lhe pressurosa:
- O senhor pensa então que agora estarei perdoada?
- Oh! Não! - disse-lhe ele.- Esta foi apenas a primeira parte da tarefa. Agora, a senhora deverá voltar ao mesmo ponto e recolher todas as penas, colocando-as novamente no saco.
Muitíssimo assustada, ela retrucou:
- Mas isto me é totalmente impossível! Eu vi as plumas espalharem- se por todos os lados, desaparecendo, levadas pelo vento. Não posso saber onde elas estão. Uma ou outra talvez eu ainda consiga recolher, mas o saco todo é impossível! O senhor me exige uma coisa totalmente absurda!
Serenamente, o sábio respondeu:
- O mesmo acontece com as más palavras que vamos pronunciando imprudente e invigilantemente aqui e ali. Elas se propagam de mente em mente e, de boca em boca, voam para longe. Às vezes, muito distante de nós estarão a produzir maus efeitos dos quais nada sabemos mas que, no entanto, nos estarão sendo debitados. O melhor que a senhora tem agora a fazer, já que na maior parte das vezes não tem mais controle sobre os efeitos nocivos de suas palavras imprudentes, é ter mais cuidado com sua fala para que não encontre depois, na conta de sua vida, débitos muito pesados, cuja origem a senhora nem imagina.

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