domingo, 18 de julho de 2010

Necessidade de aprimoramento

Com a ausência de Creuza, ocupada com suas responsabilidades perante a FEEB, o trabalho do "Jesus de Nazaré" realizado no sábado, 17 de julho, foi conduzido pela equipe MR, composta por Railza, Regina, Marilene e Marilda. Compareceram Fernanda, Fernando, Quito, Bonfim, Eliene, Iva, Faraildes, Valquíria, Egnaldo, Isabel, Roberto, Carminha Brandão, Cláudia, Magali, Waldelice e Edward, além dos coordenadores Chico e Maria Luiza.
Para desenvolver o trabalho sobre o tema "O escândalo" (conf. Mt 18:6-10), a equipe iniciou lembrando o mito de Eco, a deusa que usou suas qualidades para enganar Hera e alimentar os desvios extraconjugais de Zeus, atraindo sérias consequências para seus atos. Depois, solicitou que os presentes andassem pela sala embalados pela música suave, tendo preso às costas um cartão no qual um companheiro, a um sinal, deveria escrever uma qualidade positiva observada na pessoa e outra que julgasse dever ser aprimorada.
Fizeram assim durante três rodadas e por fim sentaram-se para partilhar com um colega a opinião do grupo a seu respeito, procurando também responder a estas indagações: 1 - Quando promovo o escândalo?; e 2 - Quem dos pequeninos de Jesus sofre com meu desprezo e indiferença?
Finda essa etapa, todos receberam o texto transcrito abaixo para reflexão, referenciado na Bíblia de Jerusalém, no Minidicionário Compacto de Mitologia Grega (ed. Rideel), na obra de Carlos Torres Pastorino "Sabedoria do Evangelho" (6. vol) e no livro de Adalberto de Paula Barreto "Terapia comunitária - passo a passo", após o que abriu-se a partilha.

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"O vocábulo escândalo, que significa "pedra de tropeço", "armadilha para fazer alguém cair" ou "provocar a queda/escandalizar", aparece várias vezes no Novo Testamento. Em uma epístola aos Coríntios, refletindo sobre o que comer ou não, Paulo faz a seguinte observação: "(...) Por isso, se a comida serve de pedra de tropeço a um irmão, jamais comerei carne, para que não sirva de pedra de tropeço para meu irmão" (1.ª Cor. 8:4,8,13).
O exemplo de Paulo parece ingênuo, mas compreendemos que essa "pedra de tropeço" ou esse "escândalo" não se limita a ver ou admirar, mas o afrouxar a vigilância e imitar o ato, embora a consciência do escandalizado o condene por isso. O que torna má e prejudicial uma ação não é a ação em si, mas o como nossa consciência o julga. Se acreditamos que ingerir bebida alcoólica ou fumar não seja "pecado", mas o vizinho ao lado julga que seja, diante dele evitemos esses atos para não induzi-lo a imitar-nos e, depois, ficar com a consciência pesada. O sofrimento de desse fato lhe adviesse seria causado por nós. Como seres responsáveis, responderíamos por todas as consequências decorrentes de um ato que talvez, para nós, não tivesse representado nada ou quase nada.
Vale salientar o caráter sistêmico das relações: estamos interligados como numa teia. Cotidianamente, somos influenciados e influenciamos. A partir de uma atitude positiva forma-se uma cadeia positiva que, como num "efeito dominó", estende-se ad infinitum. Assim, na impossibilidade de evitar o escândalo, saibamos administrar as crises e os problemas causados por ele, conscientes de que todo o bem ou mal que acontece ao outro repercute em nós.
O pensamento sistêmico nos diz que as crises e os problemas só podem ser entendidos e resolvidos se os percebermos como partes integradas de uma rede complexa, cheia de ramificações que ligam e relacionam as pessoas num todo que envolve o corpo físico, o aspecto psicológico e a sociedade. Tudo está interligado e cada parte depende da outra. Somos um todo em que cada parte influencia e interfere na outra. Precisamos estar conscientes da globalidade em que estamos inseridos, sem perder de vista a relação entre as várias partes do conjunto a que pertencemos, pra vivenciarmos plenamento a noção de co-responsabildiade.
Exercitarmos a empatia evita causar males e atrasos aos companheiros de jornada terrena e recebermos pelo "choque do retorno" toda a carga que jogarmos sobre eles.
Reflitamos, agora, sobre o enfático conselho que comparativamente nos é dado: seria melhor o suicídio por afogamento que a provocação do escândalo (entre os israelitas, o afogamento era suplício inaceitável, porque privava a vítima de sepultura). O escândalo que induz ao mal na armadilha que preparamos escondendo um perigo traz resultados danosos aos outros, multiplicando nossa responsabilidade pelo número de pessoas que desviamos do caminho com nosso exemplo ou nossas palavras. Sofremos a dor de nosso erro e do carma dos erros de todos os que fizemos sair da estrada certa, numa reação em cadeia incalculável e imprevisível. A ignorância poderá atenuar, mas o peso será toral se o fizermos conscientemente, quer motivados por espíritos de maldade, só pra prejudicar, quer levados por orgulho ou pela vaidade ferida.

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Comparamos as amputações da mão, do pé e da extração do olho com o significado do suicídio. Agredindo o corpo denso, amputando membros que acreditamos nos atrapalhem a evolução não evitaremos a "queda", porque as perturbações estão no espírito.
As correções devem ser feitas no corpo astral antes da reencarnação. COm efeito, "é melhor entrar na vida" - isto é, na vida física da matéria densa - coxo, manco ou cego de um olho que nascer aqui perfeito e ser lançado na "geena" dos vícios e das lutas que tanto nos fazem sofrer. Sim, porque ninguém poderia supor que essa "vida" de que fala Jesus fosse o "céu". Que adiantaria ficar nesse céu mitológico na condição de coxo, cego ou manco, se: 1 - lá não haveria mais perigo de cair; 2 - lá tudo é perfeito; 3 - lá não se produzem mais escândalos?"

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