segunda-feira, 12 de julho de 2010

Descontentamento

Os discípulos andavam descontentes. Jesus já havia anunciado que não ficaria muito tempo entre eles e era preciso, então, que fosse apontado um substituto, alguém que liderasse o colégio apostolar e se encarregasse de manter o movimento iniciado pelo Messias. Mas quem? Quem reuniria as qualidades necessárias ao empreendimento? E assim as discussões ganhavam corpo até que o Cristo os reuniu e recebeu deles a indagação sobre quem seria o maior no Reino dos Céus, ou Reino de Deus.
Em resposta, o Mestre abraça uma criança e a aponta como modelo comportamental para se ter acesso ao Reino de Deus: é preciso ser pequeno como uma criança. Ou seja: é preciso ter a estatura moral de uma criança, que simbolicamente representa a pureza de coração. Pois não havia dito Jesus, no Sermão do Monte, que são bem-aventurados aqueles de coração puro porque verão a Deus? Também não se referiu Ele aos pobres de espírito como os que detêm o Reino dos Céus?
Eis a lição da simplicidade, portanto, a indicar sobre a grandeza que melhor agrada a Deus. Mas como alcançar essa condição? O próprio Jesus aponta o caminho. Seus discípulos notavam a predileção do Mestre por Pedro e com isso surgiam a inveja e o ciúme, afinal, entendiam, havia gente mais qualificada, mais competente que o pescador que dava abrigo ao Messias em Cafarnaum. E o que era isso de sobre Pedro Jesus construir sua igreja?
Quando os homens usarem como regra de comportamento ensinos como a Regra de Ouro, "e como base de suas instituições, compreenderão a verdadeira fraternidade e ferão reinar entre eles a paz e a justiça; não haverá mais ódios nem divergências de opiniões, mas união, concórdia e benevolência mútua".

***

Com esse texto, baseado em Carlos Torres Pastorino (Sabedoria do Evangelho) e Allan kardec (O Evangelho Segundo o Espiritismo), desenvolveu-se o trabalho do último sábado no "Jesus de Nazaré", com uma participação reduzida de membros do grupo, o que causou alguma dificuldade na formação dos subgrupos - muitos dos que estavam no trabalho anterior não compareceram. Ficamos assim:
Subgrupo 1 - Regina, Marilene e Valquíria;
2 - Roberto, Egnaldo, Fernanda e Edward;
3 - Fernando, Vaneska, Simão e Carminha Brandão;
4 - Isabel, Carminha Sampaio, Lígia e Waldelice.

Lida a passagem evangélica (Mateus 18:1), distribuíram-se cópias do texto-base com a consigna para reflexão, conforme o roteiro previamente estabelecido ("Quando é que somos discípulos descontentes, pretendendo ter autoridade sobre os outros, desrespeitando critérios e regulamentos do trabalho que somos chamados a realizar?"). Passado o tempo do diálogo, iniciou-se a partilha, quando se falou da necessidade de se vencer o egoísmo, da luta contra o orgulho, da capacidade de amar e fazer-se amado, tornando-nos como crianças, até que a coordenadora Creuza Lage tomou a palavra.
Segundo ela, o descontentamento nasce das frustrações quanto aos desejos e expectativas, quando se projeta no outro a visão quanto à própria competência; somos, nessa condição, literalmente os donos da verdade, lembrando a raposa da fábula de La Fontaine que, por não alcançar as uvas reclamou que estavam verdes; ou seja, quando não conseguimos o objeto desejado tendemos a desqualificar o outro no que ele é ou no que tem. Com nossas paixões, tiramos do outro a pureza e a espontaneidade, posto que tais qualidades nos faltam.

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