Quase todo o contingente do Grupo de Estudo Jesus de Nazaré esteve presente ao encontro confraternativo realizado na residência do casal Fernando e Maria Luiza, nossa já conhecida "Mansão Mascarenhas". Além deste Coordenador-escriba e sua cara metade, Beatriz, marcaram presença as duas Carminhas - a Sampaio e a Brandão -, o casal Egnaldo e Valquíria - que levaram o filho Júnior e o neto Guilherme -, Regina, Cláudia, Cristiane, Iva, Waldelice, Eliete, Railza, Marilda, Lígia, Jaciara - acompanhada da filha e dos dois netos - Isabel e Magali. Foram momentos de descontração, mas de gratidão pelo ano de aprendizado, de conquistas, de grandes desafios para muitos de nós.
Mas foi também uma oportunidade de se ampliar as reflexões acerca do momento delicado que a Humanidade e o planeta atravessam. Nesse sentido, ganhou destaque, durante o encontro, a leitura realizada por Fernando de significativo trecho do sétimo capítulo do livro mediúnico Futuro Espiritual da Terra, ditado pelo Espírito André Luiz ao médium Samuel Gomes. De acordo com o autor, "as necessidades, as estruturas perispirituais e neuropsíquicas, o trabalho, o tempo, as características sociais e os próprios recursos de natureza material se tornarão bem mais sutis. O que chamamos de regeneração é exatamente essa mutação de realidades dos mundos que saem de protótipos materiais para os de condições espirituais". E, segundo Fernando, o teor da obra coaduna com as recentes proclamações feitas pelo Benfeitor Bezerra de Menezes através da psicofonia do médium e tribuno baiano Divaldo Pereira Franco.
Neste sábado, dia 16 de dezembro, o "Jesus de Nazaré" fará uma visita fraterna ao assistidos do Naspec, localizado no fim de linha do Engelho Velho de Brotas. Naspec é a sigla para o Núcleo de Assistência às Pessoas com Câncer, entidade criada pela administradora Romilza Medrado para abrigar os portadores dessa enfermidade que vêm do interior do Estado para fazer tratamento em Salvador. A foto abaixo registra uma das últimas visitas que o Grupo realizou àquela instituição, ocasião em que interagimos com os pacientes presentes - a maioria aproveita o fim de semana para voltar a seus lugares de origem -, partilhando com eles parte do aprendizado com o Evangelho de Jesus, especialmente no que diz respeito a "fazer ao próximo o que desejaríamos que o próximo nos fizesse".
Por sugestão de Isabel, que não pode comparecer ao trabalho deste sábado, 9 de dezembro, a avaliação com que encerramos o ano letivo constou de quatro momentos distintos e complementares. O primeiro foi o conhecimento das duas consignas norteadoras da atividade - 1. O que mais me deixou satisfeito no aprendizado com o "Jesus de Nazaré" em 2017? e 2. O que eu acho que não deve se repetir ou precisa ser modificado? Já o segundo momento consistiu em cada participante trocar impressões com outro companheiro, formando duplas (houve um trio), abrindo-se em seguida a partilha grupal (terceiro momento). Desse trabalho participaram, além deste Coordenador, Carminha Sampaio, Cláudia, Eliete, Fernando, Egnaldo, Luiza, Railza, Iva, Marilene, Nilza, Carminha Brandão, Augusta, Valquíria, Magali, Waldelice, Cristiane e Regina, que retornava ao convívio do Grupo.
Aberta a partilha, Egnaldo, pedindo a palavra, considerou que (1) a convivência e a solidariedade ofereceram "excelsa oportunidade que me deixou feliz, como sempre"; para ele, (2) não foi muito bom o "excesso de confiança": "Não é bom agir assim", disse, acrescentando que, nisso, devemos melhorar. Falando em seguida, Eliete explicou sua ausência do grupo "por muitos anos", devido à doença que a combaliu, e revelou que o aprendizado recebido "é em todos os sentidos da Doutrina"; segundo ela, a convivência com os companheiros é o diferencial: "Porque vivo muito isolada, então faça desta Casa a minha casa; aqui só tive aprendizado".
Carminha Sampaio, por sua vez, destacou os trabalhos apresentados ao longo do ano e o aprendizado advindo de cada um deles - "muito bons", disse ela, considerando a convivência como fator primordial: "O Jesus de Nazaré é algo intenso em minha vida, é minha família", salientou, acrescentando que o grupo é o local onde se abre e lava a alma; a companheira viu na pouca motivação de alguns companheiros o ponto destoante neste ano, além do pouco compromisso com o horário das atividades; além de mais, ela acredita que "devemos enfatizar mais a parte social", referindo-se às visitas fraternas.
A interação do grupo e a vivência da noção de família - "com tapas e beijos, mas com muito amor" - foram observadas por Marilene, também destacando as reflexões motivadas pelo trabalhos realizados; o ponto negativo, segundo ela, continua sendo "nossa indisciplina, que deve ser trabalhada". Para Railza, a virtude do "Jesus de Nazaré" é "a liberdade de dizer nossas verdades - [aqui] digo todas as loucuras do mundo, o que não faço em outros lugares; aqui tiramos as máscaras, dando o que a gente sente"; ela contestou o fato de sermos um grupo carente de disciplina: "Não somos indisciplinados", disse, "somos pueris, e nossa criança interna é pulsante"; esta companheira recordou que no início do ano uma colega, ausente, havia desrespeitado um dos integrantes mais antigos do grupo, afirmando não ter gostado dessa atitude.
Em seguida, Iva ressaltou "o sucesso de minha apresentação" [sobre a família Zebedeu], acrescentando ter aprendido muito nas aulas sobre os ensinos de Jesus, assim como com as falas íntimas dos demais companheiros; para ela, o desequilíbrio em forma de indisciplina deu o tom negativo do grupo, acrescentando ainda "os maus pensamentos, a falta de respeito aos colegas e a si mesmo", atitudes que, disse ela, precisam ser modificadas. Por fim, Cláudia afirmou ver todos os acontecimentos no âmbito do "Jesus de Nazaré" como "uma terapia", retirando aprendizado de cada lição, encontrando "coisas em que jamais havia pensado"; ela é de opinião que as diferenças pessoais devem ser superadas: "Aqui, só o que se relaciona ao grupo".
Depois dos comentários, a Coordenação distribuiu mais papel e pediu a todos que escrevessem mensagens de estímulo assinadas mas sem indicar o destinatário. Reunidas, essas mensagens foram oferecidas aos participantes, que retiraram uma cada um, para em seguida lerem o que se escreveu, passando a agradecer ao autor, num momento de congraçamento. Nesse clima, a atividade foi encerrada. No próximo sábado, dia 16, o grupo voltará a se reunir, desta vez para uma visita fraterna ao Núcleo de Assistência à Pessoa com Câncer (Naspec), retomando uma prática interrompida nos últimos anos.
Esse trecho da música "Happy Xmas", de John Lennon, cuja versão em português, na voz da cantora baiana Simone, costuma penetrar em nossos ouvidos a cada fim de ano, parece dar o mote para a atividade do "Jesus de Nazaré" neste sábado, dia 9 de dezembro, quando a Coordenação procederá a uma avaliação das atividades realizadas ao longo deste ano letivo. Será um momento para os integrantes do Grupo analisarem sua participação, recordando o contrato há tempos firmado, no sentido de trabalhar, além dos conteúdos do Evangelho Segundo o Espiritismo, também as virtudes elencadas como prioridade no "Jesus de Nazaré", quais sejam o equilíbrio e a disciplina. Sugestões sobre temas do estudo e a metodologia a ser aplicada em 2018 também serão bem vindas.
Até lá!
Jaciara teve uma ideia para o trabalho apresentado junto com Marilda no dia 2 deste dezembro e o resultado teve a leveza de uma harmonia musical. O tema era o do tópico 13 do Cap. VII ("Bem-aventurados os pobres de espírito") de O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), intitulado "Missão do homem inteligente na Terra", mensagem do Espírito protetor Ferdinando. Estávamos lá Eliete, Augusta, Isabel, Carminha Sampaio, Carminha Brandão, Egnaldo, Valquíria, Waldelice, Magali, Iva, Marilene, Cláudia, Cristiano, Lígia, Nilza e este escriba/Coordenador, além das duas condutoras da atividade.
Em primeiro lugar, elas procederam à leitura do texto do ESE e distribuíram, em seguida, cópia da bela lição do sexto capítulo do livro Jesus no Lar, na qual o Espírito Neio Lúcio, que a ditou ao médium Chico Xavier, discorre sobre "os instrumentos da perfeição" (ver abaixo). Depois disso, Marilda e Jaciara entregaram a cada participante um pedaço de papel contendo as três consignas (*) do trabalho, pediram que as respondessem primeiramente em duplas, antes de ser aberta a partilha grupal.
(*) As perguntas consignadas foram estas: 1 - De que maneira tenho aproveitado a minha inteligência aqui na Terra?; 2 - Quais os instrumentos de que me utilizo para o desenvolvimento da minha inteligência na presente encarnação?; e 3 - O que ainda me impede de trabalhar para desenvolver minha inteligência?
Chegada a vez dos comentários, Waldelice pediu a palavra e declarou que (1) o faz com muita dificuldade, mas salientou que (2) a oração e os trabalhos que executa na Casa Espírita suavizam a (3) angústia e tristeza quando lhe dizem coisas que não deveriam (por julgar não merecê-las), ressaltando que "ainda não me desapeguei disso". Objetivo, Egnaldo sentenciou: 1 - "Muito pouco, não sou muito inteligente, tenho limitações"; 2 - "a fala, postura corporal, o trabalho profissional"; e 3 - "a preguiça". Marilene citou trecho do texto de Neio Lúcio (Espírito) explicando que isso a ajudou a entender um problema vivenciado no dia anterior; em seguida, ela respondeu às consignas: 1 - "conexão com as leis para processar o aprendizado nos relacionamentos"; 2 - "o julgamento, às vezes, com sentença"; e 3 - "disciplina"; por fim, esta companheira aproveitou para louvar a escolha do texto psicografado por Chico Xavier. Por sua vez, Carminha Sampaio, após também citar um episódio de sua vida pessoal, frisou a dificuldade de entendimento e ofereceu as respostas na ordem das perguntas: 1 - "não aproveito, a não ser no trabalho [espiritual]"; 2 - "o estudo e a vivência"; e 3 - "o marasmo; se não fosse o trabalho espiritual [como expositora da Doutrina] seria pior".
"Sou tida como ignorante por não usar a tecnologia", disse Eliete, referindo-se à sua pouca ou nenhuma familiaridade com aparelhos eletrônicos do porte de computadores e telefones celulares: "Me ofereceram cursos, mas eu não quis", ressaltou, afirmando que, vendo a neta gastar um tempo enorme com um celular, "concluo que tenho lucro"; a companheira também salientou mão gostar de certos programas de TV ou filmes: "Meu computador é Jesus, é Deus", salientou, acrescentando que "não falo mal de ninguém e não ouço o que falam de mal". Valquíria referiu sua atividade profissional como tem aproveitado a própria inteligência, vendo o segundo ponto nas pessoas junto às quais nasceu, "responsáveis por meu aprendizado espiritual, por perceber o outro nessas pessoas e desenvolver meu compromisso com elas"; por fim, ela ressaltou encaixar-se "em tudo quanto tenho pedido em toda a minha vida". Augusta, por sua vez, indicou que "a família, apesar de tudo, é o centro da vida na Terra"; ela destacou trecho da mensagem de Neio Lúcio em que este Espírito fala da ajuda aos irmãos e concluiu que "vivemos para resgatar [os erros do passado] e evoluir".
Também Iva respondeu com objetividade, apontando os ensinos de Jesus no primeiro tópico, que a fazem dar assistência à família, segundo afirmou; o uso das ferramentas tecnológicas, disse, permite comunicar-se com todos e, finalmente, declarou que nada a impede de atuar em prol do desenvolvimento de sua inteligência. No encerramento, as meninas condutoras do trabalho distribuíram a letra da música "O que é, o que é?" (vídeo abaixo), composição de Gonzaguinha, convidando a todos para acompanhar a melodia.
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Os instrumentos da perfeição
Naquela noite, Simão Pedro trazia à conversação o espírito ralado por extremo desgosto. Agastara-se com parentes descriteriosos e rudes. Velho tio acusara-o de dilapidador dos bens da família e um primo ameaçara esbofeteá-lo na via pública. Guardava, por isso, o semblante carregado e austero. Quando o Mestre leu algumas frases dos Sagrados Escritos, o pescador desabafou. Descreveu o conflito com a parentela e Jesus o ouviu em silêncio. Ao término do longo relatório afetivo, indagou o Senhor: — E que fizeste, Simão, ante as arremetidas dos familiares incompreensivos? — Sem dúvida, reagi como devia! — respondeu o apóstolo, veemente. — Coloquei cada um no lugar próprio. Anunciei, sem rebuços, as más qualidades de que são portadores. Meu tio é raro exemplar de sovinice e meu primo é mentiroso contumaz. Provei, perante numerosa assistência, que ambos são hipócritas, e não me arrependi do que fiz. O Mestre refletiu por minutos longos e falou, compassivo: — Pedro, que faz um carpinteiro na construção de uma casa? — Naturalmente, trabalha — redarguiu o interpelado, irritadiço. — Com quê? — tornou o Amigo Celeste, bem-humorado. — Usando ferramentas. Após a resposta breve de Simão, o Cristo continuou: — As pessoas com as quais nascemos e vivemos na Terra são os primeiros e mais importantes instrumentos que recebemos do Pai, para a edificação do Reino do Céu em nós mesmos. Quando falhamos no aproveitamento deles, que constituem elementos de nossa melhoria, é quase impossível triunfar com recursos alheios, porque o Pai nos concede os problemas da vida, de acordo com a nossa capacidade de lhes dar solução. A ave é obrigada a fazer o ninho, mas não se lhe reclama outro serviço. A ovelha dará lã ao pastor; no entanto, ninguém lhe exige o agasalho pronto. Ao homem foram concedidas outras tarefas, quais sejam as do amor e da humildade, na ação inteligente e constante para o bem comum, a fim de que a paz e a felicidade não sejam mitos na Terra. Os parentes próximos, na maioria das vezes, são o martelo ou o serrote que podemos utilizar a benefício da construção do templo vivo e sublime, por intermédio do qual o Céu se manifestará em nossa alma. Enquanto o marceneiro usa as suas ferramentas, por fora, cabe-nos aproveitar as nossas, por dentro. Em todas as ocasiões, o ignorante representa para nós um campo de benemerência espiritual; o mau é desafio que nos põe a bondade à prova; o ingrato é um meio de exercitarmos o perdão; o doente é uma lição à nossa capacidade de socorrer. Aquele que bem se conduz, em nome do Pai, junto de familiares endurecidos ou indiferentes, prepara-se com rapidez para a glória do serviço à Humanidade, porque, se a paciência aprimora a vida, o tempo tudo transforma. Calou-se Jesus e, talvez porque Pedro tivesse ainda os olhos indagadores, acrescentou serenamente: — Se não ajudamos ao necessitado de perto, como auxiliaremos os aflitos, de longe? Se não amamos o irmão que respira conosco os mesmos ares, como nos consagraremos ao Pai que se encontra no Céu? Depois destas perguntas, pairou na modesta sala de Cafarnaum expressivo silêncio que ninguém ousou interromper.