"Em zona montanhosa, numa noite chuvosa de Inverno, caminhavam, através de região deserta, dois velhos amigos, ambos enfermos, cada qual a defender-se, quanto possível, contra os golpes do vento gelado, quando foram surpreendidos por uma criança perdida na estrada. Um deles fixou o miúdo quase desfalecido e, irritadiço, decidiu que a hora exigia cuidado para consigo mesmo, recusando perder tempo a carregar a criança semimorta! O outro, porém, comovido pela desgraça do pequenino, tentou convencê-lo: “Amigo, salvemos esta criança, é nosso irmão perante Deus”! “Não posso! – disse o companheiro endurecido – Sinto-me cansado e doente. Este desconhecido seria um peso funesto para nos! Seríamos retardados, perecendo todos nesta tempestade”! E retomou a sua caminhada a largas passadas.
O outro idoso, porém, escutando apenas o seu bom coração, pegou na criança desmaiada, demorou-se alguns preciosos minutos, aconchegando-o paternalmente ao próprio peito e seguiu com o valioso fardo, embora menos rápido. A chuva gelada caiu, impiedosa, pela noite a dentro, mas ele, protegendo aquela vida alheia das rajadas furiosas do vento, depois de muito tempo atingiu enfim a hospedaria do povoado que buscava.
Com enorme surpresa, porém, não encontrou aí o companheiro que o precedera.
Só no dia seguinte, depois de minuciosa procura e do auxílio de alguns moradores, foi o infeliz viajante encontrado já sem vida, tendo sucumbido ao rigor daquela noite, numa fosso do caminho alagado! Seguindo à pressa e só, no intuito egoísta de se preservar, não resistiu à onda de frio que se fizera violenta e desfaleceu encharcado, sem recursos com que pudesse fazer face ao congelamento, enquanto o companheiro, pelo contrário, recebendo o suave calor da criança que sustentava junto do próprio peito, superou os obstáculos do perigo noturno, guardando-se indene de semelhante fado.
Descobrira o valor do auxílio mútuo! Ajudando ao menino abandonado, ajudara a si mesmo. Avançando com sacrifício para ser útil a mais fraco, conseguira triunfar dos percalços da estrada, alcançando a salvação recíproca.
As mais eloquentes testemunhas de um homem, perante Deus, são as suas próprias obras. Aqueles que amparamos constituam nosso sustentáculo. O coração que socorremos converter-se-á, agora ou mais tarde, em recurso a nosso favor. Ninguém duvide. Um homem sozinho é simplesmente inútil adorno vivo da solidão, mas aquele que coopera em benefício do próximo é credor do auxílio comum.
Ajudando, seremos ajudados.
Dando, receberemos.
Esta é a Lei Divina que sustenta toda a Criação..."
Após a distribuição do texto foram formados três subgrupos e após as primeiras conversas acerca da compreensão da leitura apresentou-se a consigna, na forma desta pergunta: Qual a recompensa do meu egoísmo? Eis algumas opiniões:
Segundo Eliene, a recompensa é a solidão, "porque o egoísmo, para se estender, precisa estar arraigado, quando não me permito ter certas atitudes, sou acumuladora de mim mesma"...
Para Quito, é a culpa, as sombras.
Railza declarou que o resultado de suas manifestações egoísticas é ficar em paz: "Fico muito bem; tenho de olhar para mim primeiro; não sou modelo padrão para ninguém". Após relatar um episódio envolvendo familiares, disse ela que jamais mentiu para os filhos, que sabem de sua condição egóica; no entanto, no momento em que alguém precisa ela está pronta para ajudar.
"A autenticidade", disse Jaciara, salientando que "somos compelidos a ser bonzinhos e fazer caridade, mas há situações em que não me sinto bem na prática da caridade e se eu for altruísta não me sentirei bem depois"...
Valquíria, por sua vez, considerou que o egoísmo possui facetas que nos confundem: "Nós, humanos, temos manifestações egóicas mas não totalmente egoístas, mas cultivamos essas sementes o tempo todo, numa série de atitudes desse porte; vemos o outro em condição de ser ajudado mas colocamos nossas mazelas em primeiro plano, e isto é egoísmo; mas já podemos refletir sobre quanto mal esse tipo de egoísmo vai implicar em nossa evolução".
A recompensa é o prazer, revelou Carminha, afirmando que "quando quero as coisas para mim, é para meu prazer"; ela falou que às vezes pensa em mudar seu comportamento, "mas ainda cultivo esse prazer", esclareceu, acrescentando que ainda nãos abe agir com desprendimento, preferindo as situações prazeirosas, "apesar dos conflitos de consciência".
De seu lado, Regina acusou a ingratidão: "Tenho feito o caminho contrário (ao da ingratidão); preciso agradecer a todos pelo sucesso de minha cura", disse, referindo-se à enfermidade que a acometera nos dois últimos anos.
Marilda, demonstrando sobriedade em suas reflexões, ressaltou que "já percebemos o que não faz bem ao espírito, como o egoísmo", salientando que o que realmente dá prazer é outra coisa; "quando somos injustos com alguém e promovemos algum mal ao outro estamos sendo egoístas", disse, antes de relatar um episódio familiar recente, quando viu-se necessitada de mudar seu comportamento habitual...
Acalentando seu filho João Francisco, Luciana declarou que, para ela, em seu caso pessoal, o egoísmo correspondia mais a preservação, ao cuidado consigo mesma em função das responsabilidades assumidas, perante as quais era preciso tomar decisões importantes.
Iva afirmou já ter passado por várias situações de abandono, indiferença e desapego (!), o bastante para reflexionar acerca do egoísmo. O agradável, disse, é que "observamos o quanto somos egoístas", apontando em si mesma a condição de "controladora" junto aos familiares. No entanto, "vários acontecimentos na vida permitem minha reeducação de pessoa egoísta", completou, frisando que "as pessoas não estão preparadas para a superproteção egoística e agindo assim caímos na insensatez".
Falando em seguida, Waldelice observou que egoísmo é quando pode ajudar, tendo condições para tanto, e se põe em primeiro lugar. Para exemplificar, ela contou um episódio envolvendo alguém que lhe presta serviço ocasionalmente, situação essa que permitiu-lhe avaliar a própria consciência e perceber de que maneira se comporta.
Edward Jr. comentou ser essa uma questão bem delicada, pois quando está "na paz" está tudo "legal", mas depois vem a sombra acusar o deslize... e dói a consciência, disse, aproveitando para contar uma história metafórica sobre a relação de um pai com seu filho iludido pela riqueza e pelas facilidades da vida material.
Coube a Fernanda encerrar a partilha, comentando que "a curto prazo a recompensa (do egoísmo) é positiva, mas depois vem a conta e hoje é o dia do pagamento"; ela disse também não sentir prazer em ser egoísta, pois esse prazer vem em detrimento do bem-estar de outrem, de modo que "o aguilhão da consciência me diz que não estou agindo bem no relacionamento com o outro".
A recompensa é o prazer, revelou Carminha, afirmando que "quando quero as coisas para mim, é para meu prazer"; ela falou que às vezes pensa em mudar seu comportamento, "mas ainda cultivo esse prazer", esclareceu, acrescentando que ainda nãos abe agir com desprendimento, preferindo as situações prazeirosas, "apesar dos conflitos de consciência".
De seu lado, Regina acusou a ingratidão: "Tenho feito o caminho contrário (ao da ingratidão); preciso agradecer a todos pelo sucesso de minha cura", disse, referindo-se à enfermidade que a acometera nos dois últimos anos.
Marilda, demonstrando sobriedade em suas reflexões, ressaltou que "já percebemos o que não faz bem ao espírito, como o egoísmo", salientando que o que realmente dá prazer é outra coisa; "quando somos injustos com alguém e promovemos algum mal ao outro estamos sendo egoístas", disse, antes de relatar um episódio familiar recente, quando viu-se necessitada de mudar seu comportamento habitual...
Acalentando seu filho João Francisco, Luciana declarou que, para ela, em seu caso pessoal, o egoísmo correspondia mais a preservação, ao cuidado consigo mesma em função das responsabilidades assumidas, perante as quais era preciso tomar decisões importantes.
Iva afirmou já ter passado por várias situações de abandono, indiferença e desapego (!), o bastante para reflexionar acerca do egoísmo. O agradável, disse, é que "observamos o quanto somos egoístas", apontando em si mesma a condição de "controladora" junto aos familiares. No entanto, "vários acontecimentos na vida permitem minha reeducação de pessoa egoísta", completou, frisando que "as pessoas não estão preparadas para a superproteção egoística e agindo assim caímos na insensatez".
Falando em seguida, Waldelice observou que egoísmo é quando pode ajudar, tendo condições para tanto, e se põe em primeiro lugar. Para exemplificar, ela contou um episódio envolvendo alguém que lhe presta serviço ocasionalmente, situação essa que permitiu-lhe avaliar a própria consciência e perceber de que maneira se comporta.
Edward Jr. comentou ser essa uma questão bem delicada, pois quando está "na paz" está tudo "legal", mas depois vem a sombra acusar o deslize... e dói a consciência, disse, aproveitando para contar uma história metafórica sobre a relação de um pai com seu filho iludido pela riqueza e pelas facilidades da vida material.
Coube a Fernanda encerrar a partilha, comentando que "a curto prazo a recompensa (do egoísmo) é positiva, mas depois vem a conta e hoje é o dia do pagamento"; ela disse também não sentir prazer em ser egoísta, pois esse prazer vem em detrimento do bem-estar de outrem, de modo que "o aguilhão da consciência me diz que não estou agindo bem no relacionamento com o outro".